quarta-feira, março 31, 2004

Quando chego encontro aquele olhar doce e sorridente.
Se falo dos meus problemas o olhar ganha um ar preocupado.
Tô triste, e ele me olha com ternura.
As palavras são sempre poucas, mas não chegam a fazer tanta falta. Mas tem aquelas frases que parecem fugir boca a fora. Adoro isso!

Já tinha me esquecido como era bom ter um capricorniano por perto.
Uma canção para a noite de hoje

TE VER
(Samuel Rosa/Lelo Zanetti/Chico Amaral)

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível
É como mergulhar num rio e não se molhar
É como não morrer de frio no gelo polar
É ter o estômago vazio e não almoçar
É ver o céu se abrir no estilo e não se animar
É como esperar o prato e não salivar
Sentir apertar o sapato e não descalçar
É ver alguém feliz de fato sem alguém pra amar
É como procurar no mato estrela do mar
É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como no Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Ignorar que a tarde vai vadia e mitica
É como ver televisão e não dormir
Ver um bichano pelo chão e não sorrir
É como não provar o nectar de um lindo amor
Depois que o coração detecta a mais fina flor

segunda-feira, março 29, 2004

"existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?"

Lula Vieira
Senna o que?

Acabei de ver o tal Senna in concert na TV e não consegui chegar a nenhuma conclusão. Como será que foi feita a seleção musical desse show? As 10 mais de Ayrton Senna? Tudo bem, mas os Tribalistas apareceram bem depois da sua morte, talvez para sorte dele:-) Como justificar Ivete Sangalo cantando Carnavália?

Legais mesmo são os encontros inusitados. Quem ai imaginou algum dia ver Júnior (O MAIS gatinho) irmão da Sandy, dividindo o palco com Frejat? No cast ainda teve Daneila Mercury, Milton Nascimento e Chico Buarque. O Ministro mais incrível da história e seus ternos tão criativos quanto sua existência, também compareceram. Mas Sandy & Júnior foi um pouco d+. Quantos discos da dupla Ayrton deve ter comprado em vida?

No mais aquele estilo "Rede Globo homenageia" de sempre. Depoimentos evasivos de pessoas nada a ver. Tudo muito chato!

Acharam que eu resistira mais um parágrafo sem reclamar do som? Não mesmo! Só estava esperando subir os créditos para não magoar um moço bonito (que apesar de sumido, ainda tem meu carinho). Sofrível foi o início, se vc fechasse os olhos veria os apresentadores dentro de enormes latas. Durante os show, total era meu desespero. Cadê as vozes? Eu perguntava enquanto mexia no controle da TV em busca de uma melhor equalização, ou quem sabe, mais volume? Nada adiantava. Enquanto via Milton Nascimento e Chico Buarque, mamãe, A MAIS leiga, observou: "Esse violão tá altão", acho q estou influenciando negativamente meus familiares:-)

quarta-feira, março 24, 2004

Desculpe, mas tô pensando em você.

Tá legal, não existe nada mesmo, eu sei. Foi só coisa de momento. Mas não posso negar que foi um bom momento, ou melhor, um momento bom. Porém é inevitável não abrir meu melhor sorriso quando lembro do seu. Sentir aquele arrepio ao fechar os olhos e ver você com lábios entreabertos, olhos fechando surrando para mim: "- Me beija, vai". Tudo bem, eu sei que não foi nada. Foi basicamente um encontro casual. Duas pessoas adultas sem vontade de disfarçar seus desejos e novamente aquele arrepio. Das lembranças surge seu rosto, testa franzida, expressão preocupada, voz embargada: "- Eu não vou agüentar".

Desculpe, mas bateu saudade.
Assumindo

Eu não me orgulho do que fiz, mas tb não me arrependo. Acho mesmo que não é certo, vivi até hj com esta certeza e me mantive limpa. Mas, como tudo na vida, minha hora tb chegou. Tá legal, eu podia sim evitar, é um país livre afinal e eu sou bem crescidinha, já sei dizer não. E porque o faria se no fundo tb queria tanto?

