terça-feira, dezembro 13, 2005

Realizou!

Há tempos tenho um sonho recorrente. Chegar em casa e ver o carro (ou o próprio, a pé mesmo) de alguém especial na porta da minha casa. Isso acontece há tantos anos que a porta minha casa já mudou umas três vezes, o tal “alguém especial” então... umas 30 vezes.

O divertido é que, numa noite chuvosa de sábado, dobrava lentamente a esquina da minha rua e avistei o carro dele. A cena teve ar corriqueiro, eu já sabia que ele apareceria naquele dia e por aquelas horas, tanto que só fui notar que meu pequeno sonho recorrente se realizou uns dois dias depois do fato ocorrido!

Tem gente que passa a vida esperando algo e quando acontece nem repara. Povinho sem atenção esse!

domingo, dezembro 11, 2005

Das piadas que a vida conta

Sabe quando você assina o atestado de óbito de uma coisa, mas ela resolve dar um súbito suspiro? Fechou o caixão, chorou as últimas lágrimas, bebeu o morto e já até se acostuma com a idéia de que tudo se esvaiu, findou-se afinal.

Eis que, numa manhã chuvosa de domingo, socos e chutes são ouvidos. Eles vêm de dentro do caixão onde o suporto cadáver se contorce. Tsci, imaginação! É só a boa e velha saudade lhe pregando mais uma peça.

A tarde cai e os barulhos ainda podem ser ouvidos, mais fortes e insistentes agora. Tanto que não tardam em romper a madeira e, sem muito alarde, diga-se de passagem, espalhar toda a terra que havia sobre ele ao seu redor. Seus olhos ainda não acreditam no que vêem, seus ouvidos no que ouvem e, incrédulo, você está lá, só olhando. Até que ela avance sobre você e pronuncie TODAS as palavras. As mais mágicas, aquelas que despertam e comprovam que a coisa realmente voltou, que é real e que está ali bem na sua frente, respirando e sorrindo para você, só para você.

terça-feira, dezembro 06, 2005

A canção número 21 de Nick

Danny é uma criança autista e, como tal, tem dificuldades para se comunicar. Seu desenvolvimento é lento, quase imperceptível. Porém, sua relação com a música é tão intensa que fez com que ele criasse uma palavra para designa-la. Goggo, é assim que Danny diz música. Algo tão especial que, mesmo sem conseguir compreeder e apreender as coisas do nosso mundo, o fez criar um jeito de dizê-la para nós. Do mesmo jeito que fez com salgadinhos, natação e biscoito, suas outras grandes paixões. “Um garotinho que não fala, se põe de cabeça baixa diante de um alto falante fazendo o máximo para absorver cada nota (e quem sabe cada palavra?) da canção”.

Olho para o lado e quase não consigo distinguir a imagem da árvore de Natal que enfeita a Lagoa. Tento disfarçar e enxugar as lágrimas sem que a pequena população que viaja no 460 (sim, é preciso apenas um coletivo para povoar uma pequena cidade) perceba.

domingo, dezembro 04, 2005

Você pinta como eu pinto?

Nada como cerca de 20m² de paredes brancas para colorir.
Nada como deixa-las totalmente laranja.
Nada como fazer isso com música tocando.
Nada como ter mais duas mãos queridas para ajudar.
Nada como saber que isso tudo foi só um começo:-)

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Evangelho no almoço

Herodes se arrastava pelos corredores do palácio enquanto urrava de dor. Suas carnes fétidas, envoltas em panos banhados em essências, doíam o tempo todo. Ele, como se não fosse pouco a dor do corpo, ainda era atormentado por seus próprios fantasmas. Os espíritos de todos aqueles que tirou a vida em nome da desconfiança agora o assombram. E, nem mesmo quando adormece vencido pelo cansaço, o descanso é seu destino. Seus sonhos também são perturbados por mensageiros do além, que alimentam ainda mais sua loucura.

Daí o atendente surge com um enorme prato oval. Dentro um dos maiores hambúrgeres de que se tem notícia pelas banda do Leblon. Batatas fritas, molho de mostarda e um belo copo de milk shake. Sim, devoro tudo em tempo recorde enquanto penso em Herodes. Ah, não, nem mesmo seu sofrimento foi capaz de me tirar o apetite. A grande prova veio depois. Um belo rocambole de chocolate com doce de leite, sorvete de creme e uma incrível calda de chocolate quente. U-hu!

