sexta-feira, dezembro 22, 2006

Conflito interno

Sim, lhe tenho um grande afeto. Já me dei conta. Demorou, mas já reconheci: o que sinto não é um “nada” ou uma coisa qualquer. É algo diferente, forte, especial. Tem ares de eternidade, de serenidade e muito de paz. Uma paz concreta, quase tangível. É bom, mas ainda não é o bastante para mudar tudo como nas outras vezes. Mas também não é possível voltar atrás e fazer de conta que nada aconteceu. Olhar você como da primeira vez, com olhos puros, sem desejo, sem malícia, sem o querer.

To bem no meio da ponte. Uma daquelas de cordas e troncos que atravessa uma fenda. Olho para trás e está tudo escuro, triste. Na frente tem um nevoeiro denso e fresco, daqueles que não deixam nada aparecer. Lá embaixo passa um rio... Posso pular na água fria, ter uma hipotermia e esquecer tudo. Mas eu não quero! Nem por toda a dor do mundo não quero esquecer.

Vou ficar aqui mesmo no meio da ponte, um dia o nevoeiro dissipa e me mostra o caminho na frente. Tenho certeza que ele será muito bacana.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

sábado, dezembro 16, 2006

Sobre a salvação
Parecia impossível, mas ela foi voltando ao seu estado normal. Abusou da filosofia das clinicas de recuperação e fez da máxima “um passo de cada vez” uma regra. E no compasso de cada passo foi saindo da sua clausura. Barzinhos, shows, festas, o velho roteiro voltando a pauta. A diversão voltava à sua vida com ares de novidade mofada. Por vezes olhava de longe e se perguntava: “Tem certeza que eu achei isso o máximo um dia?”. Questões que serviam de prova cabal da sua profunda mudança.

Mas muita coisa ainda estava fora do lugar. A diversão era fulgaz, não passava da página quatro depois da introdução.

Uma noite, um show, um acaso e tudo mudou. Deu um passo de cada vez, viveu um dia de cada vez, conseguiu não olhar para frente e nem para trás por algum tempo. Medidas extremas para alguém tão comedido. Assim deu-se a revolução!

Viveu coisas jamais sonhadas, viu coisas jamais imaginadas, ouviu coisas jamais ditas, sentiu... Finalmente, ela sentiu! Sentiu e sentiu. E era só isso que precisava, era tudo que almejava, era o que mais lhe faltava.

Hoje em seus olhos ainda existe uma ponta de tristeza, em seu peito um naco de dor de uma ferida ainda não cicatrizada. Mas a alegria de voltar a sentir ilumina mais seu mágico sorriso.

sexta-feira, dezembro 15, 2006

terça-feira, novembro 21, 2006

18 dias

Esse foi o tempo que ela levou para cruzar o oceano até as mãos dele. Já nem tinha mais esperanças, já que a incerteza consciente é uma constante entre eles. Mas, com toda a demora e tantas outras coisas contra, ela chegou provocando reações sempre inesperadas. E ele, emocionado, confessou que chorou. Ela, surpresa, se mostrou vaidosa.

Coisa boa esse laço que prende sem querer. Um nó que não sufoca, mas ata sem perceber.

quinta-feira, novembro 09, 2006

R.I.P.

Sentada à mesa de um bar quase secular e rodeada de amigos de décadas, tive mais uma prova concreta da libertação.

Fiz minha primeira piada sobre meu relacionamento fracassado. Ri horrores da cena que meses antes me deixou doente, de cama. O melhor, fiz meus amigos rirem também.

Agora sim, jaz meu último relacionamento. Aquele que eu achei que era para sempre. Aquele que eu apostei minhas últimas fichas. Acabou de verdade, virou uma piada numa mesa de bar.

Rir de mim mesma ainda é minha grande qualidade:-)

sexta-feira, setembro 22, 2006

Não fujo à luta!

Meu querido Léo mandou mais uma de suas correntes do bem online, para aqueles que gostam de brincar de borboletar de blog em blog. A idéia é responder de bate-pronto as pequenas questões propostas em negrito. Desafio aceito, Sr. Ock.

