domingo, março 27, 2005

Um Coração Congelado Dentro de Um Saco Plástico ou Uma Vida Sem Expectativas

A coisa toda tinha gosto de reencontro, ela nunca esquece quem a impressiona à primeira vista, seja para o bem ou para o mau. Mas a verdade mesmo é que na hora do beijo não importava mesmo se tudo fora combinado, se alguém havia bebido além da conta ou qualquer outra coisa. Era mais um daqueles momentos sagrados onde se realizam pequenos sonhos.

O fim de tudo veio rápido como o começo. Um convite recusado, o clima sério, segredos revelados e pronto! A terapia ensinava a não criar expectativas e tudo se dissipava assim, ali mesmo, na rua molhada pela água da chuva onde velhos e novos boêmios ainda bebiam seus tragos.

Ainda podia sentir o cheiro dele, o gosto. Nem tentou lutar contra, se deu por derrotada logo de cara e descansou em seu leito. Sabia mesmo que nada passaria assim tão rápido.

Nos dias que se seguiram as palavras dele martelavam sua cabeça. A idéia de viver sem expectativas parecia assustadora. Segura, porém, assustadora. Tentava identificar em sua história pregressa algo que acontecera sem que ela esperasse ou desejasse. Não conseguia.

Hoje, ainda tenta, sem sucesso, formular uma teoria sobre isso. Uma velha e divertida mania.