segunda-feira, novembro 29, 2004

Uma luz no fim do túnel

Tá certo. De vez em quando pinta uma maré de azar e todo mundo ao seu redor parece saído de um filme de terror, drama e suspense, tudo junto. Fica fácil perder a velha esperança na humanidade e em todos os conceitos da sociedade. Mas nada como um fato inesperado para mudar o cenário.

O cara chega e não fala nada. Segue mudo, mesmo com toda zorra ao seu redor. Na festa se transforma, divide a pista de dança palmo a palmo e segue madrugada a dentro se divertindo como nunca. De uma hora para outra se mostra o mais gentil dos seres, tira a camisa para proteger do frio a menina tremula, se oferece para buscar lanche para os famintos e acompanhar a moça solitária até seu destino. Ah, sim, ainda dá seu telefone e pede para ligar quando chegar. "Quero saber se você chegou bem mesmo", diz com o olhar mais meigo e atencioso que os meus já viram nos últimos meses.

domingo, novembro 07, 2004

Na era dos cyber friends

Pessoas sem rosto vagam por ai. Sem braços e pernas elas podem te acolher no colo, te fazer um carinho, te emprestar um ombro. Basta você ter um modem e um meio de conexão com a grande rede que tudo começa.

Não é magia. As janelas para o mundo se abrem e lá estão elas vendo a banda passar. Sempre dispostas para trocar uma idéia qualquer. E como é fácil.

Escrever o que sentimos ou falar com quem nunca vimos ou nunca veremos. E fala-se tudo, sobre tudo. E a imaginação faz a festa. Brinca de criar rostos, paredes, quartos, casas... Como um infinito jogo de encaixar.

Os românticos se esbaldam com a aura de mistério do "nunca te vi, sempre te amei". Em tempos de solidão real, nada como um amigo virtual para descarregar as mágoas do dia a dia. Sem rostos eles sempre sorriem para nós, sem mãos sempre nos fazem afagos...

quinta-feira, novembro 04, 2004

Eu tô tentando. Eu juro que tô mesmo tentando!

Não gosto mais dessa vida, desse corpo, desse cabelo, dessas palavras e, especialmente, desses sentimentos.

A vida eu não poso mudar agora, assim de uma hora para outra. Mas vou tentando. Troquei a linha de ônibus para ir ao trabalho, mudei o caminho também de volta para casa. Mudei os móveis do meu quarto de lugar e passei a dormir olhando o céu. A música que me desperta também é outra. Fui buscar minhas fotos da formatura (enfim!), levar o CD na rádio e coloquei o papo em dia com minhas amigas. Mandei emails para meus primos e amigos de longe e tenho passado muito mais tempo em casa.

Esse corpo também está com os dias contados. Parei mesmo de comer açúcar e outras tantas bobagens. Também dei um tempo no almoço diário com os meninos comilões do trabalho. Também já marquei uma consulta na clínica de estética.

Ah o cabelo... Esse ai é o mais mutante. Sempre sobra pra ele quando todo o resto desaba. Só este mês já cortei duas vezes!

Minhas palavras, ando tão cansada delas. Parece que falo sempre a mesma coisa. Mas não é fácil deixar de verbalizar o que te incomoda. Para mudá-las preciso passar para o próximo tópico.

Esses sentimentos. Aí está a raiz de todos os meus problemas e mudá-los é o maior de todos os mistérios da minha existência.