quinta-feira, maio 26, 2005

A porta se abriu!

Depois de muito esperar, ela o vê saindo pela porta. Precisa apertar o passo para alcança-lo, já que a emoção do momento a deixou com os pés pesados como chumbo.

Alguns minutos de silêncio, passadas largas, coração na boca e inúmeros "mini-flashbacks" a conversa tem início. O discurso é bolorento, sem novidades. Assunto exaustivo, os velhos motivos e aquele mesmo jeito de não dizer nada com muitas palavras. Enquanto ele narrava seus atos, as tentativas e acontecimentos dos últimos anos, ela ouvia com jeito de vidente bem sucedida. De alguma maneira todas as novidades dele eram velhas para ela. Era como se um oráculo já tivesse revelado a ela todos os passos que ele dera durante a longa separação dos dois.

Mais uns poucos minutos e tudo é colorido outra vez. Já conseguem sorrir juntos, fazem piadas como nos velhos tempos. A sensação é de que o tempo não passou. Os três anos e toda a mágoa, dor, raiva e ressentimento foram de esvaindo do peito dela. Leve como há tempos não se sentia, ela se despede de pois de poucas horas de conversa sem nenhuma definição.

Porém, em algum lugar está definido que dele ódio nenhum, em tempo algum, ela sentirá.

quarta-feira, maio 25, 2005

Ela, a porta e o medo

Quantas coisas passam pela cabeça dela enquanto espera do lado de fora. É como se seu futuro dependesse da abertura daquela porta.

No fundo não queria que as cosias fossem daquela maneira. Definitivamente não. Mas ainda não sabe como evitar e comandar tais mudanças.

Está claro que ele não a quer, não do mesmo jeito que ela o deseja, não do jeito que ela quer se dar. E, de alguma forma, ela também não o quer mais. Foram muitos os vacilos, a maioria em momentos chaves e com coisas importantes para ela. Tanto que nem reconhece mais o homem pelo qual se apaixonou. Foi covarde, egoísta, mesquinho e cruel.

Mas, lá está ela, sentada do lado de fora sem encontrar o maldito botão. Um vermelho escrito emergência, ou outro qualquer que desligue tudo. Continua insegura, sem chão. Trêmula com a simples presença, vazia com a ausência. Sente saudades e raiva. Tem muita mágoa. Quer dizer coisas sem sentido, ofendê-lo e beijá-lo a face com ternura. Quer socá-lo bem no estômago e aconchegar-se em seu colo macio. Quer magoá-lo a todo custo e amá-lo com sempre sonhou, para todo sempre.

E a maldita porta não se abre...

A angústia corrói por dentro, sente amargar-lhe a boca. O ar chega a faltar. Sente vontade de chorar, chorar muito, ali mesmo sobre o chão de madeira. É o medo. Medo daquela porta, do que será quando ela finalmente se abrir e ele sair, das palavras dele saírem... Medo do que vem depois e do que nunca mais virá.

quinta-feira, maio 05, 2005

Hoje o dia não tinha nada de especial

Tirando o fato de sobreviver a um telefonema esperado por intermináveis 31 meses, o dia de hoje não tem nenhum peso no meu calendário pessoal. Mesmo assim decidi comemorar. Finalizei o 05/05/05 com um piercing. O dia tenso, angustiante, cheio de conflitos e velhas lembranças foi finalizado com uma boa dose de dor física.
Forças da Natureza

Preciso de um pedacinho de mar que me tranquilize. Um tanto de lagoa plácida que me acalme.

A noite é sempre quem acoberta os acontecimentos. E não adianta luz do sol para clarear ou céu azul para eluciadar. Os pensamentos embaralhados pela força do vento se refazem em nós.

Só resta esperar que venha a tempestade e que a chuva lave tudo ao seu redor. E depois da enxurrada, ver o que restou enfim.

domingo, maio 01, 2005

Disciplina agendada

Fazia tempo que eu não tinha uma agenda de papel. Esse ano eu quis porque quis ter uma. Lembro que gastei umas boas horas escarafunchando prateleiras de lojas em busca de uma que se parecesse comigo. Tinha que ter um daqueles plásticos da primeira página para colocar fotos ou documentos, adesivos bonitinhos, uma página para cada dia, espiral e uma capa colorida escrito 2005. Simples assim. Mas demorei algumas semanas para encontrar.

Algumas eram infantis demais, outras muito adolescentes, tinha aquelas lindas e caríssimas. As que vinham com bolsinha, com pelúcia, capa de couro... Nem preciso dizer que as mais indicadas para minha faixa etária nem me despertaram atenção (ah, Peter q não me larga!). Enfim optei por um modelo básico (leia-se Tilibra). Capa dura, espiral, fundo rosa e algumas flores para a linha adolescente. Adesivos fofos, o tal plástico para as fotos, páginas coloridas, espaço para anotar os filmes q vi, os livros que li, os caras q peguei (hahaha, esse é realmente um espaço polêmico).

Bastaram algumas semanas para lembrar porque não tive agenda de papel nos últimos dez anos. A camada de poeira que se criou sobre a coitada largada na mesa é testemunha. A consulta no dentista que faltei, a conta que esqueci de pagar e o aniversário do meu primo que passou em brancas nuvens reforçam a teoria.

Na verdade preciso de disciplina para criar (ergh!) rotinas. Usar uma agenda é um trabalho árduo. Você precisa de um ritual diário. Anotar os compromissos, verificá-los todas as manhãs e retornar no final do dia. Assim mesmo, sistematicamente. Tá legal...

Volto a sonhar com Johnny Memmonic e seu chip implantado. Só isso poderá me salvar.