Eu sou engraçada, ingênua, tagarela, sonhadora, tímida, carinhosa, atenciosa, teimosa, atensiosa, jornalista, artesã, multimidia, mutável, mutante, amiga, responsável, sedentária, mística.

Eu estou crescendo e mudando constantemente, mas estou de volta:-)

Eu sei fazer qualquer coisa que eu diga que vou fazer.

Eu quero viajar para Europa.

Eis meu retrato instantâneo. Pq quando acabar de postar já serei outra:-)
Passo adiante para minha querida Lilica

quinta-feira, setembro 14, 2006

Expectativas X Auto-Sabotagem - A batalha do século!

Não é bom criar expectativas. Ok, já falamos sobre isso por aqui. Confessei publicamente que não sei olhar para frente sem lançar mão da criação das tais. Então, elas me são necessárias a medida em que coloco um pé na frente do outro ou vejo um dia após o outro nascer incessantemente.

Auto-sabotagem é quase incontrolável. Quando avaliamos possibilidades, as sabotagem surgem no leque opções. Afinal, não se pode ganhar todas! Isso sim é uma regra (ou já seria uma sabotagem implícita?).

Esperar que algo dê certo é criar expectativa. Imaginar que pode dar errado é auto-sabotagem.

Então pense e complete a frase:

A SAÍDA É...

segunda-feira, setembro 11, 2006

Sobre o baile
Era tudo uma grande novidade. De uma hora para outra viajava pelo mundo. Viu gente de lugares onde jamais sonhou conhecer e se juntou a eles para explorar um lugar igualmente desconhecido.

Horas depois estava lá, entregue a aura lasciva que encobria o lugar. Sem resistir, deixou que o ritmo levasse seu corpo. Desligou a mente e, de olhos atentos, observava o movimento ao seu redor. As pessoas, suas atitudes... Tudo muito curioso. Clima quente, som alto, ritmo forte. Ingredientes para compor uma nova realidade. Todo mundo vira personagem.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Mereceu ser postado aqui!

6/9/2006 17:24:12 Cafuné diz:
Exploração psicológica que eu gosto.
Você entra na minha cabeça e me entende.
Química, amizade, amor, entendimento, beleza, tudo, tá?

terça-feira, setembro 05, 2006

Depois da tempestade...

Olhando nos olhos dela, ele simplesmente diz que a adora, que se sente ótimo ao seu lado, mas sente que precisa ver outras pessoas. Porém, fica atormentado quando o faz. Acha que a está traindo, mesmo sabendo que não existe compromisso entre os dois.

Ela sorri sinceramente enquanto administra o conflito entre o ciúme de imaginar seu bem-querer flertando com outras mulheres, a alegria de saber que é correspondida de forma tão pura e o orgulho de desejar alguém tão digno de seu carinho.

Aconchegada em seu colo, ela disfruta da inédita paz que só a verdade traz.

quarta-feira, agosto 30, 2006

Retomando o assunto frente ao conflito

Há alguns posts eu falei sobre leveza. Todo o universo parecia ser leve e eu era tal qual um pedaço de chumbo! Eis que operou-se o milagre. Fiquei leve feito pluma e o mundo está que não se aguenta. As pessoas ao meu redor estão surtando. Me sinto num filme estrelado pela Fat Family e o peso das pessoas agora me incomoda.

Talvez o x da questão seja EQUILÍBRIO!
Sobre povos do antigo continente

Depois de muitas conversas e com a curiosidade mutuamente aguçada, decidiram se encontrar. Um lugar público, agradável, animado e com promessa de diversão por horas a fio estava a contento. Introsamento fácil, conversa fluindo, assuntos se sucedendo de maneira smples e natural. Tudo muito interessante e divertido.

O riso era fácil entre os dois. Bastaram 15 minutos para mudar o nível da relação. Um efeito palpável da mágica que aproxima e repele pessoas em todo o planeta o tempo todo. Cada segundo mai spróximos, seguiram pela madrugada entre sorrisos.