O dilema era: se evitasse pecaria contra minha vontade e se assumisse pecaria contra meu código de ética. Tudo tão particular... Pecado por pecado eu pequei e pronto! Bateu um remorso, mas disso eu cuido depois. Agora só quero sorrir e assumir. violei meu código e ainda assim estou feliz:-)
"Existem várias maneiras de amar e vários tipos de paixão. Quem disse que temos que escolher sempre a pior?"

E ainda dizem que TV não educa.

terça-feira, março 23, 2004

Tecnologia não é tudo mesmo

Em plena era Pro Tools e seus inúmeros plug-ins, fiquei tão feliz em descobrir que ainda existem gênios trabalhando sem precisar deles o tempo todo.

Semana passada almocei com dois deles, Gabriel Pinheiro e Mário Adnet, ambos envolvidos no próximo CD de Michel Legrand, aquele mesmo que ganhou três Oscar e nove Grammy. Michel já é um senhor, rompeu a marca dos 60 anos e enfrenta alguns problemas de saúde. Há cinco anos sem vir ao Brasil, ele deu as caras e ainda resolveu gravar um CD por aqui, perfeito!

O mais interessante foi como isto aconteceu. Apenas três dias de estúdio e o velhinho deixou um material impecável nas mãos de Mário e Gabriel. Tudo assim, com a urgência de quem não tem mais tempo a perder. Michel foi recebendo o repertório e descendo os dedos no autêntico Steinway de cauda inteira, na companhia dos outros músicos, meio zonzos com a rapidez do pianista para rearranjar as obras de Luiz Eça selecionadas por Mário.

Mesmo na moda total reccal e infinity undo a coisa foi feita como nos velhos tempos. Todo mundo no estúdio, um, dois, três e já. Alguém errou o solo? Outra vez... do início. Tudo assim, nesse clima, em menos de 72 horas! Um processo criativo quase mágico, captado também de maneira pura e fiel.

Agora os rapazes estão lá (sim, no ProTools, é claro), editando algumas faixas antigas de Eça também para este álbum. Mas já deram sua contribuição a arte pela arte ajudando a produzir um material como nos velhos tempos, sem se importarem com as ferramentas que estavam mais à mão, mas se empenhando em fazer tudo soar como deve ser: tocado com emoção.

segunda-feira, março 22, 2004

As pérolas que me dizem

- Porque vc não tem namorado?
- Porque não
- Vc não gosta?
- Adoro, mas simplesmente não pinta ninguém tão legal, disponível e disposto
- Ah, vcs mulheres e esse discurso...
- Não é um discurso preparado, é apenas uma realidade. Nenhum cara legal cruza meu caminho e tem vontade de ficar. Tá melhor assim?
- Não é possível que isso aconteca! Como alguém pode não querer ficar?
- Acredite, há anos me faço essa pergunta, mas ainda não descobri uma resposta.

domingo, março 21, 2004

Sobre a intimidade

Raros são os casos, mas por vezes nos deparamos com situações no mínimo intrigantes. Para ela os detalhes sempre foram a melhor parte do todo, e tanto por esta prática de observar as coisas pequenas e sutis, como pequenos gestos, olhares e palavras quase não ditas, é que se emociona quando se depara com detalhes incomuns.

Tamanha foi sua surpresa ao vê-lo ali, praticamente um estranho, agindo como se fosse o mais antigo dos amigos, ou o mais atencioso dos namorados. Enquanto ela pensava em roubar seu bolinho do café, ele já colocava um segundo na sua frente. Pediu sua sobremesa, uma das preferidas dela, com duas colheres e, sem ao menos consultá-la, lhe deu a segunda colher para dividir o doce com ele. O mesmo fez com a água. Pediu uma garrafa e dois copos, um encheu para ela. Também sem a menor cerimônia, se pôs a dividir o mesmo copo d'água com ela, já que o seu acabara.

