terça-feira, julho 26, 2011

Sobre a tentação


Ela não era do tipo que se sentia atraida pelo perigo ou coisas proibidas. Ética, convenções sociais, regras. Tudo isso estava sempre voando dentro de sua cabeça o tempo todo. Mesmo quando a vontade parecia ganhar espaço, o peso dos ditos princípios esmagava tudo. E a batalha interna era travada.

E foi assim quando ele chegou munido de um charme quase irresitível. A medida em que as horas passavam aumentava a vontade, que de tão proibida começava a incomodar.

Ninguém mais parecia se importar e seguiam seus planos. O que para ela eram obstáculos quase intransponíveis, aos olhos dos outros não passavam de meros detalhes a serem ignorados. Ao perceber que seria atropelada enloqueceu em silencio. Se refugiou em desculpas e se fez de surda e muda. Chorou em segredo ao vê-lo seguir um caminho oposto ao seu e desejou, mais secretamente ainda, ser como as outras pessoas que viam apenas o lado prático da vida. Mas a coragem não lhe foi companheira e o jeito foi aceitar a derrota.

Mais difícil que lutar contra um desejo é ir de encontro aos seus prórpios princípios. E ele continuava lá se fazendo notar com singelos sinais de reciprocidade. Por um momento deixou escapar que para ele também era presente o tal desejo. Ela o fazia sim ser tomado por pensamentos impuros.

Perto do fim os dois ficaram de pé na fronteira. Ela se entregou suplicando pela conduta que julgava correta. Ele respondeu a contento mantendo a postura ética compartilhada por ela. Tudo acabou com um forte abraço que deixou uma deliciosa sensação de cumplicidade.

Vaidosa, ela celebrou o divino encontro de iguais.

domingo, julho 10, 2011

O Bolo!


Já levei alguns bolos, coisa normal. Mas faz tanto tempo desde o último que não lembrava mais como era. Na verdade acreditava que no mundo adulto e conectado ao qual pertenço agora isso nem existia mais!

Mas aí ele não apareceu. Depois de esperar pacientemente por 20 minutos, tentei o contato telefonico e, sem resposta, enviei um gentil SMS. Assumi meu bolo e saboreei a entrada. Fiz o pedido do meu prato favorito, afinal tive o cuidado de escolher o restaurante que mais gosto na cidade.

Pouco antes do prato chegar ele resolveu ligar. Atendi e, diante da inacreditável pergunta "vc vai me esperar?", disse gentilmente que aguardava meu jantar chegar. E quando ele finalmente apareceu, meu prato já estava vazio. Ouvi pacientemente a razão do atraso e os insistentes pedidos vãos de desculpa. Terminei meu suco, pedi a sobremesa equanto ele falava e falava. O cafezinho chegou e ele ainda não havia parado de falar. Pedi a conta. Ele pegou e eu disse que era minha, ele insistiu em pagar.

Ao sair do restaurante percebi que ele estava seguro do sucesso da noite, tipo situação contornada e voltamos a programação normal. E nesse momento fui tomada por um prazer profundo ao fazer sinal para o taxi e dizer boa noite;-)

Então fica a dica: quando marcarem o primeiro encontro escolham um lugar familiar e sejam pacientes, assim o sucesso da noite fica totalmente por sua conta, menos a conta do restaurante;-)