Repetir a dose era desejo comum e assim devidamente atendido. Mais uma vez não restaram dúvidas de que a química era favorável e a física já ensaiava os primeiros experimentos. Era hora de mudar de nível mais uma vez.

Um novo nível e novos desafios. Tudo muito a contento. Barreiras derrubadas, mitos caindo por terra. A relação seguia produtiva e desafiadora.

Diferentes, distintos, distantes. Ficaram parecidos e próximos. Ataram laços que ficarão para sempre.

Ela, sentada ao lado dele, observa-o em silêncio. Um sorriso de canto de boca denuncia o pensamento que lhe veêm a mente:

“Admirável a magia que une as pessoas. Incríveis são os encontros dos seres. Mágicos os caminhos que se cruzam e modificam seu percurso”

Seu coração será a morada eterna dessa pequenina história de amor.

terça-feira, agosto 08, 2006

Das coisas que faço sem ter porque

E eu estava lá. Parada na saída do Metrô esperando alguém que só vi uma vez há três dias num lugar escuro e lotado de outros tantos estranhos ilustres. Me esforçando para parecer normal.

Foi um bom momento para pensar porque eu estava ali, fazendo aquilo. Porque diabos eu estava perdendo uma tarde da minha vida para ser legal com um completo estranho? Coisa que, até aquele momento, me parecia normal.

E o estranho chegou. Conversamos sobre quase tudo, passeamos, rimos, nos divertimos. Mas ao final do dia ainda tinha a mesma pergunta sem resposta. Porque estar ali? Mas pelo menos não estava sozinha. Ele também partilhava, em silêncio, a mesma dúvida.

quinta-feira, julho 06, 2006

Definitivamente: não acredito no acaso!

Sim, sou aquele tipo de chata compulsiva que vive arrumando explicação para tudo que acontece. Se eu encontro com alguém (não necessariamente um conhecido, sou daquelas que fala com todo mundo sobre tudo) na rua e, do nada a pessoa começa a falar, pronto! Já tenho trabalho para o resto da semana, quiçá do mês!

Há meses venho remoendo uma história. Não uma dessas contatas por pessoas estranhas na rua, uma autoral. Como sempre tenho muitas explicações a respeito, outras tantas possibilidades, uma penca de continuidades possíveis e outra dúzia de finais bombásticos. Acreditem, Sílvio de Abreu morreria de inveja, Manoel Carlos então... esse teria uma sincope e viraria jardineiro no Leblon.

Voltando a tal história, ontem ouvi uma declaração que soou definitiva. Uma dessas frases chaves que ficam ecoando na nossa cabeça por horas a fio. A frase, simples em sua formação e complexa em seu impacto, coube como uma luva em uma de minhas lacunas. Ganhou ares de certeza e título honorário de definição.

Talvez essa frase seja o fim da história.

Isso explica minha exata tristeza...
Um parêntese

Adoro o cheiro das noites de inverno... Será que Swindon também cheira assim? E Manhattan? Que cheio deve ter as noites de inverno em NY?

quarta-feira, julho 05, 2006

Das coisas que eu faço sem pensar

Há meses guardo um segredo. Coisa minha, só minha. Bastou um telefonema, um segundo de descontrole e pronto! Deixei tudo desnudo!

Agora rogo aos céus não ser entendida.

segunda-feira, julho 03, 2006

sexta-feira, junho 30, 2006

A era das tormentas ou O real terror dos geminianos

Tantas coisas passam pela minha cabeça, muitas idéias e possibilidades. Mas, estranhamente, não consigo fixar em nenhuma. O mundo é tão grande e pertence todo a mim. Posso fazer qualquer coisa em qualquer lugar. O difícil é escolher! Decidir! Definir!

segunda-feira, junho 26, 2006

Estranha saudade

Não canso de olhar aquela foto. Aquela que eu nem imaginava que existia. Daquela pessoa que eu não conheço. De uma época e lugar que eu nem sei quais.

Mas não consigo fechar o sorriso quando olho para aquela foto. Daquela pessoa que parece me encarar como se soubesse bem quem sou e onde estou.