Ler Saramago no Joe & Leo’s tem dessas coisas:-)

terça-feira, novembro 29, 2005

Resultados?

Trinta dias mergulhada em folhas de alface de todas as nacionalidades, azeite de oliva, soja, linhaça, Becel pro-active, Ades, peixe cozido, arroz integral e 4,5kg se vão de meu pequeno corpo.

Ta legal, o tal colesterol baixou para consideráveis 215, mas e daí? Minhas calças estão caindo. Minha bunda que era pouca se acabou!

O martírio vai continuar. A meta é chegar aos 120. Imagina só, vou parecer uma anorexia.

segunda-feira, novembro 28, 2005

A criatividade como salvação

Crises constantes de falta de ar. O marasmo sufoca!
Fazer coisas iguais dia após dia, durante muitos dias, é o mesmo que morrer lentamente.

Os efeitos colaterais saltam aos olhos. Os movimentos ficam lentos, o sono se torna mais forte que qualquer outra coisa. A vontade de dormir é sempre soberana e a preguiça vira o pecado da moda.

O que fazer para o ar voltar?

Aceite o convite/desafio de uma amiga e decore o albergue dela. Pinte os móveis, pendure discos velhos com purpurina e CDs nas paredes. E deixe seu toque pessoal com suas melhores fotos em um tipo de exposição permanente. Crie, invente, dê muitas idéias. Quanto mais elas saírem de sua boca, mas ar entrará em seus pulmões e menos sono você terá.

segunda-feira, novembro 07, 2005

The revivel day

No revivel day você acorda para trabalhar com saudades da escola. Tropeça no seu grande amor da adolescência dentro do coletivo, assiste a banda que você amava quando tinha 14 anos (ou o que restou dela) na TV e termina a noite rindo muito com sua amiga, que você conhece desde os 16 anos, dos meninos que não davam a mínima para vocês na escola e agora babam quando vocês passam.

Nota do editor:
Diazinho estranho!

sexta-feira, outubro 28, 2005

Ápice da tristeza

Ir ao Joe & Leo's com os amigos e comer um hamburger de arroz!

Isso não é vida!!

terça-feira, outubro 11, 2005

Dieta xiita

Da noite para o dia tudo que você mais gosta de comer vira um veneno. Chocolate, leite, yogurte, manteiga, pizza, pão, Nescau, toddynho, crepe, sorvete...

Burlar a regras? Nem pensar. Qualquer traço de gordura que passar por minha delicada boquinha em direção ao, agora, meu limpíssimo organismo causará um tremendo revertério. Vcs não têm noção do quanto é explosiva a combinação do Crestor (remédio para colesterol) com o leite de soja. Uma merda, literalmente!

Como alguém pode viver assim e ainda manter o bom humor?

Me deixem sofrer em paz!

domingo, outubro 09, 2005

Difícil digerir

Ainda estou tentando descrever a sensação.
Uma pessoa pequena, relativamente magra, tecnicamente sedentária e com uma alimentação meia bomba. Um belo dia chega o resultado: 440 de colesterol!!

Sentada à frente do médico ouve:
-Em 27 anos de profissão, nunca vi um exame assim.

Na seqüência vem:
-Vou inscrever vc num programa de pacientes crônicos.

Duas falas que entraram para minha história pessoal. Duas daquelas coisas que nos lembramos em momentos limites da vida.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Divagações sobre o casamento

Palavras de uma amiga casada há quatro anos:
"Você casa antes mesmo de qualquer formalidade ou convenção. Você casa quando sai com outra pessoa e pensa nele, quando entra numa loja e acaba comprando uma coisa para ele, quando vê as coisas e sabe que ele adoraria. Quando tudo isso acontece você está casada"

Minhas palavras:
"Agora preciso avisar ao meu marido que ele tem uma esposa"

domingo, agosto 21, 2005

Um querido!

Ele é uma pessoa fofa! Cheio de sorrisos e sempre deixando tudo às claras. Um verdadeiro achado! Mas, é claro que tão especial assim, ele já está ocupado.

