terça-feira, dezembro 07, 2004

Hoje vi o quarto cadáver

Depois de um dia exaustivo de trabalho você encara um baita engarrafamento na volta para casa, com direito a carros da polícia e uma pessoa baleada na beira da calçada. Não quis olhar, mas não pude deixar de ver o sangue correndo pelo meio fio. Até me esforcei para não ouvir os comentários dentro do coletivo, algo realmente impossível. As pessoas parecem ter prazer em cenas como esta. Todos se levantam e correm para a janela para observar o corpo caído no chão. “Foi na cabeça, tiro na cabeça. Tem um montão de sangue no chão”, dizia uma mulher com ares de entendida. “Ih, foi agorinha mesmo. Mais um pouquinho e sobrava pra gente”, esbravejava um coroa. Os poucos minutos do ônibus parado ao lado da tragédia renderam uma eternidade. Eu, de olhos fechados e cabeça baixa, tampava meus ouvidos tentando fugir dali.

O trânsito anda, o corpo e o sangue ficam para trás, mas os comentários se estendem. Agora cada um resolve contar uma história de violência urbana. “Esses pivetes que ficam aqui me roubaram uma vez, agora não tenho mais pena. Quero mais que morram todos”, dizia cheia de certezas a cobradora. “Meu cunhado foi assaltado aqui mesmo. O cara colocou um canivete no pescoço dele”, depôs o senhor de óculos.

No meio de tudo isso, eu só conseguia pensar naquele cara morto na calçada. Lembrei da moça morta no meio fio na manhã de sábado, quando eu ia para a escola há 15 anos. Ela vestia uma saia jeans igual a minha. Lembrei do menino com um tiro nas costas numa esquina da Linha Amarela, num dia de tiroteio na favela da Maré. Eu também voltava do trabalho naquele dia e ele era só um menino. Lembrei das pessoas mortas dentro do carro todo furado de balas bem em cima de um viaduto em São Cristóvão. Eu ia para o trabalho e as pessoas foram baleadas ali, dez minutos antes d’eu passar. Mas hoje, dentro daquele ônibus, ninguém se importava com o cara morto. Só contavam suas histórias de terror como uma competição para ver quem já passou mais perrengue. E eu só pensava nos cadáveres que já vi.

Quando me levantei para descer, todos se calaram. Ninguém entendeu porque só eu chorava. Ninguém mais acha estranho ver pessoas mortas. Ninguém mais se compadece da morte do próximo. Ninguém mais se revolta com os tiros nas ruas.

Não gosto mais dessa cidade.

domingo, dezembro 05, 2004

O cara na porta do evento

Sabe, eu achei você bonito. Fiquei lá, parada na porta uns 30, 40 minutos e você na minha frente. Foi tempo bastante para achar você bonito. Depois, a música rolando e você não parecia interessado. Até te vi sentado na platéia, mas logo dispersou. Vi também você olhando para mim, mas, assim como a música, não prendi sua atenção.

Uma pena, acho que você ia gostar de saber que eu achei você bonito.

Talvez estivesse triste, chateado. Talvez acordara num mau dia. Quem sabe com auto-estima abalada, moral baixa. Seria bom você saber que eu achei você bonito.

quinta-feira, dezembro 02, 2004

Eu assumo meu lado princesa

Hj cedo sai p/ trabalhar como todos os dias há pelo menos 12 anos. A supresa ficou por conta de um singelo ser de pouco mais de um metro que, agarrado a sua boneca, me olhou fixamente e, entre um decioso sorriso, soltou: "Olha só, é a Branca de Neve!". Saí gargalhando pela rua, rindo do meu próprio mau humor matinal que não resistiu a esta expontânea declaração.

Se a pequena diz isso, quem sou eu para ir contra? Sacarei minha coroa e algumas flores para adornar meus cabelos, entrarei em vestidos vaporosos e calçarei meus sapatinhos de cristal. Mesmo que sejam apenas grampos e fivelas coloridas, saias jeans e all star, vou assumir meu lado princesa e ai de quem me desafiar. Corto-lhe a cabeça!

segunda-feira, novembro 29, 2004

Uma luz no fim do túnel

Tá certo. De vez em quando pinta uma maré de azar e todo mundo ao seu redor parece saído de um filme de terror, drama e suspense, tudo junto. Fica fácil perder a velha esperança na humanidade e em todos os conceitos da sociedade. Mas nada como um fato inesperado para mudar o cenário.

O cara chega e não fala nada. Segue mudo, mesmo com toda zorra ao seu redor. Na festa se transforma, divide a pista de dança palmo a palmo e segue madrugada a dentro se divertindo como nunca. De uma hora para outra se mostra o mais gentil dos seres, tira a camisa para proteger do frio a menina tremula, se oferece para buscar lanche para os famintos e acompanhar a moça solitária até seu destino. Ah, sim, ainda dá seu telefone e pede para ligar quando chegar. "Quero saber se você chegou bem mesmo", diz com o olhar mais meigo e atencioso que os meus já viram nos últimos meses.

domingo, novembro 07, 2004

Na era dos cyber friends

Pessoas sem rosto vagam por ai. Sem braços e pernas elas podem te acolher no colo, te fazer um carinho, te emprestar um ombro. Basta você ter um modem e um meio de conexão com a grande rede que tudo começa.

Não é magia. As janelas para o mundo se abrem e lá estão elas vendo a banda passar. Sempre dispostas para trocar uma idéia qualquer. E como é fácil.

Escrever o que sentimos ou falar com quem nunca vimos ou nunca veremos. E fala-se tudo, sobre tudo. E a imaginação faz a festa. Brinca de criar rostos, paredes, quartos, casas... Como um infinito jogo de encaixar.

Os românticos se esbaldam com a aura de mistério do "nunca te vi, sempre te amei". Em tempos de solidão real, nada como um amigo virtual para descarregar as mágoas do dia a dia. Sem rostos eles sempre sorriem para nós, sem mãos sempre nos fazem afagos...

quinta-feira, novembro 04, 2004

Eu tô tentando. Eu juro que tô mesmo tentando!

Não gosto mais dessa vida, desse corpo, desse cabelo, dessas palavras e, especialmente, desses sentimentos.