E sinto saudade. Saudade de coisas que eu nunca vi.

quinta-feira, junho 22, 2006

Em busca de leveza e praticidade

Sim, me considero uma pessoa prática. Mas, por vezes me pego no meio de confusões tão absurdas que tal praticidade é posta em cheque.

Costumo ver as questões de diversos ângulos. Descubro caminhos, novas saídas, analiso hipóteses, possibilidades e até crio novas questões. Tudo muito simples, fácil e rápido para uma mente geminiana inquieta e compulsivamente produtiva. Assim fica fácil ter a situação nas mãos, difícil é saber o que fazer, mas isso já outro problema. O assunto aqui é análise, compreensão, tomada de consciência e detecção de possibilidades. A ação é papo para outro post.

O fato é que normalmente sei o que quero, mas raramente consigo levar meus “quereres” adiante por causa do peso!

Tudo tem em mim um peso, e sempre muito pesado. Não é raro me ver por ai arrasada, esmagada por alguma coisa aparentemente pequena, simples. Tudo é sempre muito sério. Parece que sai de um daqueles folhetins eletrônicos oriundos do México que o SBT exibe. Muita maquiagem, cabelos enormes e com muito laquê, figurino espalhafatoso e muitas caretas. Mãos na cabeça, gestos fortes e falas carregadas de emoção, tudo sempre um tom acima. Posso me ver as vezes numa dessas situações patéticas. Um cenário fake com móveis de quinta e eu encurralada no canto com a mão na testa franzida, corpo arqueado como se sentisse dor física, a própria encarnação da sofreguidão. Patético!

Preciso parar de pensar que o mundo vai parar de girar se eu fizer alguma merda. Que minha vida vai acabar no momento em que eu errar, me enganar, mentir, esconder, dissimular.
Como bem disse dia desses minha amiga caçula: “esse meu celibato ainda vai me matar!”

quarta-feira, junho 21, 2006

Sabe quando você está vendo um filme e um casal começa a se pegar seriamente na tela, ai você pensa em alguém especial, se imagina fazendo a mesma coisa e sente um siricutico?

Bem vindo à merda mole!

terça-feira, junho 20, 2006

Aos 35 do primeiro tempo

Primeiro SMS – Dé
Primeiro abraço – Alê
Primeiro congratulations – Mike from England (yessss!)
Primeiro presente – mais uma gripe

domingo, junho 11, 2006

Satisfação

O relacionamento mais importante da minha vida acabou. Não consegui dizer nada, não precisava de fato, mas sinto vontade de me explicar.

Tantas foram as demonstrações de carinho acerca dessa história que me sinto na obrigação de dizer algo a respeito. Foi surpreendente ver a alegria das pessoas com minha total felicidade. Parecia que meu amor por ele se espalhava contaminando todo mundo ao meu redor. Nunca estive tão feliz, nunca me senti tão completa, tão especial. Cheguei perto da perfeição e quem me viu não ficou imune.

Mas tudo acabou, de maneira inesperada e prematura. Fui pega de surpresa, assim como todo mundo. Ele decidiu que não queria mais e me mandou embora. Eu não pude lutar, não tive argumentos. Apenas acatei sua vontade.

Fiquei doente, me senti morta, entrei em desespero. Vi minha vida desmoronar, mas não lutei. Apenas aceitei a brincadeira do destino. Uma piada, a pior de todos os tempos.

Hoje, exatos quatro meses depois, ainda não entendi o objetivo de tudo aquilo. Ainda não sei porque ganhei um passe com apenas 60 dias de completa felicidade. As vezes sinto medo do amanhã, temo que isto seja definitivo. É apavorante imaginar que meu futuro será só e que terei apenas esses 60 dias de felicidade na memória para todo o sempre. Tempo demais para viver sozinha, tempo demais para não ter alguém com quem partilhar o melhor e o pior.

Mas me sinto bem. Estou livre afinal. Tenho minha vida em minhas mãos e um mundo inteiro para descobrir.