Os encontros esporádicos e fugazes sempre foram guardados com carinho. O motivo? A verdade sempre esteve presente. Assim, ele pode até sumir durante anos a fio, mas quando aparece é sempre uma alegria. E quando diz: "- você pode não acreditar, mas eu senti saudades", é capaz de fazer o chão tremer sob seus pés!

domingo, agosto 14, 2005

Os opostos se repelem!

De tão diferente ele me fez ouvi-lo, afinal, o poder da argumentação era ponto em comum. Mas no fundo sabia q era uma insistência tola. Deixei q me levasse até seu distante mundo, mostrasse suas paisagens, explicasse suas teorias, contasse sua história. Confesso que foi agradável. Mas, não nasci para viver em perigo constante!

Pessoas diferentes significam trabalho extra. Trabalho extra causa estress. O estres aumenta as batidas do coração e aumenta meu colesterol, sem falar nas variações no tom de voz (para cima, é claro) e no humor (para baixo, é evidente!), na queda de cabelo e nas manchas na pele. Pronto! Fiquei feia, chata e doente.

Virei outra pessoa!

sexta-feira, agosto 12, 2005

É assim...

Se estamos bem perto, ele nunca faz nada.
Se eu o toco, ele fica parado.
Se faço um carinho, ele congela.
Quando o olho de longe, ele sorri.
Quando olho de perto, ele desvia o olhar.
Se digo obrigado pessoalmente, ele diz que eu já disse por email.
Quando digo que o amo ele responde: "- Tá."

Mas chamo pro braço o primeiro que disser que não existe paixão nessa relação!

quarta-feira, agosto 03, 2005

Depois da estrada

Vinte dias viajando sozinha e concluo que sou assim mesmo e pronto!
Eu não bebo, não falo com qualquer um, não gosto de bagunça e sou tímida. Sou seletiva, silenciosa, inteligente, tranqüila, observadora, preguiçosa, segura e muito (mas muito mesmo!) corajosa. Mas nada disso funciona em tempo integral.

quarta-feira, julho 13, 2005

Novo roteiro

[Plano aberto] Os dois caminham lado a lado pela Rua da Glória em direção ao Passeio Público. [Plano fechado nela] Ela, com as mãos nos bolsos da calça, olha o chão. [Plano fechado nele] Ele, também com as mãos nos bolsos, observa, desatento, o caminho à sua frente. Ele quebra o silêncio:

Ele: - Diz alguma coisa.
Ela: - Eu amo você!

Ele pára, olha para ela, faz cara de surpresa e abre aquele velho sorriso meio cínico. Ela, ainda com as mãos nos bolsos da calça, olha para ele e prossegue:

Ela: - Obrigada por ter voltado, se explicado... pelo sábado... Você não tem idéia de como foi importante...

Ele não diz nada, só a observa com a velha expressão de cansaço. O monólogo continua:

Ela (sorrindo): - Me sinto mais leve agora. É como se depois de anos eu conseguisse respirar outra vez. Agora entendo que você não se foi por causa da fulana, da sicrana, da pressão, da confusão... Você se foi por mim mesmo! Foi embora porque não existia motivo para ficar. Já estava saciado. Matou sua vontade, a curiosidade e foi só.

Os dois voltam a caminhar. Ela mantém a expressão tranqüila, a voz firme e o mesmo sorriso sincero.

Ela: Só lamento por mim. As coisas do lado de cá ficaram mais sérias... muito mais sérias do que eu mesmo achava.
Ele: .......

Chegam ao ponto do ônibus. Ele a abraça forte como de hábito. Ela embarca no coletivo. Ele atravessa a rua e caminha em direção à Glória. [Plano aberto] Câmera nele caminhando [Música em off: And so it is… Just like you said it would be… Life goes easy on me… Most of the time… And so it is…The shorter story…No love, no glory…No hero in her sky]. Corta. Ela sentada na janela no ônibus. [Plano fechado] Câmera nela olhando pela janela. Imagem dele caminhando. [Música em off: I can't take my eyes off you... I can't take my eyes off you... I can't take my eyes off you... I can't take my eyes off you...]

quinta-feira, maio 26, 2005

A porta se abriu!

