terça-feira, abril 10, 2007

Ponte de lembranças

Dia desses eu atravessava a ponte sobre a linha férrea que divide meu bairro em dois. Nada demais se não fosse um trajeto com um quarto de século da minha vida. Não tenho noções de distâncias ou metragens em geral, mas o percurso de menos de cinco minutos é repleto de mini-flashbacks.

Lembro da primeira vez passando por ali sozinha e com as pernas trêmulas. Aquele misto de medo e excitação. Até hoje faço coisas assim quando vou a algum lugar movo pela primeira vez, fico repassando o trajeto na cabeça inúmeras vezes, leio o nome das ruas anotados (normalmente na palma da minha mão – sim, tenho o péssimo hábito de me rabiscar desde sempre) dezenas de vezes e sempre acho que estou perdida para sempre. É motivo de sobra para ficar com as pernas bambas.

Segurava a saia do uniforme da escola, sempre muito curta para subir a escada tão alta. Era por ali que eu passava com a turma do colégio todos os dias. Também foi ali que eu vi o menino mais bonito da escola pixar um muro e ganhar aquele ar de bad boy que só os caras do cinema tinham. E foi para lá que eu arrastei aquele menino lindo do cursinho que eu estava louca para beijar.

Hoje, enquanto passava por este mesmo lugar cheio de lembranças, reparei no sol quente, no céu azul e na data do calendário. Há 15 anos eu passei por ali num dia como esse. Eu voltava de uma manhã exaustiva de aulas intermináveis. Era um domingo e eu estudava todas as manhãs e as tardes descia aquelas mesmas escadas dizendo que não voltaria no próximo domingo, que não queria mais aquela vida. Só não consegui lembrar o que eu queria.

Tentei fazer um resgate. Queria saber se eu me realizei. Se nos últimos 15 anos eu cheguei onde planejava. Acho que não planejei direito ou simplesmente não planejei porque como há 15 anos eu penso a mesma coisa: não quero mais essa vida. Ainda estou buscando uma nova.


sexta-feira, abril 06, 2007

A cura

Estou mesmo curada!!!

Pode parecer loucura. Me sinto arrasada, triste, muito triste. Achei que nunca mais sentiria essa dor outra vez. Na verdade não lembrava mais como doía, o quanto doía. Mas enfim... estou ferida e me sinto bem. Voltei a sentir tudo com a mesma intensidade de antes.

Tô na merda, mas tô feliz.