A vida eu não poso mudar agora, assim de uma hora para outra. Mas vou tentando. Troquei a linha de ônibus para ir ao trabalho, mudei o caminho também de volta para casa. Mudei os móveis do meu quarto de lugar e passei a dormir olhando o céu. A música que me desperta também é outra. Fui buscar minhas fotos da formatura (enfim!), levar o CD na rádio e coloquei o papo em dia com minhas amigas. Mandei emails para meus primos e amigos de longe e tenho passado muito mais tempo em casa.

Esse corpo também está com os dias contados. Parei mesmo de comer açúcar e outras tantas bobagens. Também dei um tempo no almoço diário com os meninos comilões do trabalho. Também já marquei uma consulta na clínica de estética.

Ah o cabelo... Esse ai é o mais mutante. Sempre sobra pra ele quando todo o resto desaba. Só este mês já cortei duas vezes!

Minhas palavras, ando tão cansada delas. Parece que falo sempre a mesma coisa. Mas não é fácil deixar de verbalizar o que te incomoda. Para mudá-las preciso passar para o próximo tópico.

Esses sentimentos. Aí está a raiz de todos os meus problemas e mudá-los é o maior de todos os mistérios da minha existência.

segunda-feira, outubro 25, 2004

Cuidado comigo!

"Entre os dias 25/10 (hoje) e 15/12, você estará vivendo um ciclo de Marte muito especial que só ocorre de dois em dois anos, que é a passagem do planeta vermelho pelo ponto mais alto do seu mapa: o topo do céu ou “meio do céu”, como se fala em astrologia".

quarta-feira, outubro 20, 2004

Nada como ter pessoas interessantes à nossa volta

Às vezes vc se sente como aquele montinho de papéis amassados. Inúteis, sem graça, jogados fora. E essa sensação pode até perdurar por semanas, mas nada que te paralise ou tire você do eixo. Só aquele sentimento incômodo de que nada tem lá muita graça, especialmente sua imagem no espelho.

Mas eis que o telefone toca e aquela voz deliciosa diz do outro lado: "Tava com saudades de vc. Aparece aqui".

Pronto! Você subitamente toca fogo na papelada amassada e começa a dançar em volta da fogueira.

Viver é mesmo um grande barato!

sexta-feira, outubro 15, 2004

Testando novo software

Este post é apenas para testar a eficiencia de um novo programinha intalado na máquina no colega aqui ao lado.

E ai Rodrigo? Funcinou?

domingo, outubro 10, 2004

Nove de outubro

Achei mesmo que essa era uma data esquecida no meu calendário particular. Por vezes desejei que esse dia nunca tivesse amanhecido, que eu nunca tivesse atendido aquele telefonema, que nunca tivesse saído de casa... Sim, traumáticos mesmo os acontecimento pós nove de outubro de 2002.

Hoje, dois anos e um dia depois, dou o braço a torcer: aquele foi de fato um dos dias mais felizes da minha pequena existência. Tanto que comemoro sem mesmo saber. Ontem, dia nove de outubro, eu estava chacoalhando ao som dos hits dos anos 70 enquanto esperava uma das bandas mais representativas do felicíssimo mundo gay entrar em cena.

E foi assim, Village People no palco e eu me jogando na platéia absurdamente feliz da vida. Exatamente como há dois anos, na sala do ap dele.

"Um beijo maior do que você pode suportar"



"Young man, are you listening to me?
I said, young man, what do you want to be?
I said, young man, you can make real your dreams.
But you got to know this one thing!

No man does it all by himself.
I said, young man, put your pride on the shelf,
And just go there, to the y.m.c.a.
I'm sure they can help you today.

It's fun to stay at the y-m-c-a.
It's fun to stay at the y-m-c-a."

quarta-feira, outubro 06, 2004

O que os astros me dizem lá do Peru?

"El tránsito de Júpiter por tu casa cinco indica que durante un año vas a vivir un periodo excelente para las relaciones románticas. Sin nubes en el horizonte que te puedan molestar."

Ai ai...

segunda-feira, outubro 04, 2004

Sobre o medo

Tomada pelo medo ela estava paralisada. Mal conseguia pensar. O coração aflito, respiração ofegante, mãos tensas. Ela gesticula muito, fala apressada quase atropelando as palavras. Por vezes parece que vai cair em prantos, seus olhos mareiam e a voz embarga. Mas logo passa a mão nervosa pelo rosto tentando se recompor. Já nem sabe bem porque tudo mudou.

Respostas são o que mais precisa, mas o medo não a deixa buscá-las. Desde que descobriu que as feridas ainda se encontram abertas vive assim, acuada. No fundo sabe que tudo depende dela e que tanta angustia pode ter um fim rápido. Mas, pela primeira vez, sente medo de ir atrás.

A linha de frente sempre foi seu posto de combate. Qualquer intervenção que se fizesse necessária, era ela a primeira a atirar. Fazia valer o velho mito do corpo frágil cheio de forca. Mas as lutas foram tantas que algo se quebrou. Cansada de ver as feridas em seu corpo frágil, sente vontade de bater em retirada e pedir asilo.

Ao menos um vez, gostaria de ver a batalha de longe. Virar expectadora de sua vida e abrigar-se do conforto da tribuna até que alguém apareça no centro do palco para dizer que tudo foi um erro, que vai cuidar e protegê-la dali em diante.

domingo, outubro 03, 2004

Dúvidas

Como é mesmo que isso acontece? Você olha, gosta, troca sorrisos palavras, alguma coisa liga e sente vontade de olhar mais, falar mais. Ai beija, gosta e quer mais...

É isso mesmo não é? Esqueci de alguma coisa?

Estranhamente esse ciclo parece não fazer mais sentido. Acho q não sei mais seu significado.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Um grande susto!

Sou realmente crédula. Levo fé em tudo até que me seja provado o contrário, esse é meu limite para não parecer mais tola que o normal. Nessa história estão os oráculos, coisas que sempre me fascinaram. Admito ainda fazer uso de alguns e até manipular um, ou melhor, servir de meio para manifestação. Assim é bem mais poético.