Tudo acontecia com tal naturalidade que chamou a atenção dela, que, quieta, observava e participava de toda a situação sem quebrar a magia da mais incrível expressão de intimidade instantânea que já participou.
Ele voltou

Meu PC está novamente na ativa. HD novinho em folha, mais memória e todas nossas lembranças no lugar. Sou mesmo um gremilin de sorte;-)
Agitos Musicais

Lan Lan e os Elaines, Rodrigo Sha, Titãs e BB King foram os shows da semana.

O primeiro totalmente acidental. Não gosto da Lan Lan e seus Elaines, detestei quando tive q aturá-la para ver Nando reis no Canecão. Mas ara aniversário de uma nova amiga, rolou uma atenção no convite (email seguido de ligação), não deu para faltar. Ainda bem, o show foi muito legal. Acho q a Lan Lan finalmente acertou a mão e parou de tentar parecer uma versão mal acabada de Cássia Eller. Com uma banda legal, ela me surpreendeu! Mas o ponto alto do show veio do PA. Carlos Martau estava fazendo o som p/ a platéia, quando Lan Lan diz: "Na guitarra, Martau". Olhei p/ trás e não acreditei, o cara estava tocando lá da mesa. O público demorou a encontrar de onde vinham os acordes da guitarra solo. Foi ótimo!

Rodrigo Sha é o ilustre desconhecido da vez. Ele já tocou com um grupo que eu adoro, o Bossacucanova, mas agora esta tentando carreira solo e já caiu nas graças de um produtor ilustre. Moogie Canazio deve produzir o rapaz. Mas, voltando ao show, o que posso adiantar é que o som de Rodrigo é bem bacana. Tem DJ, percussão, guitarra, sax e flauta, os três últimos comandados pelo próprio, que também canta. No repertório, músicas dele e ótimas releituras de outras canções como Segue o Seco de Brown, que eu amei na versão de Sha, e Lilás de Djavan, tb muito botinha no estilo Rodrigo Sha. Queria sair de lá com um CD, mas ainda não é possível. Segundo minhas fontes, o moço só será lançado no mercado no próximo verão. Eu pedi que fosse antes, mas...

Um show dos Tiãs é sempre algo necessário em qualquer época da vida. O último que vi, sem os atuais desfalques, foi no extinto Imperator, amava o estilo da banda. Algo que me faz sentir muitas saudades quando os vejo hoje. E assim foi a estréia da nova turnê aqui no Rio, no Canecão, p/ minha tristeza. Como Estão Vocês é o título, mas eu diria que eles estão mais velhos e ainda me fazem sentir saudades de Nando Reis, Arnaldo Antunes e Marcelo Frommer. Tá legal, eu confesso que fiquei muito impressionada quando eles mandaram os músicos de apoio saírem do palco para tocar sozinhos as antigas, incluindo as minhas preferidas e Sonífera Ilha, a mais saudosa de todas.

Fechando a semana: BB King! Sim, eu vi o velhinho! É difícil descrever este show, foi memorável e de uma emoção inigualável. Estar cara a cara com um mito é sempre algo de nos deixa sem chão. Ele é um velhinho simpático e muito simples. Toca a velha Lucille, sem aterramento e ligada no também velho amp L5 Lab Series fabricado exclusivamente para ele, sentadinho em sua cadeira, a exatos oito passos da bateria. Distribui sorrisos, cumprimentos e presentinhos, brinca com sua banda e com a platéia. Toca e canta como só um mito faria e deixa a vida da gente mais fácil de ser vivida. Ontem foi uma das noites inesquecíveis da minha vida.

segunda-feira, março 15, 2004

Ele foi para o saco!