Obrigada a você que foi feliz comigo, que ficou feliz pr mim. Continue por ai... ainda tem muita história por vir.

quarta-feira, junho 07, 2006

Quero muito ser Johnny Mnemonic

Quando vi pela primeira vez Keanu Reeves (uh-terêrê) na pele de Johnny Mnemonic, nos idos de 1900 e eu começando a faculdade de jornalismo, rolou aquele inveja completa e absoluta do tal personagem. Sabe quando você deseja profundamente ter aqueles poderes? Para quem não ligou o nome a pessoa, Johnny era um sujeito especial, gente boa (como 99% dos papéis de Reeves) e com um cérebro privilegiado. O talzinho era um cyborg menssageiro (sim, pq na época, assim como agora, a informação era o bem mais precioso da terra), mas nada que lembre Stallone ou Schwarzenegger quando desempenharam papeis semelhantes. O grande barato de Johnny era a saída USB na nuca. Esse pequeno detalhe me fez desistir do sonho de querer voar e roubar a energia alheia como a Vampira dos X-Man.

Prova disso é que anos e anos se passaram e eu ainda sonho com Johnny Mnemonic. Toda noite antes de dormir, sempre que estou no ônibus, no táxi, no avião... Enfim, nesses lugares chave onde pensar é a única atividade possível. É automático! Minha cabeça começa a fervilhar... produzo textos incríveis. Aparece de tudo, monólogos, diálogos, crônicas, críticas. Tudo tão naturalmente que nem consigo colocar no papel. Algumas vezes tentei, mas só o ato de mudar de posição (levantar da cama no meio da noite, por exemplo) já bagunça as tais idéias. Então me vem a imagem de Johnny tirando do bolso seu pendrive e copiando tudo que estava armazenado na sua cabecinha. Depois era só jogar no PC e pronto! Certamente eu já teria alguns livros publicados:-)

segunda-feira, junho 05, 2006

Passado presente

As coisas sempre ficam estranhas quando junho chega. Especialmente quando junho chega e traz chamadas no celular de números que vc não tem na agenda, mas lembra vagamente a quem pertencem os tais.

quinta-feira, junho 01, 2006

Pergunta do dia:

Porque quando colocamos "dead" na busca de um banco de imagens gringo vem fotos de árvores?

sexta-feira, maio 19, 2006

Solução problema para o problema original

Tem gente que é tão confusão que só se entende no meio da bagunça. Os tais PHD em zona atuam em todas as áreas e não dão refresco para ninguém.

Bem, eu confesso que fiz um curso extensivo e ganhei meu diploma.
CUIDADO COMIGO!

sábado, abril 22, 2006

Eu já disse, mas vou repetir:

Não, eu não estou chateada com vc! O problema é comigo!

Eu tenho problemas em lidar com a rejeição, acho que todo mundo é assim. Não sou perfeita, oras! Não sei o que fazer quando eu quero muito uma coisa e não consigo, chego bem perto, mas ela escapa, desejo muito mas não acontece. A reação é essa mesmo, eu fico na minha, calada e com cara de bunda. Desculpe, mas não consigo fazer melhor.

Sei que não está certo. Mas é assim que acontece. Sei que não podemos esperar nada porque a frustração é uma conseqüência iminente, mas como fazer o contrário? Não sei! Na minha cabecinha doida criar expectativas acerca de algo está intrinsecamente ligado com mostrar interesse por tal coisa.

Então, querido, se eu estou interessada em você eu espero que algo aconteça, e se não acontecer eu vou ficar frustrada, calada e fazer cara de bunda, ok?

terça-feira, março 07, 2006

Lembranças sem sentido

Sempre que jogo Paciência lembro da sua mãe. Acho que nunca te contei, mas foi ela que me ensinou. Era fim de tarde, estávamos mexendo naquele computador velho no primeiro quarto. Ele ficava ali, perto da janela. Nessa época ela ainda economizava palavras para falar comigo, bem daquele jeito pouco simpático. Mesmo assim, me ensinou a jogar Paciência.