O fato é que hoje, depois de almoçar um punhadinho de alimentos sem gordura, me pus a observar a estante de livros esotéricos e eis que uma lombada grossa com cores fortes (entre o amarelo e o marrom) me despertou atenção. Dizia: “Oráculo” em letras desenhadas.

Abri o livro achando que se tratava de um grande manual sobre todos os oráculos, mas, na verdade, o livro já era o próprio. Prometia respostas para todas as questões que dependessem de um mero “sim” ou “não”.

Óbvio que não resisti e deslizei meu polegar direito pela lateral do livro fechado com minha questão em mente. Abri uma página lá pelo meio da imensa publicação.

Quase que o deixei cair no chão o tal oráculo quando li a mensagem: “Se hoje é sexta-feira, o médium diz que sim.”

domingo, setembro 19, 2004

Sobre a sedução

Aquele jeito. Parado, ombros arqueados, meio curvado para frente. Uma das mãos no bolso e ele ouvia atentamente a menina à sua frente falar. Um figurino despojado, nada de especial, mas ainda assim ele se faz notar. Quando ela corre os olhos pelo salão quase lotado é nele que pára.

De fato não é um homem bonito. Não é lá muito alto, está um pouco acima do peso, usa o corte de cabelo mais comum do mundo. Em seu rosto não existe nada de exótico ou que faça parte dos padrões vigentes de beleza. Olhos normais, nariz normal e seu sorriso é até meio torto. Seria um cara comum se não lhe despertasse tanto a atenção. Se pôs a observá-lo fixamente por alguns minutos e eis que uma ponta de desejo se apoderou de seu corpo. Ela o reconheceu, já havia tido com o tal em outras épocas, mas o desejo ainda era vivo.

Anos atrás eles dividiam o mesmo ambiente. Encontros diários e conversas informais construíram uma relação formal e amigável. Mas as palavras e pensamentos do rapaz a seduziam dia-a-dia. A cada fato novo apresentado, a cada debate proposto, a cada divagação, mesmo que por pura diversão, ele se fazia mais encantador. Ao final de poucos dias de convivência já eram dele seus desejos mais lascivos. Tanto e de tal forma que nem mesmo os anos afastados, assim como as mudanças físicas inerentes a passagem dos tais, a fizeram esquecer.

Se aproximou e comprovou sua suspeita. Era mesmo ele. Como poderia errar? E ao final da primeira frase do rapaz já estavam lá outra vez todos os pensamentos impuros que costumava ter quando ele se aproximava. Estava mesmo seduzida e não por um corpo, mas por uma mente. Uma sedução imune ao tempo.

sexta-feira, setembro 10, 2004

O imortal da Glória

Conquistou minha confiança ao longo dos anos. Um tempo em que parecia arquitetar tal golpe. Até o grande dia em que me atraiu até sua morada. Se armou de argumentos e motivos, fez as horas correrem rapidamente até o ápice da noite. Seduziu-me com histórias do nosso passado e, ajoelhado ao meu lado me dominando com o olhar, cravou seus dentes em minhas veias sugando meu sangue. O bastante para me deixar indefesa.

Fraca, mas consciente, observava seus trejeitos. Ele me sorria e acarinhava meu rosto com delicadeza. Em nada se assemelhava ao monstro que se tornara ao revelar-me seus perversos caninos. Seus indecifráveis olhos escuros que nunca me deixaram ver o que se passava em seu coração. E que coração? Jamais pude ouvi-lo ou sentir o seu bater. Todos as pistas sempre estiveram à minha frente, mas nunca suspeitei. Agora, acuada no canto do sofá, unia as peças e esperava meu fim.

Não sentia mais meu corpo, aos poucos tudo adormecia, pernas, braços. Mal consegui manter meus olhos abertos e ele continuava ali, me admirando. Parecia esperar minha morte que vinha lentamente. Cruel. Conformei-me em ter aquilo como última visão: um homem lindo a quem eu sonhava um dia pertencer.

Era isso que tinha em mente quando ele levantou-se bruscamente e, num rompante, cortou seu pulso. O sangue escorria por sua mão. Cerrei meus olhos e senti um liquido quente entre meus lábios. Escorria garganta abaixo resfriando meu corpo já inerte. Meu coração parou, o ar não entrava mais em meus pulmões. Sentia cada artéria de meu corpo congelar. Uma dor impensável.

Senti frio. Abri meus olhos e ainda estava lá, no mesmo sofá. A sala vazia, nenhum vestígio de sangue nem de ninguém. Ele não estava mais ali. Levantei devagar e, atordoada, corri até o espelho mais próximo. Examinei meu pescoço, nenhum sinal. O apartamento vazio me deu a certeza de que tudo foi um sonho ruim. Sai pela porta sem olhar para trás.

Mais de um ano e eu não esqueço essa noite. Minhas mãos frias e minha fome insaciável me fazem crer que não foi um sonho. Ele me tirou a vida e me deu outra. Sou parte dele agora. Por toda eternidade.

terça-feira, setembro 07, 2004

"The Origin Of Love"

Gosto tanto de olhar para ele. Isso me dá a certeza de que temos metades nossas vagando por ai.

É bom mesmo olhar para ele. A camiseta básica um número acima, a calça capri e as sandálias de couro nos pés, tão a minha cara. Os cabelos desalinhados, as mãos grandes e macias, olhos pequenos, boca carnuda, tão dos meus desejos. A gargalhada gostosa, o abraço aconchegante, o olhar doce, tão das minhas vontades. Os projetos, os sons, os filmes, os sonhos, tão dos meus gostos.

O vazio que deixa quando está longe, a saudade que provoca, a falta que faz.... Me sinto tão parte dele, acho ele tão meu que nem sei.

domingo, setembro 05, 2004

Sobre a dormência

Deixou para trás uma semana ansiosa. Dias planejando situações, ponderando motivos e estudando possibilidades. O querer/não querer presente 24h por dia. Um trabalhão. Abafar culpas, exaltar bons momentos, relembrar as coisas ruins, desencavar porquês... Aquilo seria de fato um reencontro.