Depois de três longos anos de dedicação exclusiva, muito, mas muito trabalho mesmo ele jogou a toalha na madrugada de sexta-feira. Meu amigo mais fiel, meu companheiro mais constante não resistiu ao ataque implacável de um vírus bobinho e pirou, me deixando na mão às vésperas do fechamento e levando com ele minhas matérias quase finalizadas (claro! Ou nada disso teria a menor graça).

Sim, nos divertimos bastante nesses anos. Foram noites intermináveis conectados ao mundo na solidão de meu quarto. Assim fizemos novos amigos, criamos coisas, descobrimos outras tantas e aprendemos bastante sobre quase tudo. Lamento muito por nossas músicas preferidas. Aqueles mais de 1200 arquivos dos mais variados estilos e épocas, colecionados e armazenados com tanto carinho... onde andarão agora? Rezo para que se salvem. E nossas fotos e textos? Ai, nem quero pensar...

Meu cibermundo é só tristeza.

sexta-feira, março 12, 2004

A inquietante frase do dia aqui na redação

"Se os meus olhos te incomodam, diz-me que eu prometo arrancá-los e amar-te cegamente."
Brasileirinho

Ainda não experimentei coisa melhor do que um show com gosto de quero muito mais. Estive num desses ontem à noite. Foi minha primeira experiência com Maria Bethânia ao vivo e não poderia ser melhor. O show era destinado à gravação do próximo DVD da cantora, baseado em seu último CD, Brasileirinho, lançado pela Biscoito Fino.

Cenário de Gringo Cardia me surpreendeu pela simplicidade. Acostumada às obras multicoloridas do cenógrafo, me deparei com um cenário coberto por esteiras de palha crua e um pano de fundo, composto por retalhos de panos coloridos, que descia estrategicamente em algumas músicas. Na frente do palco uma tela aparava as projeções de abertura e encerramento, tudo muito simples.

Na luz, outro mito, Maneco Quinderé, que abusou das pequenas lâmpadas que subiam e desciam do teto como estrelinhas das noites de junho. As mesmas noites que o inspiraram, creio eu, a criar os balõezinhos coloridos que também desciam do teto nas músicas em homenagem aos santos dos meses de Junho e Julho. A cor predominante foi o âmbar, mas tons de azul e verde também sobressaíram nas laterais do palco, colorindo a palha crua das esteiras de Gringo.

Dentro do Canecão a movimentação era frenética. Ingressos esgotados para ver uma de nossas divas, que raramente se apresenta por aqui, num projeto tão especial. Para comandar o monitor, Iannacconi, conceituado técnico operador de áudio no mercado nacional. Uma função nada simples, já que, além da banda, Maricotinha ainda dividiu o palco com os grupos Tira Poeira e UAKTI, mais Nana Caymmi e Miúcha. Tudo isso num palco limpinho, sem monitores ou sides. Para o público ouvir, o técnico Vânius estava à postos no PA com uma tarefa nada fácil. Com os instrumentos criados pelos próprios integrantes, o UAKTI exigem uma captação e, conseqüentemente, uma mixagem mais cuidadosa. E ainda tinha a história da gravação... Não era à toa que Vânius estava tão nervoso.

Do lado de fora, mais tranqüilo, o produtor Moogie Canázio comandava a gravação abrigado na unidade móvel AudioMobile, estacionada na frente da casa de shows. Dentro do caminhão mais de 80 canais eram trabalhados com o que há de melhor em equipamentos no mercado e gravado, é claro, em Pro Tools HD. Aliás, dois Pro Tools, só para esbanjar tecnologia:

E mais uma vez eu lá estava, envolvida nas histórias dos moços apaixonados do áudio. Entre a incrível oportunidade de um passeio no shopping com Moogie Canázio, com direito a muitas histórias ótimas do mundo da música, e um animado bate-papo com Gabriel do estúdio Biscoito Fino, eu aprendi mais um pouquinho e me envolvi mais nesse universo paralelo, onde o som e a tecnologia são a base de tudo.

domingo, março 07, 2004

Sonho devidamente realizado!

