sexta-feira, abril 29, 2005

Os anjos do Humaitá

O primeiro surgiu do nada. Numa noite de trabalho e ele lá, só olhando. Como se não pudesse passar ilesa, ela teve que topar com ele naquela mesma noite. Formalmente apresentada se pôs a observar de perto os encantos do discreto rapaz. E que encantos. Discreto, brincalhão e com um irresistível jeito tímido, ele foi conquistando um espaço já esquecido. Depois de um almoço de trabalho ela se viu completamente apaixonada pelo anjo discreto.

O segundo estava sozinho, visivelmente triste, sentado numa mesa de bar enquanto a festa rolava solta bem ao seu lado. Amigos em comum e ele se juntou a mesma festa que ela. A esta altura, ela já estava abalada com a presença do rapaz. Sofrera um daqueles tiros certeiros. Passou toda a noite reparando cada detalhe do anjo triste.

Os dois, discreto e triste, não se conhecem. Compartilham as mesmas aptidões, os mesmo tipo físico e exercem sobre ela o mesmo poder de atração. Moram no mesmo bairro. Também compartilham o mesmo hábito, o de deixa-la no vácuo.

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