Por todo o caminho o coração acelerado. Quanto mais se aproximava aumentava a vontade de desistir e voltar. Caminhando a passos pequenos, desses que nunca querem chegar. O medo ao reconhecer o portão. Calafrios ao olhar através das grades.

As horas se arrastam, os assuntos se sucedem até ele finalmente surgir e, lentamente, cruzar a porta. Expressão de absoluta surpresa quebrada pela profunda frieza do "oi". No lugar de todas as emoções que transbordaram por todo o dia só restou o torpor. Uma dormência que impediu terminantemente que seu olhar com o dele cruzasse, que suas palavras a ele se dirigissem, que seu corpo o dele tocasse.

quarta-feira, agosto 25, 2004

Internet, ai como eu a amo!

E quem mais me proporcionaria a incrível sensação de torçer pelo meu país nas Olimpíadas em plemo horário de trabalho?

Assisti todos os jogos dessa tarde vitoriosa. Saiu até uma medalha de ouro inédita! Ganhamos todas lá em Atenas e eu vi tudinho aqui do Rio, sentadinha na minha cadeira no escritório. Ente um Alt+Tab e outro acompanhei lançe a lançe do basquete, vôlei de praia e vôlei de quadra. Escrevia um títulozinho aqui e olha só que arremesso bancana. Um textinho acolá e lá estavam os meninos do vôlei virando mais uma vez.

Tecnologia é um barato!

segunda-feira, agosto 16, 2004

As voltas da vida, ou às voltas com a vida

Semana passada a fechadura do meu armário quebrou. Quase todos os esqueletos guardados lá resolveram cair pelo chão do meu quarto. Que bagunça! Que sujeira!

Os efeitos colaterais disso não demoraram a aparecer. Na verdade, apareceram antes mesmo deles caírem pelo chão. Como se estivessem prevendo os fatos, já se adiantaram a tal dorzinha de cabeça, as palpitações, a tristeza profunda e toda aquela deprê. O velho bode preto, meu companheiro de muitas rebordosas sentimentais, se materializava outra vez ao me lado. Semaninha de merda!

Eis que numa madrugada dessas a florzinha do ICQ pisca. “Olá”, dizia um de meus esqueletos do fundo do armário. Claro que forçava a porta para quebra a fechadura. Nem liguei. Ficou lá, batendo, batendo... “Ta legal, o que vc quer afinal?”, respondi irritada. E lá foi aquele blá blá blá de sempre. Eu agredindo e ele se ressentindo, que coisa mais chata! Tratei de colocar uma cadeira para segurar a porta do armário e saí.

Mas não teve mesmo jeito. Final da tarde de domingo, eu não escaparia mesmo ilesa a esta semana de merda. O golpe fatal veio via telefone. “Queria muito que você aparecesse”, dizia carinhosamente do outro lado da linha a irmã do outro esqueleto. Bastaram dez minutos de papo para eu perceber que o irmão dela não era propriamente um esqueleto. Está mais para morto-vivo, um zumbi fétido talvez. E foi ele quem quebrou definitivamente a fechadura do armário.

Agora estão todos por aqui, atrapalhando a passagem, me fazendo tropeçar em ossos o tempo todo. Mal consigo dormir...

Moral da história: enterrem seus mortos numa cova bem funda. Armário não é lugar de esqueleto.

quinta-feira, agosto 12, 2004

Detalhe

Já ouviu falar de amnésia pós-trepada? Pois é, tem gente por aí sofrendo disso.

sexta-feira, julho 30, 2004

Um tópico sobre a decepção

Tudo bem que, para a maioria das pessoas, não tínhamos nada assim tão importante.
Tudo bem que não devíamos explicações um ao outro.
Tudo bem que vivemos a quilômetros de distância um do outro.
Tudo bem... tudo bem...

Sentirei falta da nossa “quase” amizade. Fazer o q? Sou uma mocinha conservadora, tudo bem?

quinta-feira, julho 29, 2004

Ah, que sensação boa...

Bom de mais sentir orgulho de alguém. Ver uma pessoa por quem se tem muito carinho vencer, triunfar. Uma sensação indescritível de tão boa. Uma daquelas coisas que se sente no estômago, o rosto fica dormente de tanto sorrir, a garganta seca...

Espero que você sinta isso também algum dia. Espero provocar isso também um dia.

quarta-feira, julho 21, 2004

O lado sexy dos trabalhos domésticos

No alto do prédio, um corpo feminino se debruçava. Desafiando as leis da gravidade e sem temer o perigo, a moça se dependurava na janela. Figurino insinuante, pouca roupa, detalhes à mostra. Perna flexionada, a coxa exposta serve de apoio. O braço esticado conduz um pedaço de tecido. Os vidros das janelas, aos poucos, ficam mais transparentes. E lá está ela, pousada no parapeito do segundo andar. Vez por outra entra para lavar o pano. Não demora e lá está de volta a esfregar, livrando da sujeira toda vidraça. O esforço a faz suar e, mesmo com o vento fresco que sopra lá no alto, a pouca roupa cola, delineando todo o corpo que se exibe pela janela.

A pilha de roupas pode parecer desafiadora. O ferro aquecido é de fato uma arma. Faz calor nesse momento, uma quentura que rapidamente lhe aquece o corpo. A coluna ereta revela uma postura insinuante. Uma das pernas apoiada sobre o pé da tábua, seu corpo levemente arqueado e aplicando força ao braço, destaca através do decote a beleza de seu colo. E, sobre a tábua acolchoada, uma a uma, ela livra do amassado todas as peças do vestuário.


sexta-feira, julho 16, 2004

Quando a felicidade culpa

Há exatos três anos eu conseguia uma das entrevistas mais inusitadas da minha breve carreira de repórter do mundo da música e do áudio. Passei mais de duas horas diante de um músico brasileiro que toca fora do país há anos e, naquele momento, era o mais perto que chegava de um dos meus maiores ídolos no mundo da música. Enquanto eu me derretia em sorrisos e gargalhava com as inusitadas histórias (sim, todos os meus entrevistados são bem humorados), uma das pessoas que mais amei na vida me deixava. Minha felicidade doeu depois.