Depois de muito esperar, ela o vê saindo pela porta. Precisa apertar o passo para alcança-lo, já que a emoção do momento a deixou com os pés pesados como chumbo.

Alguns minutos de silêncio, passadas largas, coração na boca e inúmeros "mini-flashbacks" a conversa tem início. O discurso é bolorento, sem novidades. Assunto exaustivo, os velhos motivos e aquele mesmo jeito de não dizer nada com muitas palavras. Enquanto ele narrava seus atos, as tentativas e acontecimentos dos últimos anos, ela ouvia com jeito de vidente bem sucedida. De alguma maneira todas as novidades dele eram velhas para ela. Era como se um oráculo já tivesse revelado a ela todos os passos que ele dera durante a longa separação dos dois.

Mais uns poucos minutos e tudo é colorido outra vez. Já conseguem sorrir juntos, fazem piadas como nos velhos tempos. A sensação é de que o tempo não passou. Os três anos e toda a mágoa, dor, raiva e ressentimento foram de esvaindo do peito dela. Leve como há tempos não se sentia, ela se despede de pois de poucas horas de conversa sem nenhuma definição.

Porém, em algum lugar está definido que dele ódio nenhum, em tempo algum, ela sentirá.

quarta-feira, maio 25, 2005

Ela, a porta e o medo

Quantas coisas passam pela cabeça dela enquanto espera do lado de fora. É como se seu futuro dependesse da abertura daquela porta.

No fundo não queria que as cosias fossem daquela maneira. Definitivamente não. Mas ainda não sabe como evitar e comandar tais mudanças.

Está claro que ele não a quer, não do mesmo jeito que ela o deseja, não do jeito que ela quer se dar. E, de alguma forma, ela também não o quer mais. Foram muitos os vacilos, a maioria em momentos chaves e com coisas importantes para ela. Tanto que nem reconhece mais o homem pelo qual se apaixonou. Foi covarde, egoísta, mesquinho e cruel.

Mas, lá está ela, sentada do lado de fora sem encontrar o maldito botão. Um vermelho escrito emergência, ou outro qualquer que desligue tudo. Continua insegura, sem chão. Trêmula com a simples presença, vazia com a ausência. Sente saudades e raiva. Tem muita mágoa. Quer dizer coisas sem sentido, ofendê-lo e beijá-lo a face com ternura. Quer socá-lo bem no estômago e aconchegar-se em seu colo macio. Quer magoá-lo a todo custo e amá-lo com sempre sonhou, para todo sempre.

E a maldita porta não se abre...

A angústia corrói por dentro, sente amargar-lhe a boca. O ar chega a faltar. Sente vontade de chorar, chorar muito, ali mesmo sobre o chão de madeira. É o medo. Medo daquela porta, do que será quando ela finalmente se abrir e ele sair, das palavras dele saírem... Medo do que vem depois e do que nunca mais virá.

quinta-feira, maio 05, 2005

Hoje o dia não tinha nada de especial

Tirando o fato de sobreviver a um telefonema esperado por intermináveis 31 meses, o dia de hoje não tem nenhum peso no meu calendário pessoal. Mesmo assim decidi comemorar. Finalizei o 05/05/05 com um piercing. O dia tenso, angustiante, cheio de conflitos e velhas lembranças foi finalizado com uma boa dose de dor física.
Forças da Natureza

Preciso de um pedacinho de mar que me tranquilize. Um tanto de lagoa plácida que me acalme.

A noite é sempre quem acoberta os acontecimentos. E não adianta luz do sol para clarear ou céu azul para eluciadar. Os pensamentos embaralhados pela força do vento se refazem em nós.

Só resta esperar que venha a tempestade e que a chuva lave tudo ao seu redor. E depois da enxurrada, ver o que restou enfim.

domingo, maio 01, 2005

Disciplina agendada

Fazia tempo que eu não tinha uma agenda de papel. Esse ano eu quis porque quis ter uma. Lembro que gastei umas boas horas escarafunchando prateleiras de lojas em busca de uma que se parecesse comigo. Tinha que ter um daqueles plásticos da primeira página para colocar fotos ou documentos, adesivos bonitinhos, uma página para cada dia, espiral e uma capa colorida escrito 2005. Simples assim. Mas demorei algumas semanas para encontrar.