Cheguei a tempo de postar o resultado do sonho de hj. Realmente não era Londres. Rave nehuma no mundo termina às 21h!

O moço londrino é mesmo uma braza, mora:-) Trocadilhos da Jovem Guarda a parte, Sr Norman Cook é mesmo tudo que imaginava. Simpático, mandou recadinhos, em bom português, nas capas dos vinis. Dançou, pulou, rebolou... Acho que se acabou tanto quanto eu, que na areia, quase sumi (tal qual um tatuí), tamanho era o buraco que fiz de tanto dançar.

E olha que antes disso ainda teve Patife, Mark e Ron Carter, só para aquecer os tamborins, que, aliás, também fizeram parte do set list de Fat Boy. O DJ usou batidas de baterias de escola de samba (tipo aquelas do esquenta) na sua mistura eletrônica.

Ah, minha cidade ainda ganhou uma música, feita por Fat Boy Slin e, segundo o ele, só tocada aqui e em mais nenhum outro lugar, nunca mais!


Detalhe: TÔ FELIZ PACAS!
Dia de realizar sonho

Como é bom realizar um sonho! Quem já passou sabe bem... ver diante dos seus olhos algo almejado por anos, meses, tempos, é algo inexplicável.

Acho que a medida de sonhos realizados é diretamente proporcional ao número de sonhos que uma pessoa tem. Ah, claro, a viabilidade dos tais também conta. Sonho muito, e, em sua maioria, sonhos simples e viáveis. Na verdade são meio difíceis, mas se realizam mesmo assim, nunca de maneira exata, mas viram realidades e eu consigo curtí-los do mesmo jeito. É mágico!

Um deles vai virar realidade daqui a algumas horas. Big Beach Boutique é o nome de um show/festa, uma rave para ser precisa. Fat Boy Slin, o DJ mais fofo do planeta, é o cabeça da história. reúne milhares de pessoas nas praias mais famosos do mundo para tocar no verão, enquanto todo mundo chacoalha à beira mar em trajes mínimos, só curtindo algumas boas coisas da vida: sol, praia e alegria.

Descobri tal festa há pouco mais de um ano através de um DVD. Foi amor à primeira vista! Uma praia londrina, o sol se pondo e toda aquela gente bombando horas a fio, virou um projeto de vida ir aquela festa:-) Não demorou muito e o dia chegou. A festa é hoje, aqui mesmo, na Praia do Flamengo, a 20 minutos (de carro) da minha casinha.

Tudo bem que não é Londres, mas o cara está aqui, na minha cidade e vai tocar pra mim daqui a poucas horas. Não importa mesmo se é numa das praias mais chechelentas do Rio. Quem tá ligando? A ordem do dia e da noite de hj é se jogar!

sexta-feira, março 05, 2004

A difícil arte de ser brasileiro

Nosso país é lindo de fato, nosso povo é tão lindo quanto. Mas, para equilibrar toda esta beleza, quase como um castigo, temos nossas mazelas.

Como não se indignar com um país que obriga seus nativos a passarem vergonhas históricas em rede nacional.

Como é triste ver um médico chorar ao declarar ao repórter que precisa fazer escolhas dentro de seu hospital. Escolher qual paciente ficará sem remédio, porque não há como atender a demanda de doentes que só faz crescer, ao contrário da verba que seu hospital recebe. É uma cena chocante, mesmo para quem tem seu plano de saúde pago todos os meses e não é afetado diretamente por esta triste realidade.

Indignação, revolta e vergonha amargam a boca. Anos de estudo, uma carreira sonhada, um diploma para ir de encontro a tudo que aprendeu e ter que declarar para todos os brasileiros que é preciso selecionar alguns, ao invés de salvar a todos.

Brasileiros também precisam estar preparados para este tipo de vergonha.