Hoje, lendo jornal online, recebi logo cedo a notícia de que uma pessoa muito queria foi indicada para receber um prêmio internacional. Passei o dia todo com aquela cara de felicidade indecente. Enquanto isso, mais uma pessoa amada me deixava. Mais uma vez minha felicidade me dói.

Acreditem, é uma ressaca diferente. Você passa momentos incríveis e nem imagina o que pode estar acontecendo em outras partes do planeta. Tudo bem, "o tempo não pára" (até o Cazuza sabia disso), o mundo tão pouco. Mas, nunca nos damos conta dessa dinâmica louca. É assim que funciona, fui da alegria suprema à tristeza profunda em apenas 12 horas. Não é a toa que meu coração é doentinho.

domingo, julho 11, 2004

"Então é assim que a vida faz. E sempre haverá um fim"

Não gosto muito dessa idéia acima, mas reconheço a necessidade dela. E a vida fez, mais uma vez. Eu fiz aniversário e tudo mudou, como manda a tradição. Tenho uma idade nova, um emprego novo, uma mesa nova, novos colegas e uma nova vista na janela. Assim como são novos também meus horizontes.

O que estava longe, agora se aproxima mais rapidamente. Consigo pautar velhos planos com um prazo mais curto. E, de cara, já foi possível realizar pequenos desejos.

Mas confesso: ainda olho para trás. Sinto saudades, sinto falta, sinto muito... Não gosto de fins, não quando o início e o meio são tão bons.

quarta-feira, junho 30, 2004

Brasileiro é um povo estranho

Dia de final de campeonato e a cidade se divide em duas, antes e depois do estádio de futebol. Para meu desespero, trabalho antes e moro depois do tal estádio de futebol. O Maracanã vira um divisor de águas, ou melhor, de gente.

E lá estou eu, presa no engarrafamento monstro formado cerca de três horas antes do início da partida, e achando tudo aquilo um saco! Sentada na janela do ônibus, observo esses estranhos e previsíveis seres humanos do sexo masculino e começo achá-los um saco! Todos eles ficam bobos e imaturos diante de uma final de campeonato, ridículo! Gritam pelas janelas, provocam os outros, invocam palavras de baixo escalão, sentam nas janelas dos carros. Tudo isso caminhando aos bandos, medonho!

E esse trânsito que não anda... Já estava a beira do desespero quando, olhando o relógio, percebi que já se passavam uma hora e dez de um percurso que, em dias normais, levo míseros vinte minutos. Foi quando carros da polícia com suas irritantes sirenes se aproximavam. No meio do transito parado, dois homens enormes, a pé, tentavam organizar uma passagem para três ônibus. Foi quando um deles emparelhou com o meu e, da minha janela, pude ver os jogadores que entrariam em campo para defender o MEU TIME. Eles e amontoavam nas janelas, fechadas e protegidas por cortinas, tentando ver um pouco da bagunça lá fora. Mesmo sem querer, abri um enorme sorriso e acenei. Recebi de volta um polegar para cima.

Segui viagem com a cabeça para fora, adorando tudo aquilo. O mar de gente ao redor do estádio, dá medo, mas é emocionante ouvir os gritos da torcida lá dentro ecoando ao redor do Maracanã. A nação rubro negra toma conta da cidade, do país. E eu não consigo negar, sou uma cidadã estranha.

Fechando o diagnóstico: sou brasileira, carioca e flamenguista:-)

quarta-feira, junho 23, 2004

Lição de hoje
(na verdade aprendi isso ontem)

Nunca faça de tudo para preservar uma coisa que ama. È preciso ter limites até para isso.

Amava tanto aquilo que, fazendo de tudo para não deixar, acabei prejudicando. São muitos os motivos, mas nada justifica minha insanidade, só mesmo a imaturidade. Só espero q ninguém por lá me odeie por muito tempo.

segunda-feira, junho 21, 2004

Adoro mudanças, mas detesto escolhas!

Mudar é fácil, escolher é difícil. Mudanças são simples, opções são complicadas. Trocar tudo de lugar, mas que lugar escolher?

Precisava mudar, mas foi difícil escolher para onde. Tenho mesmo dificuldade em optar por um, quando existem dois, três... e é tudo muito parecido ou quivalente. Um é satisfatório de uma maneira, o outro supre outras necessiades.

Dúvidas.

Fiz uma lista de prós e contras. Uma ganhou disparada da outra, mas em apenas um item ganhava muitos pontos e não chegava a um resultado. Joguei a lista fora. Levei uma prensa para decidir logo, mas não consegui. Levei outra e resolvi.

Quer saber? Ainda não decidi se conto ou não para vocês.

Dúvidas:-)

domingo, junho 20, 2004

Presente da natureza

Hoje começa, oficialmente, o inverno. Hoje é meu aniversário. Eu ganhei o inverno de presente, como quase todos os anos. Mas não gosto de frio, que ironia:-) Minha estação preferida é o outono, justamente quem vai embora no dia no meu aniversário.

Tudo bem, não é todo mundo que acerta no presente. A natureza pode errar no dela. Tinha um amigo que todos os anos ganhava o mesmo presente da mãe dele, um relógio. Mas, a grande paixão da vida dele, e isso todo o universo sabia, era a música. Porém, a mãe dele continuava a dar relógios, todos os anos.

Jeito estranho de começar um texto, mas é normal (quando se quer dizer algo que não se sabe muito bem como). Queria falar do meu aniversário, de como é bom ter amigos, encontrar pessoas legais e reuní-las por um ideal comum, o de celebrar. Falar dos abraços significativos que ganhei, das palavras doces que ouvi, mas não sei como.

Sentei para escrever e só consegui pensar no inverno que ganhei de presente e dos relógios do meu ex-amigo. Um inverno que nem gosto tanto e um ex-amigo de quem sinto saudades.
Agora sou da turma do abraço

Se tem uma coisa legal em se viver numa sociedade, essa coisa é o abraço. Ontem ganhei tantos abraços que hoje me sinto ótima!

Preciso praticar mais isso.

quarta-feira, junho 16, 2004

Ah sim, esqueci de dizer...

Não sou eu exatamente que faço as escolhas erradas, são meus olhos, minha atenção, minha mente, meu coração, meus ouvidos, até meu olfato se mete nesse assunto. O que me reste senão aceitar passivamente?