Algumas eram infantis demais, outras muito adolescentes, tinha aquelas lindas e caríssimas. As que vinham com bolsinha, com pelúcia, capa de couro... Nem preciso dizer que as mais indicadas para minha faixa etária nem me despertaram atenção (ah, Peter q não me larga!). Enfim optei por um modelo básico (leia-se Tilibra). Capa dura, espiral, fundo rosa e algumas flores para a linha adolescente. Adesivos fofos, o tal plástico para as fotos, páginas coloridas, espaço para anotar os filmes q vi, os livros que li, os caras q peguei (hahaha, esse é realmente um espaço polêmico).

Bastaram algumas semanas para lembrar porque não tive agenda de papel nos últimos dez anos. A camada de poeira que se criou sobre a coitada largada na mesa é testemunha. A consulta no dentista que faltei, a conta que esqueci de pagar e o aniversário do meu primo que passou em brancas nuvens reforçam a teoria.

Na verdade preciso de disciplina para criar (ergh!) rotinas. Usar uma agenda é um trabalho árduo. Você precisa de um ritual diário. Anotar os compromissos, verificá-los todas as manhãs e retornar no final do dia. Assim mesmo, sistematicamente. Tá legal...

Volto a sonhar com Johnny Memmonic e seu chip implantado. Só isso poderá me salvar.

sábado, abril 30, 2005

Eu & Eu

Não tem tempo ruim. Chegamos, escolhemos o melhor lugar para sentar. Sempre concordamos que a melhor audição é o que importa. Ver o palco também é importante, e lá vamos nós encarar a muvuca só para ver de perto a movimentação dos roadies e músicos. Quanto tudo acaba, nada de sair correndo. Queremos sim ler os créditos do filme para saber quem foi o sonoplasta e de quem são as músicas. Coisa que vale também no show. Enquanto existir equipamento de palco ligado ou roadies circulando, lá estamos nós reparando em absolutamente tudo. Se a música é boa, vamos dançar até cansar. Se é ruim, adiantamos a volta pra casa.

As noitadas comigo são sempre assim, tranqüilas. Faz tempo que descobri que eu sou mesmo minha melhor companhia e sair sozinha tem sido um programa e tanto.

sexta-feira, abril 29, 2005

Os anjos do Humaitá

O primeiro surgiu do nada. Numa noite de trabalho e ele lá, só olhando. Como se não pudesse passar ilesa, ela teve que topar com ele naquela mesma noite. Formalmente apresentada se pôs a observar de perto os encantos do discreto rapaz. E que encantos. Discreto, brincalhão e com um irresistível jeito tímido, ele foi conquistando um espaço já esquecido. Depois de um almoço de trabalho ela se viu completamente apaixonada pelo anjo discreto.

O segundo estava sozinho, visivelmente triste, sentado numa mesa de bar enquanto a festa rolava solta bem ao seu lado. Amigos em comum e ele se juntou a mesma festa que ela. A esta altura, ela já estava abalada com a presença do rapaz. Sofrera um daqueles tiros certeiros. Passou toda a noite reparando cada detalhe do anjo triste.

Os dois, discreto e triste, não se conhecem. Compartilham as mesmas aptidões, os mesmo tipo físico e exercem sobre ela o mesmo poder de atração. Moram no mesmo bairro. Também compartilham o mesmo hábito, o de deixa-la no vácuo.

segunda-feira, abril 25, 2005

Dois anos já se passaram

Há exatos 24 meses eu criei esse lugar. Não consegui relembrar o que de fato passava pela minha cabeça para colocar no ar mais esse blog. Sim, o Gremilins não é o primeiro. Tive outros desde minha estréia como usuária voraz e apaixonada da web nos idos de 1998. O interessante é q essa versão resiste e hoje completa dois anos no ar. Tudo bem, não é nenhum exemplo de publicação linear nem nada do que uma jornalista possa se orgulhar, mas quem me conhece e navega por aqui vez por outra sabe q esse lugar é muito a minha cara. Tão inconstante quanto eu, tão animadinho, meio deprê às vezes, melodramático quase sempre e bem engraçado. Pena que nem tudo que acontece no mundo do lado de cá da realidade possa ser explanado aqui. Na verdade até pode, eu é que não tenho lá muita paciência para fazer desse lugar um diarinho. Prefiro deixar minhas idéias flutuantes pousando por aqui desse mesmo jeitinho descompromissado. Gostaria mesmo de ser o Jonny Memmonic e ter um memory stick na nuca para armazenar todos os textos bacanas que formulo enquanto cruzo a cidade ou caminho por ai. Acho q ai sim eu teria um blog de orgulhar qualquer jornalista. Ou não...

