quinta-feira, junho 25, 2015

Deu Zika!! ou O legado da Copa


Viver em um país tropical tem dessas coisas. Quando você menos espera pinta um vírus novo para a coleção de enfermidades da população.

Só a soberana Dengue já conta com quatro tipos diferentes atuando na cidade do Rio de Janeiro e, recentemente, ela recebeu o reforço de duas novas "amigas": Chikungunya e Zika.

Eu, na qualidade de carioca nascida e criada, já experimentei três tipos de Dengue e, como presente de aniversário deste ano, recebi a visita de mais um vírus. Como reincidente, já suspeitei dos primeiros sintomas e fui ao PS em busca de confirmação.

A dificuldade de um diagnóstico preciso ainda é um grande inimigo dessas viroses, sem falar na busca do transmissor. Mesmo diante de um hemograma completo é impossível dizer o que o paciente tem de verdade. E assim ouço do médico: "é um resultado com cara de dengue"; e a receita já sai quase automática: paracetamol para febres e dores mais três litros de líquidos por dia, sendo pelo menos um de soro.

Dessa vez a febre foi embora logo no segundo dia e a dor se limitou à parte traseira dos olhos. No terceiro dia quando eu já celebrava a imunidade à Dengue, amanheci com o corpo coberto por manchas avermelhadas e, para minha total surpresa, uma coceira insuportável especialmente nas mãos. E ai o diagnóstico mudou, tive que dar as boas vindas ao Zika Vírus. E foi lá pelo quarto dia que os olhos começaram a incomodar. Eles também ficaram bem vermelhos, o que parecia ser uma conjuntivite de verdade.

Mas de onde veio isso afinal? Do mosquito, o mesmo que podia ter me transmitido mais uma dengue. Só que eu não faço ideia onde ele me encontrou.

Raramente sou alvo de picadas de mosquito, mesmo morando numa casa cheia deles. Todas as manhãs e fins de tarde eles estão zumbindo pelas partes mais escuras da minha casa. São aqueles mosquitos pretos, minúsculo, que irritam mais do que prejudicam a nossa saúde. Tenho alergia e sempre que eles se atrevem ganho um calombo e muitas horas de coceira. Porém, o bendito que me trouxe esta zica (lindo trocadilho) nem sinal. Lembro de uma noite sentir o cotovelo coçar ao chegar em casa, mas como saber onde ele estava quando resolveu pegar um sanguezinho no meu braço para se alimentar?  É uma luta in gloria contra um inimigo quase invisível. 

Minha zika já está no fim. Depois de sete dias ela começa a se despedir. Ainda me traz uma dorzinha de cabeça e nas articulações dos dedos e alguma comichão nas mãos pela manhã, mas não é nada perto do que poderia ser um caso mais grave desse vírus que, mesmo tão antigo (foi isolado pela primeira vez na década de 40), se mostra tão novo a cada dia. 

Vale dizer que dados do Ministério da Saúde indicam que o vírus chegou ao Brasil durante a Copa do Mundo. Então podemos concluir que o nosso legado é literalmente uma Zika!