Eu fico lá, contemplando, até o momento de abrir o envelope e ler: "O cara errado" escrito em caixa alta, negrito e itálico, só para reforçar.

Este não é um bom dia.
A pergunta é:

Porque eu sempre faço as escolhas erradas?

A sensação no momento é de que todas as outras mulheres já pegaram os caras que eu quero pegar. Enfim, todos os meus números já foram pegos. Não sobrou nada que me desperte atenção na prateleira.

Para compensar eu vou trabalhar mais e, quem sabe realizar aquela viagem no ano que vem? Sem eles por perto fica tudo muito monótono, mas mesmo assim dá para viver.

Ô decepção!

terça-feira, junho 08, 2004

Dane-se as calorias!

O cara que eu desejo não me dá bola. Vou me entupir de Hersher's!
O chocolate é a cura.

domingo, junho 06, 2004

Da série Listas inúteis:

Cinco coisas que eu queria muito ouvir hoje

1. Senti sua falta no show de ontem.
2. Desculpe o sumiço. Será que ainda podemos ser amigos?
3. Sua idéia é ótima e viável. Vou te ajudar no que for preciso.
4. Desculpe por não retornar a ligação e obrigada por separar os CDs para mim.
5. Você é mesmo uma pessoa legal.

Sobre o rancor

Há muito se considerava alguém rancoroso. Algo consciente e inconsciente. Tinha convicção de que aquilo não era certo, que a machucava muito mais do que a qualquer outra pessoa, mas, ainda assim, sentia e guardava rancores de pessoas, fatos e momentos. Por vezes s esquecia, dava como acabado. Porém, quando menos esperava, a velha raiva surgia do nada, saltava aos olhos, tomava-lhe o coração acabando com qualquer resquício de razão. Punha-se a brigar, não com o objeto de sua mágoa, mas consigo mesma, sem ao menos saber bem como vencer.

Por conta dele, do tal rancor, dificulta que fatos passados caminhem para a resolução final. Soluções para antigos problemas encontram seu fluxo natural interrompido, e fica lá, a energia estagnada, o chí paradinho. Muito sono, erros repetentes, reincidentes, concomitantemente. Desejos que nunca se realizam, coisa boas que nunca acontecem, pessoas boas que nunca se aproximam. "Culpa do tal rancor", conclui racionalmente.

Tudo tão claro diante de seus olhos. O único mistério ainda é o caminho para solução. "Não sei como não sentir", se rende emocionalmente.

sábado, junho 05, 2004

Expectativas, para quê tê-las?

Pela manhã me perguntava qual era a serventia das expectativas que criamos sobre as coisas. Para variar, não cheguei a nenhuma conclusão imediata, mas meus inevitáveis pseudo-motivos nunca deixam de surgir.

Expectativas se confundem com esperanças, coisas inevitáveis para a vida. Um tipo de ar para nossos passos. Precisamos depositar uma dose de esperança nas coisas para que elas caminhem, para que nós caminhemos. Tudo bem, tudo bem... Mas se você depositar expectativas em alguma coisa inevitavelmente acaba se decepcionando. Dúbio isso.

Tenho um grande criadouro de expectativas em algum lugar dentro de mim. Elas brotam em todos os lugares, por qualquer motivo, para qualquer pessoa. Depois vem a rebordosa, a conta, quase sempre muito alta.

PS: Para o leitor desavisado que levantou as sobrancelhas exclamando: "É só saber medir, ter equilíbrio", minha resposta mal criada: Se fosse fácil ter e manter o equilíbrio, este blog não existiria! Dã!

sexta-feira, junho 04, 2004

Preciso assumir

Sou totalmente incompetente para certas coisas. O pior: são essas "certas coisas" as mais necessárias para me fazer feliz.

Reconhecer isso é o primeiro passo para o desespero.

quinta-feira, junho 03, 2004

Divertidas negociações

É comum em projetos onde diversas áreas estão envolvidas acontecerem negociações. Horários, espaços, tempos, equipamentos, prioridades, tudo precisa ser conversado, discutido, analisado. Isso tudo é mesmo comum.

Mas não existe coisa mais divertida do que ver estas negociações dentro de um set de gravação. Áudio, luz, atores e produção amontoados dentro de um estúdio negociando cada espaço. São refletores próximos aos cabos de áudio produzindo ruídos irritantes, condicionador de ar ligado no máximo poluindo todo o áudio captado... Parece que nada combina com nada. Uma das coisas mais engraçadas é o diretor de arte que manda abaixar o microfone para não fazer sombra no rosto do cantor. Aí o cantor se contorce todo para poder ser captado pelo microfone. Ele fica sem sombra no rosto, mas com a cara torta de quem tenta se aproximar do microfone. Enquanto isso, o sonoplasta corre para tentar convencer as pessoas de que assim não pode ser. Um intervalo e lá estão eles, negociando outra vez.

Tudo bem, no cinema a imagem é prioridade, mas os filmes deixaram de ser mudos há muitos anos. Mas às vezes parece que ninguém percebeu isso.

quarta-feira, junho 02, 2004

Os dois lados

O lado ruim do meu trabalho é desvendar os mistérios das coisas que mais me encantam. TV, teatro, música e cinema sempre me fascinaram, era mágico o jeito como as coisas simplesmente apareciam impressas em discos, transmitidas pela TV, apresentadas em palcos ou nas telas dos cinemas. Personagens, luzes e sons tudo era misteriosamente mágico.

Depois de mais de três anos vagando pelos bastidores, desvendei todos os mistérios. Já sei como a música é impressa no CD e apresentada para o público nos palcos, como são gravados os programas de TV e os filmes do cinema, como são encenadas as peças. Já descobri para que servem as luzes, os microfones, as câmeras, atores, diretores, sonoplastas, engenheiros de som, iluminadores, fotógrafos... Um monte de gente e equipamentos que não aparecem, mas produzem tudo que tanto me fascina.