Então é isso. Um feliz aniversário pro meu bloguinho:-)

quarta-feira, abril 13, 2005

"Cariocas são alegres, cariocas são bacanas"

Quando aceitei a proposta de emprego para trabalhar na zona sul, numa província chamada Leblon, esperneei, xinguei, mas fui. É contra-mão para mim, levo horas para chegar lá, não tem condução direta, o trânsito é caótico, todas as coisas são caras e o comércio uma droga! A lista de reclamações crescia a cada dia e meu humor diminuía a cada semana.

Mas, como não existia outro jeito, a empresa não se mudaria dali tão cedo e eu não estava nem um pouco interessada em redigir mais uma carta de demissão em tão pouco tempo, comecei a relaxar. Hoje, cerca de oito meses depois, me sinto melhor. Já não me perco nos quarteirões, consigo caminhar até Ipanema e voltar sem reclamar de tudo e até me divirto com o clima de estúdio de TV que existe nas ruas, já que nove em cada dez atores globais moram nos arredores.

Aos poucos vou descobrindo os pequenos prazeres de viver na província. Coisas como descer no ápice do estresse, caminhar até a praia e sentar numa cadeira do quiosque, tirar os sapatos e beber uma água de coco enquanto o sol se despede no horizonte. Ou ainda comprar brownie e sorvete de creme no Ataulfo (um dos melhores sorvetes da cidade) e fazer seu próprio Petit Gateu, jogar conversa fora no Bracarense com os amigos depois do trabalho, sair rolando de tanto comer na Pizzaria Guanabara e brincar com aquele bando de Labrador e Golden Retriever que circula pelas ruas do bairro dia e noite.

Resumindo: não é possível resistir por muito tempo aos encantos dessa cidade maluca. A verdade é que sou carioca e isso não tem jeito!

sexta-feira, abril 08, 2005

Quando tudo parece ruim, a tendência é piorar...

Sexta-feira, você tem um dia daqueles no trabalho. Só consegue sair cerca de três horas depois do seu horário e descobre que perdeu a hora do cinema e que suas possíveis companhias já se adiantaram, sem você, é claro. Ai a idéia de um passeio pela cidade para ver se esquece tudo parece boa. Pega aquele ônibus que leva uma hora para deixar você no meio do caminho até sua casa, mas pelo menos segue a orla e te distrai com a bela paisagem dessa cidade caótica.

Você até chega meio relaxada. Desce do ônibus, anda um pouco entre as mesas de bares lotados pelas ruas, vê as pessoas bebendo, rindo, se divertindo, afinal, é sexta-feira e se você ficou na pista azar o seu! Ao embarcar, já resignada em sua dor, no segundo coletivo a caminho de casa, você se sente feliz por optar por um veículo com ar condicionado, cadeiras confortáveis e som ambiente. Só que começa a segunda etapa do seu martírio. O motorista coloca numa dessas rádios que só toca musiquinha mela-cueca na sexta à noite.

Então tudo volta.... O que resta é mesmo se jogar nas duas cadeiras confortáveis e cantar como uma maluca todas essas músicas durante o percurso de cerca de 40 minutos. E não se preocupe, o clima de penumbra dentro do ônibus não permitirá que ninguém se lembre da sua cara.

domingo, março 27, 2005

Um Coração Congelado Dentro de Um Saco Plástico ou Uma Vida Sem Expectativas

A coisa toda tinha gosto de reencontro, ela nunca esquece quem a impressiona à primeira vista, seja para o bem ou para o mau. Mas a verdade mesmo é que na hora do beijo não importava mesmo se tudo fora combinado, se alguém havia bebido além da conta ou qualquer outra coisa. Era mais um daqueles momentos sagrados onde se realizam pequenos sonhos.