Uma boa sensação

Insegurança é uma coisa intrínseca do ser humano, gerada, em grande parte (diga-se de passagem) por sua capacidade imaginativa. Em linhas gerais é um resumo da lógica PENSO, LOGO EXISTO e suas variações: PENSO, LOGO INSISTO e PENSO, LOGO DESISTO ou ainda o PENSO, LOGO ME DEPRIMO.

Na verdade este post é só para atestar como é bom ter notícias de quem se gosta. Não importa muito os motivos, de onde pintaram as dúvidas, os porquês, quando você sacia sua sede de saber tudo fica bem, bem mais colorido.

quinta-feira, março 04, 2004

Da série coisas de menino

Ele não se declara, não diz que te quer, não confessa que suas intenções vão muito além daquela inocente amizade que une vocês dois. Mas...

Morre de saudades de você, morre de ciúmes de você. Nenhum carinha presta para você, todos que você escolhe são canalhas, chatos, sem graça, melosos e desprovidos de inteligência. Quando você não aparece no encontro da turma é o primeiro a te ligar para saber o porque.

Quando passam mais de dois dias sem te ver, te dá aquele abraço caloroso e sem fim. E você fica lá, envolvida nos braços dele, contando os segundos e pensando: "Nooossa, tá demorando isso aqui". Sempre te olha com doçura e, mesmo falando sobre as duas mil mulheres que beijou no Carnaval passado, evita desfilar com uma delas na sua frente.

É sempre zeloso, carinhoso, gentil, mas incapaz de admitir que te ama. Vocês passarão anos juntos, mas ele nunca confessará que te deseja, nunca lhe roubará um beijo e nunca será seu namorado. O chato é descobrir, depois de anos comendo o pão que o tinhoso amassou com o rabo na mão dos outros incompetentes, que ele poderia ser seu melhor namorado.

"Ando tão à flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar.
Ando tão à flor da pele que meu desejo se confunde com a vontade de... não ser"

*Zeca Baleiro*

quarta-feira, março 03, 2004

VIP por uma noite

Festa de elite tem mesmo dessas coisas. Fotógrafos ansiosos da porta, gente mandando caô nos seguranças, filas de carros importados chegando, manobristas na porta acenando, assessores de imprensa nervosos e muita, mas muita gente mesmo querendo só aparecer.

Entre os convidados, chiques e famosos da cidade Maravilhosa, na produção paulistanos competentes. Whisky, champanhe, energéticos e aquelas bebidinhas que misturam destilados e sucos na mesma garrafa e ganham a palavra ICE no rótulo, tudo liberado e bem disputado pelo seleto grupo.

Decoração simples, iluminação bem cuidada, tudo para fazer os escolhidos (cantores, empresários, músicos, modelos, ricos e famosos em geral) se divertirem por algumas horas.

No canto, observando a movimentação, discutia com minha colega de redação a estranha lógica da riqueza. Todos que estavam naquela festa eram convidados, ninguém pagava nada. Comiam e bebiam do bom e do melhor sem desembolsar um só centavo. Ostentando jóias, roupas de grife, carros importados, o seleto grupo tinha mesmo como pagar por tudo aquilo, mas não precisavam, nunca precisam. Seus nomes e seus rostos são a moeda corrente.

Mas, quem não tem como pagar, sempre precisa pagar. Cinema, festas, shows, tudo para quem não tem grana é cobrado, e muito bem cobrado. Fácil entender o ditado: "dinheiro chama dinheiro".

Qual foi a festa? Go Play, ultra VIP da Balantine's, em sua primeira edição carioca de 2004.
O motivo? Iniciar a parceria da marca Go Play com a Pacha de Ibiza.
O que eu estava fezendo lá? Me divertindo, ora.

terça-feira, março 02, 2004

O cúmulo do abandono

Esquecer o celular na redação durante todo o fim de semana e só dar por falta dele no domingo à noite. O pior: constatar que, pela quantidade de recados (nenhum) e de ligações perdidas (nehuma), não fez muita diferença estar ou não com ele por perto.

segunda-feira, março 01, 2004

Carlinhos Brown, o bruxo da Bahia

Inúmeras vezes torci o nariz para o velho Brown. Desde quando um namorado precisava ficar até mais tarde no estúdio arrumando as bagunças que o músico aprontava, por conta de suas loucas experiências para gravar seu disco. Carlinhos começou a ganhar minha antipatia neste momento. Mas na verdade, nada era tão grave assim. Cheguei a defender o músico no Rock in Rio 3, quando aquela chuva de garrafas quase o impediram de cantar. Injustiça histórica do público aquela cena.