O lado bom é que nada disso afetou a magia. Ainda sinto tremer as pernas quando subo em um palco, o coração bate mais acelerado dentro de um estúdio de TV, os olhos ainda brilham no set de gravação de um filme e tudo ainda é fascinante, mas com uma diferença: agora faço parte de tudo isso. As coisas que mais me encantam estão todas ao meu alcance e, a cada dia que passa, menos misteriosas e mais compreensíveis.

domingo, maio 30, 2004

Rock in Rio

Tô aqui, no Rio, ouvindo a quarta edição do Rock in Rio, que não é no Rio. Um festival de música que faz parte da minha história. A coisa é tão séria que impossíovel não se emocionar com os acordes do hino do festival.

Nesse momento, lá em Lisboa, acabou o show do Foo Fighters e, como manda a tradição, tá rolando a queima de fogos e, nos falantes, toca o hino do festival. Cara, é de arrepiar!!

"Todos numa direção
Uma só voz, uma canção
Todos num só coração
Um céu de estrelas..."
Sinto vontade de gritar!!!

Tô aqui enfurnada na Internet há horas. Saí, dei uma voltinha com o meu cão, joguei bola com ele. Voltei para o computador, decupei um pouco mais uma entrevista... Mas cadê meu celular? Passa das seis da tarde e eu resolvi procurá-lo. Bateria no fim e uma chamada perdida.

Ó céus! Era ele! Ele que nunca mais ligou, ele que nunca mais mandou emails, ele que eu admiro muito, ele que eu adoro o jeito simples como fala sobre as coisas mais complexas... Ele lembrou de mim e eu fiquei aqui, feliz feliz e com vontade de gritar.

Eu e minha estranha relação com a felicidade.
Mania repentina

Há meses fui convidada pelo Ock-Tock para entrar no Orkut. Aceitei movida pela curiosidade. Ao chegar por lá vi não tinha a menor graça e prossegui os meses recusando futuros amigos virtuais por nem saber de onde vieram. Se houvesse um concurso para a mais antipática do Orkut eu venceria. Não procurava ninguém já conhecido para minha lista de amigos e não aceitava ninguém que se propunha a fazer parte dela, talvez por já ter minha redezinha iniciada no Friendster, concorrente direto do Orkut. Eu só fazia reclamar da inutilidade do tal site. A única coisa bacana q via era a possibilidade de dizer coisas legais sobre as pessoas que vc conhece.

Dia desses, navegando por lá, achei uma cara incrível com quem trabalhei um curto espaço de tempo. Uma daquelas pessoas que marcam sua vida de uma maneira irreversível. O Mandarino é assim, alguém tão impressionante que lembrarei para sempre. E ele está lá no Orkut, como pessoa +virtual que sempre foi.

Mas hoje eu passei dos limites. Deveria estar trabalhando, mas, ao invés disso, me deixei seduzir pelo tal website. Estou navegando há horas dentro dele. Já encontrei uma comunidade da minha faculdade, do meu grupo preferido na adolescência e até do meu amado bairro. Encontrei dois ídolos reais e uma amiga querida perdida nesse mundão há anos. Acho que descobri mais uma pá utilidades para o tal Orkut. Virou mania!

quarta-feira, maio 26, 2004

Perturbações, preocupações...

Ainda me perturbo/preocupo com o sumiço das pessoas. Esse assunto me tira mesmo a aparente paz. Às vezes paro para pensar nas pessoas legais que conheci e que desapareceram da minha vida sem deixar um bilhetinho se quer. Gente querida, que marcou território, conquistou espaço, independente do tempo que ficaram ou do que fizeram. Se foi só um beijo, um olhar, algumas horas de papo, milhares de abraços, um carinho na mão ou uma dúzia de sorrisos, gargalhadas quem sabe. Chato isso de não saber onde estão, para onde foram, o que andam fazendo. Alguns você pode simplesmente ligar, mandar emails, bater na porta numa tarde de sábado. Mas outros nada disso.

Tem gente que some sem deixar rastro, pistas, migalhas de pão marcando o caminho. Nem deixam uma brechinha para ligarmos quando bate a saudade. Difícil mesmo lidar com isso.

terça-feira, maio 25, 2004

Post-it

Não sei se vc ainda visita meu bloguinho, mas vou deixar um recado assim mesmo:

"Sabia que ainda sinto saudades de você? Tudo bem, eu sei.... faz muuuito tempo e aconteceu tão pouca coisa, mas eu ainda lembro de você e com saudades"


É isso.
Não sei o que fazer

Acho mesmo que todos os homens interessantes do eixo Rio-São Paulo estão indisponíveis no momento. Em todas as mãos existe uma aliança, um sinal de compromisso e isso é mesmo um saco!

Para todos os lugares que olho existe alguém comprometido. Em todos os lugares onde vou eles estão, cheirosinhos, bonitinhos, simpáticos, atenciosos, sorridentes, carinhosos e CASADOS. Alguns ainda ousam me fazer a corte, outros nem tanto, mas a maioria não hesitaria em trair seu compromisso se eu me insinuasse. E, às vezes, é tão difícil resistir...

domingo, maio 23, 2004

Isso aqui não é um diarinho, mas...

... BH foi bacana, ao menos por um lado. Fui a trabalho, uma tal Audiominas era a pauta. Uma feira, ou congresso (como preferir), de áudio que chega à sua sétima edição. Não quero entrar em detalhes, até pq é assunto de trabalho e, nesse caso, não devo comentar. Mas a feira foi o motivo de minha ida e estada, totalmente contrariada, de seis dias!!!

Nada contra a cidade. Meu pai é de Minas, meus avós, tios e primos moram em BH, mas eu não podia ficar tanto tempo longe de casa. Longe do meu PCzinho, sem trabalhar, atualizar flogs e blog, baixar meus emails e MP3, sem meu cãozinho... Isso tudo é uma tortura p/ minha pessoinha. Já vislumbro uma semana de trabalhos forçados, com três matérias atrasadas, horas de entrevistas para decupar.... Ah, estou fudi...