O fim de tudo veio rápido como o começo. Um convite recusado, o clima sério, segredos revelados e pronto! A terapia ensinava a não criar expectativas e tudo se dissipava assim, ali mesmo, na rua molhada pela água da chuva onde velhos e novos boêmios ainda bebiam seus tragos.

Ainda podia sentir o cheiro dele, o gosto. Nem tentou lutar contra, se deu por derrotada logo de cara e descansou em seu leito. Sabia mesmo que nada passaria assim tão rápido.

Nos dias que se seguiram as palavras dele martelavam sua cabeça. A idéia de viver sem expectativas parecia assustadora. Segura, porém, assustadora. Tentava identificar em sua história pregressa algo que acontecera sem que ela esperasse ou desejasse. Não conseguia.

Hoje, ainda tenta, sem sucesso, formular uma teoria sobre isso. Uma velha e divertida mania.

sábado, janeiro 08, 2005

Depois de anos ele volta a ser assunto.

Gastei sim bons minutos falando sobre ele, coisas boas e ruins. Bateu saudade, muita mesmo. Daquelas que dão nó na garganta. Mas hoje tenho a certeza de que tudo passou, mesmo com aquela ponta de vontade de voltar no tempo.

Talvez tenha sido melhor assim, cada um para seu lado. Mas esse talvez... Nunca vamos saber de verdade. A única certeza é a saudade. Marcou. Foi bom, foi ruim, foi tudo. Ele sempre viverá de alguma forma aqui no peito.

O assunto acaba, eu me despeço e vou embora. Nessa hora Renato Russo (o melhor amigo que tivemos) diz:

"De tarde quero descansar, chegar até a praia
Ver se o vento ainda está forte
E vai ser bom subir nas pedras
Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando tudo embora

Agora está tão longe
Vê, a linha do horizonte me distrai:
Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui, dentro de mim?

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você está comigo o tempo todo
Quando vejo o mar
Existe algo que diz:
- A vida continua e se entregar é uma bobagem

Já que você não está aqui,
O que posso fazer é cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos
Lembra que o plano era ficarmos bem?

- Ei, olha só o que eu achei: cavalos-marinhos"

terça-feira, janeiro 04, 2005

Frango grelhado e água de coco

A mídia tem mesmo um poder avassalador. Quem poderia imaginar o dia em que compraria uma maça, um Polenguinho e um leite achocolatado no balcão do Mc Donalds? Pois é, o efeito Super Size Me provocou a radical mudança no atual cardápio da mais famosa rede de fast (and junkie) food do mundo. O cara que resolveu mostrar os efeitos dos sanduíches da casa no organismo de um cidadão comum, provocou uma revolução.

Nos EUA a história começou com uma vasta campanha publicitária. Por aqui a coisa veio mais silenciosa. Maças, iogurtes, leitinhos, queijos e agora o tal frango grelhado com saladinha e a água de coco, foram aparecendo em cartazes no interior das lojas e alguns comerciais escassos na TV.

Mas qual é a graça de comer uma maça no Mc Donalds? Como deve ser frustrante beber água de coco no lugar do refrigerante ou dos sucos cheios de corante? Não faz mesmo o menor sentido. Ainda bem que eles lançaram também o tal super quarteirão (u-hu!), dois andares com o hambúrguer mais grosso da casa. Peça na promoção grande, com batata grande e suco de uva. Tudo isso para manter a tradição:-)

Amo muito tudo isso!!!

segunda-feira, janeiro 03, 2005

Bacana mesmo aquele dia que cruzei com ele por aqui.

Estava assim, meio ocupada, amarrando meu querido All Star quando ele me chamou. "Oi, boa noite", dizia com uma voz tãããão bonita. "Boa noite? Onde você está afinal se aqui a noite ainda não chegou?", respondi descompromissada e irreverente. Ele, sério, disse onde estava e a hora que marcava em seu continente. E lá se foram uns bons 40 minutos de papo agradabilíssimo. Eu estava saída, mas não resisti àquela voz nem aos assuntos propostos um atrás do outro. Conversas inteligentes me fazem esquecer da vida.