Outra noite sonhei com seu pai. Eu nem lembrava do rosto dele, faz tanto tempo... Ainda assim, sabia que era ele. Me olhava com ternura e parecia não aprovar as coisas que você fazia. Sua sala estava desarrumada, cheia de móveis velhos, aqueles de madeira escura. O sofá estava rasgado. Tinha uma manta para cobrir o tecido puído, mas estava meio suja. E ele lá, de pé, bem no meio da bagunça. Não gostava do que via, mas me olhava com ternura. Entendi que eu não tinha culpa. Seu pai me absolveu e eu acordei mais leve.

sábado, fevereiro 11, 2006

Cegueira

Ele não viu meus olhos se abrindo no meio da madrugada só para admirá-lo
Ele não viu meus olhos sorrirem sempre que de sua boca saiam as raras palavras de carinho
Ele não viu meus olhos dizendo “eu te amo” a cada amanhecer ao seu lado
Ele não viu meus olhos felizes sempre que ele surgia
Ele não viu meus olhos mareados quando magoou
Ele não verá meus olhos apagados

Burrice

Ele não entendeu porque meus olhos sempre o observavam de longe
Ele não entendeu porque meus olhos nunca cansavam de fitá-lo
Ele não entendeu porque meus olhos se fechavam e davam lugar aos melhores sorrisos
Ele nunca entendeu porque meus olhos sempre estavam atentos aos seus movimentos
Ele não entendeu porque havia medo em meus olhos
Ele nunca entenderá porque meus olhos perderam o brilho

domingo, janeiro 29, 2006

Sobre o exílio

Tudo aconteceu rápido. Quando despertou já não estava no mesmo lugar de antes. Estava escuro. Cercada de paredes úmidas e sombrias não conseguia compreender o ocorrido. Ainda trajava as roupas de festa e sua última lembrança era de uma bela comemoração, muitos sorrisos, alegria. Mas, ao despertar acuada em um beco, ouvia apenas ruídos ao longe. Eram pessoas, um vozerio incompreensível. Atordoada, levantou-se e caminhou em direção as estranhas vozes. Deparou-se com rostos estranhos e, tendo sua presença percebia, foi olhada com pesar. Rapidamente compreendeu: fora banida de sua felicidade.

Os dias no exílio são lentos, sempre descoloridos, desprovidos de sensações extremas. Passam pesados como toras de madeira carregadas sobre os ombros. A saudade é a única companheira leal, é ela quem não permite que tudo suma da lembrança. Preserva os cheiros, os gostos, os sentidos. Faz tudo doer, mas ainda assim é bem vinda. Em meio ao vazio dos dias torpes, a dor vira dádiva.

Tempo é de fato um santo remédio. Ele transforma, encaixa, acolhe, compreende. A medida que passa muda as coisas ao seu redor. Mas, para saber de verdade o preço de um exílio, é preciso voltar.

Aos poucos foi dando conta dos tantos anos que passara fora. Ao ver as provas de sua ausência, os momentos mágicos que perdera. Foram muitos os sorrisos, as alegrias, as comemorações. O tempo, cruel e implacável, não parou. Passou rápido permitindo que aquele tanto de vida lhe fosse roubado. Olhando tudo aquilo se sente vazia, traída, lesada. A dor, dádiva de outrora, agora apenas fere.

terça-feira, janeiro 03, 2006

Muito mais que nove dias

Todo mundo tem traumas e fobias estranhas. Estudei com um menino que desmaiava com o cheiro de queijo, minha mãe não entra no mar se tiver ondas (mesmo que sejam meras marolas), minha vizinha acha que todos os cães do mundo a odeiam.

Eu passei alguns anos com medo do nono dia, dos sonhos que acabam em nove dias, das coisas boas que se esvaem em menos de duas semanas. Tanto que, no décimo dia ainda não respirava aliviada e no décimo sétimo tive uma séria recaída. Pensei que o fim estava próximo outra vez.

Alarme falso!

Hoje, chego ao dia de número vinte e três leve. Venci meu trauma e me sinto limpa, feliz, relaxada, segura e tranqüila. Perdi o medo. Agora sei que, quando o inevitável fim chegar, terei muito mais que nove míseros dias para contar.