Admito que já cantarolei algumas de suas canções, principalmente aquelas que compôs com seus inusitados parceiros Arnaldo e Marisa. Contrariando o apelo comercial da música de trabalho, achei o projeto bem cuidado, com qualidade. Sou mesmo fã do Arnaldo Antunes, mas nem assim comprei o disco de Carlinhos, nem trio, nem solo.

Lembro de um show há alguns anos, no Armazém 5, zona portuária do Rio de Janeiro, onde Carlinhos Brown era uma das atrações numa noite que tinha até Ed Motta. É claro que fui até lá para ver o Ed, que encerraria a noite comandando as pick ups, algo indescritível. Mas Brown estava lá e cantaria também. Eu estava lá e, inevitavelmente, dançaria até cansar. Lembro dele descendo do palco e se jogando no meio do público para dançar com a galera, uma noite pra lá de divertida. Mas ainda assim, nada que me fizesse atentar para o trabalho do cara.

Há um mês cruzei com ele em Salvador. Festival de Verão, alegria, confraternização geral. Já na passagem de som o cara se revelava um músico exigente e atento. Mesmo atrasado, corria e conferia tudo. "Vamo lá gente, o povo já chegou", dizia ele, ovacionado pela platéia que já chegava para os shows da noite. Na ocasião ele atendia como Carlito Marrom, vestia blusas com mangas enormes, tal qual as vestimentas típicas dos cubanos. Figurino que acompanhava a sonoridade de grande parte do show, um bom show. Um pouco longo para mim, mas um bom show.

Em certo momento, já cansada de tudo aquilo, cheguei a brincar: "Esse cara incorporou o Naná Vasconcelos e o Hermeto Paschoal ao mesmo tempo. Tem que chamar um guia para mandar subir os dois espíritos ou o show não vai acabar mais". Puro sarcasmo.

Mas tudo mudou na sexta pela manhã. Carlinhos Brown me ligou. Conversamos por pouco mais de 20 minutos, mas já foi mais do que o suficiente para descobrir uma pessoa apaixonada pelo meu país, pela minha cultura e, acima de tudo, pela cidade dele, Salvador. Nada do que percebi em suas palavras estava em pauta, o assunto vagava por caminhos mais específicos, mas ele deixar escapar sua paixão em cada detalhe foi o ponto alto da nossa conversa e o que fez toda a diferença na minha mudança de opinião.

Empreendedor incansável, otimista, criativo, assertivo, Carlinhos Brown ganhou minha admiração por motivos outros que não sua música. Agora terei mais carinho ao ouvir seus trabalhos, independente do estilo que adotar, contrário ou não ao meu gosto, o respeito às suas idéias e atitudes será o grande motivo.


Versão 2004

Dei um tempinho na finalização da matéria sobre a nova invenção de Carlinhos Brown no Carnaval baiano para explicar o motivo do novo visual.

Como já disse no flog, no país do Carnaval o ano só começa na primeira segunda-feira depois da quarta de cinzas. Então, feliz ano novo a todos!

Resolvi mudar a cara deste bloguinho para marcar este início de ano. E, como todo ano novo pede uma promessa, eu prometo apenas ser alguém melhor do que fui em 2003. Acho que já está de bom tamanho.

Depois conto em detalhes o papo que tive com Brown ao telefone. Ele ganhou uma fã nessa entrevista.