Dias depois lá estava ele outra vez com mais assunto. A conversa se estendeu por horas sem perder a graça, tanto que nem liguei se por aqui, no meu continente, o dia já se fazia notar. Seguimos assim por semanas. Encontros esporádicos e inesquecíveis, conversas marcadas pelo medo do futuro político do mundo e da violência urbana, saudades de casa, coisas da vida e até alguma sacanagem, coube de tudo no nosso imenso pacote. Brincamos de sedução, cutucamos nossas imaginações, falamos da intimidade, mesmo sem tê-la. Até que parou.

Não sei quem ele é, não sei como é o seu rosto. Não trocamos fotos, emails, ICQs ou MSNs, nem imagino como encontrá-lo outra vez. Uma pena. Mais de um mês e nenhuma notícia, nenhum encontro casual, ainda assim gosto de brincar de imaginar um rosto para ele. Gosto de olhar as pessoas na rua e escolher um corpo, um andar, um dar de braços ou balançar de cabeça. Chega a ser divertido.

Bom mesmo seria mais um encontro casual, mais conversas sem fim, mais assuntos sem rumo, mais papos sem noção. Muito boa essa amizade sem regras, esse gostar sem tréguas.



Jú, vc deixou saudades.
Apareça!

domingo, janeiro 02, 2005

Doze coisas boas de 2004

1.Shows do Robi em São Paulo, Irom Maiden, Doors, Kraftwerk, Village People e BB King
2.Fat Boy Slin na praia
3.Fred;-)
4.Danniel cantando Feelings na TV
5.Churrasco de aniversário
6.Jú no Skype
7.Ad Business
8.Festival de Verão de Salvador e rever a família por lá
9.Chamuscadas:-)
10.Meu Ratinho dizendo que me ama no estacionamento do shopping:-)
11.Beijo do Ian Atsbury (ai, ai...)
12.Muitos novos amigos!

Doze coisas ruins de 2004

1.Sair da M&T
2.Guto
3.Perder a cobertura
4.Audiominas
5.Clima doméstico
6.César Maia outra vez
7.Bush outra vez
8.Guerra urbana
9.Solidão
10.Meninos
11.Danniel
12.Mentiras e omissões

sábado, janeiro 01, 2005

Ano Novo....

Aquela sensação irritante de que tudo mudou é sempre a mesma. Sim, isso é de fato muito chato, já que temos consciência de que muda mesmo apenas o calendário. “Dessa vez vai!”, “Esse ano será melhor”, “Tudo vai ser diferente!”. Já passei da idade de acreditar nessas coisas.

Na real preciso de um calendário novo, joguei o meu fora pq as folhas acabaram. De novo mesmo, terei outras 12 folhinhas com 365 dias para contar, viver, realizar sonhos, conquistar coisas, perder outras tantas, descobrir, rever, aprender, sentir.

Ta legal, o tal espírito do Ano Novo acaba contagiando mesmo. Acredito sim nas boas energias que os votos de felicidades que os amigos, familiares e até desconhecidos (Interessante isso, as pessoas que nunca te viram na vida te desejando coisas boas. Ponto para a passagem de ano!) oferecem. Esses bons pensamentos influenciam nossas atitudes de alguma forma, mesmo que momentaneamente. A mágica está ai. Essa a mudança importa mais que a do calendário.

E todas aquelas simpatias, amuletos, cores para as roupas e sapatos, simbolismos, crendices e tudo mais que a razão não explica. Adoro essa magia. São pequenas bruxarias que todo mundo acaba cedendo, mesmo os mais incrédulos. Come-se peixes que nadam para frente e não aves que ciscam para trás; lentilhas são como moedas e atraem dinheiro; rosa é amor e vermelho é paixão; pisar com o pé direito; pular sete ondas; pegar a rolha da garrafa; vestir roupa nova... Atire a primeira semente de romã quem nunca fez, participou ou mesmo se sentiu tentado a experimentar alguma dessas crendices. E toda religião tem a sua.

Mas não tem jeito, o ano mudou, mas as verdadeiras mudanças e novidades quem vai fazer sou eu. Como diria Drummond “Tem que merecer um novo ano”. Então junte-se ao time e faça você mesmo.

Um bom novo ano para você que vai se fazer merecer:-)