sábado, abril 30, 2005

Eu & Eu

Não tem tempo ruim. Chegamos, escolhemos o melhor lugar para sentar. Sempre concordamos que a melhor audição é o que importa. Ver o palco também é importante, e lá vamos nós encarar a muvuca só para ver de perto a movimentação dos roadies e músicos. Quanto tudo acaba, nada de sair correndo. Queremos sim ler os créditos do filme para saber quem foi o sonoplasta e de quem são as músicas. Coisa que vale também no show. Enquanto existir equipamento de palco ligado ou roadies circulando, lá estamos nós reparando em absolutamente tudo. Se a música é boa, vamos dançar até cansar. Se é ruim, adiantamos a volta pra casa.

As noitadas comigo são sempre assim, tranqüilas. Faz tempo que descobri que eu sou mesmo minha melhor companhia e sair sozinha tem sido um programa e tanto.

sexta-feira, abril 29, 2005

Os anjos do Humaitá

O primeiro surgiu do nada. Numa noite de trabalho e ele lá, só olhando. Como se não pudesse passar ilesa, ela teve que topar com ele naquela mesma noite. Formalmente apresentada se pôs a observar de perto os encantos do discreto rapaz. E que encantos. Discreto, brincalhão e com um irresistível jeito tímido, ele foi conquistando um espaço já esquecido. Depois de um almoço de trabalho ela se viu completamente apaixonada pelo anjo discreto.

O segundo estava sozinho, visivelmente triste, sentado numa mesa de bar enquanto a festa rolava solta bem ao seu lado. Amigos em comum e ele se juntou a mesma festa que ela. A esta altura, ela já estava abalada com a presença do rapaz. Sofrera um daqueles tiros certeiros. Passou toda a noite reparando cada detalhe do anjo triste.

Os dois, discreto e triste, não se conhecem. Compartilham as mesmas aptidões, os mesmo tipo físico e exercem sobre ela o mesmo poder de atração. Moram no mesmo bairro. Também compartilham o mesmo hábito, o de deixa-la no vácuo.

segunda-feira, abril 25, 2005

Dois anos já se passaram

Há exatos 24 meses eu criei esse lugar. Não consegui relembrar o que de fato passava pela minha cabeça para colocar no ar mais esse blog. Sim, o Gremilins não é o primeiro. Tive outros desde minha estréia como usuária voraz e apaixonada da web nos idos de 1998. O interessante é q essa versão resiste e hoje completa dois anos no ar. Tudo bem, não é nenhum exemplo de publicação linear nem nada do que uma jornalista possa se orgulhar, mas quem me conhece e navega por aqui vez por outra sabe q esse lugar é muito a minha cara. Tão inconstante quanto eu, tão animadinho, meio deprê às vezes, melodramático quase sempre e bem engraçado. Pena que nem tudo que acontece no mundo do lado de cá da realidade possa ser explanado aqui. Na verdade até pode, eu é que não tenho lá muita paciência para fazer desse lugar um diarinho. Prefiro deixar minhas idéias flutuantes pousando por aqui desse mesmo jeitinho descompromissado. Gostaria mesmo de ser o Jonny Memmonic e ter um memory stick na nuca para armazenar todos os textos bacanas que formulo enquanto cruzo a cidade ou caminho por ai. Acho q ai sim eu teria um blog de orgulhar qualquer jornalista. Ou não...

Então é isso. Um feliz aniversário pro meu bloguinho:-)

quarta-feira, abril 13, 2005

"Cariocas são alegres, cariocas são bacanas"

Quando aceitei a proposta de emprego para trabalhar na zona sul, numa província chamada Leblon, esperneei, xinguei, mas fui. É contra-mão para mim, levo horas para chegar lá, não tem condução direta, o trânsito é caótico, todas as coisas são caras e o comércio uma droga! A lista de reclamações crescia a cada dia e meu humor diminuía a cada semana.

Mas, como não existia outro jeito, a empresa não se mudaria dali tão cedo e eu não estava nem um pouco interessada em redigir mais uma carta de demissão em tão pouco tempo, comecei a relaxar. Hoje, cerca de oito meses depois, me sinto melhor. Já não me perco nos quarteirões, consigo caminhar até Ipanema e voltar sem reclamar de tudo e até me divirto com o clima de estúdio de TV que existe nas ruas, já que nove em cada dez atores globais moram nos arredores.

Aos poucos vou descobrindo os pequenos prazeres de viver na província. Coisas como descer no ápice do estresse, caminhar até a praia e sentar numa cadeira do quiosque, tirar os sapatos e beber uma água de coco enquanto o sol se despede no horizonte. Ou ainda comprar brownie e sorvete de creme no Ataulfo (um dos melhores sorvetes da cidade) e fazer seu próprio Petit Gateu, jogar conversa fora no Bracarense com os amigos depois do trabalho, sair rolando de tanto comer na Pizzaria Guanabara e brincar com aquele bando de Labrador e Golden Retriever que circula pelas ruas do bairro dia e noite.

Resumindo: não é possível resistir por muito tempo aos encantos dessa cidade maluca. A verdade é que sou carioca e isso não tem jeito!

sexta-feira, abril 08, 2005

Quando tudo parece ruim, a tendência é piorar...

Sexta-feira, você tem um dia daqueles no trabalho. Só consegue sair cerca de três horas depois do seu horário e descobre que perdeu a hora do cinema e que suas possíveis companhias já se adiantaram, sem você, é claro. Ai a idéia de um passeio pela cidade para ver se esquece tudo parece boa. Pega aquele ônibus que leva uma hora para deixar você no meio do caminho até sua casa, mas pelo menos segue a orla e te distrai com a bela paisagem dessa cidade caótica.

Você até chega meio relaxada. Desce do ônibus, anda um pouco entre as mesas de bares lotados pelas ruas, vê as pessoas bebendo, rindo, se divertindo, afinal, é sexta-feira e se você ficou na pista azar o seu! Ao embarcar, já resignada em sua dor, no segundo coletivo a caminho de casa, você se sente feliz por optar por um veículo com ar condicionado, cadeiras confortáveis e som ambiente. Só que começa a segunda etapa do seu martírio. O motorista coloca numa dessas rádios que só toca musiquinha mela-cueca na sexta à noite.

Então tudo volta.... O que resta é mesmo se jogar nas duas cadeiras confortáveis e cantar como uma maluca todas essas músicas durante o percurso de cerca de 40 minutos. E não se preocupe, o clima de penumbra dentro do ônibus não permitirá que ninguém se lembre da sua cara.