Mas me diverti! Como costumo dizer, se já estás no inferno, abrace logo o Diabo. E assim foi. Logo na ida, encontrei o Skank e equipe no mesmo vôo. Fomos trocando idéias no avião, eu e os roadies e técnicos, é claro. A banda me olhava meio ressabiada. Foi até engraçado ler na testa dos meninos da banda: "Eu sou o famoso, mas a mina só fala com meu roadie e meu técnico". Sem drama, eu dei um tchauzinho p/ eles antes de ir para o hotel:-) No dia seguinte o programa foi um showzinho com os músicos do Pato Fu num barzinho perto do hotel. "Nada d+", disse o Xandi, batera da banda. Clima bom pacas o lugar.

E mais um dia em BH. Ainda cedo, na feira, o Beto, roadie do Jota Quest, passou lá e me levou para conhecer o estúdio da banda, que fica na "casa" da banda. Logo na frente do casarão, um carreta parada. O equipamento já estava de partida para um show numa cidade próxima a BH. Logo que entrei, conheci o Max, o cão do Jota Quest. Uma versão muuuito gorda do meu bebê Prince. Me acabei de brincar com o gorducho labrador perto da piscina. Beto fez as vezes de guia e saiu me contando estórias dos lugares, a mesa onde rolam os esporros da galera, lugares onde eles fizeram algumas das músicas mais legais da banda. Onde eles guardam instrumentos, onde gravam... Enfim, informações que matariam do coração qualquer fã ardoroso da banda. Paulinho, o batera, estava perdido no seu quartinho separando o que ia levar para o show. Simpático, disse para eu ficar à vontade para conhecer tudo por lá. A casa, imensa, é linda. Fica num dos bairros mais caros de BH. Só lamentei a falta do Buzelin, o moço mais charmoso daquela banda.

Depois do passeio voltei para feira, mas a noite ainda iria bombar loucamente. Jantar com a galera da Elo, Stage, Beyma, Hermes Music e Pride, quem conhece sabe: só gente boa:-) Depois de experimentar uma iguaria típica que atende pelo exótico nome de Mexidão, coisa que me traria seqüelas mais tarde, o jeito foi gastar a energia se jogando na "naite". Todo mundo animado, Café Cancun era o destino. Espremidos em táxis e carros, seguimos nossa peregrinação na noite belohorizontina. Uma fila sem fim na porta do Café Cancun nos fez desistir. Do outro lado da rua, Pop Rock Café tinha tudo que precisávamos, música boa, pessoas bonitas e muita animação. Nos acabamos ao som da banda local Vitrolas. Depois, quase sozinhos na pista de dança, por volta das 3:30h da madrugada, decidimos ir embora.

Um cachorro-quente na rua foi a pedia para quem já havia digerido o mexidão, que não era o meu caso. Voltando para o hotel, passamos na porta da Happy End, alguém lembrou que um amigo era o dono e lá fomos nós conferir a casa. A conferência rendeu mais duas horas de pista de dança bombando e meia garrafa de bom wisky para quem é bom de copo. Por volta das 5:30h estávamos de volta ao hotel, são, salvos, exaustos e, alguns, bêbados.

Quando achei q iria dormir, o mexidão resolveu dar o ar de sua graça e acabar com minha alegria. Passei mal horrores! O dia todinho, umas 12 horas de sofrimento.

Mas não recusei a noitada. Dois comprimidos de Imozec, apelidado carinhosamente pela galera de "pára cú", e lá fui eu em busca da balada perfeita em companhia dos mesmos personagens. Pessoas aparentemente simples, mas de alto escalão no mundo do áudio e da iluminação. Um rolé por aí e, outra vez fechando a noite no Happy End.

E ainda tiveram as bagunças no hotel, a festa rave no estacionamento do shopping, os animados papos nos corredores da feira, as palestras, os músicos que conheci, os técnicos operadores das bandas lá de Minas, meu teste de roadie na desmontagem do estande. Sim, eu também coloquei em prática o que venho aprendendo no curso. Sem a menor cerimônia, enrolei metros de cabos, aparei moving lights, embalei caixas de PA, monitores de chão e subs, subi em box truss, soltei garras de segurança e aprendi muita coisa. Tudo isso com um enorme sorriso no rosto, porque, pode ser estranho, mas isso tudo é muito fascinante.


O meu trabalho é minha maior diversão!
Acho que pertenço a um lugar

Olhar a cidade natal lá do alto, reconhecer a paisagem como sua. Um lindo dia. Em terra firme, tudo está lá, esperando você. O final do Aterro, elevado, Praça XV, caras conhecidas na rua. Candelária, CCBB, Presidente Vargas, o trânsito calmo de domingo. Central do Brasil, Sambódromo, Piranhão, barracão de escola de samba e alguns restos do carnaval passado. Praça da bandeira, Maracanã, um céu tão azul. Morro da Mangueira, 24 de Maio, a linha do trem. Vai seguindo e minha casa aparece. Mas tudo com a janela do carro toda aberta, vento no rosto, o cheiro da minha cidade.

quarta-feira, maio 19, 2004

Longe de casa há dois dias e...

... me sinto à vontade. Acho mesmo que sou uma cidadã do Brasil e não apenas carioca. Me sinto em casa em Sampa, um dia de sufoco em Brasília e eu já perambulava pelos imensos quarteirões sem o menor problema. Em Salvador peguei ônibus para ir ao shopping e nadei sozinha cedinho na praia. Aqui em BH é tudo tão igual a Sampa... Acho q conseguiria morar em qq cidade.

sexta-feira, maio 14, 2004

Quebra-cabeça

Seria ótimo se pudéssemos brincar de quebra-cabeças com as pessoas. Pegar seus pontos fortes, seus traços físicos, seus trejeitos e brincar de tirar e encaixar. Como seria bom pegar a simpatia e espontaneidade de um, as costas largas de outro e colar tudo num terceiro que tem um sorriso incrível. Tudo bem, nem fazia questão das costas largas, mas a simpatia seria imprescindível. Já que o que aquele sorriso tem de bonito, tem de tímido.

Assim fica difícil, muito difícil... Difícil mesmo de resistir.

quarta-feira, maio 12, 2004

Será que consigo pegar um bumbo de 24"?

Essa é minha dúvida agora. Montei uma bateria ontem e foi tudo muito bem. O instrumento é muito intuitivo e não existem, até agora, grandes dificuldades. O problema está na composição dela, que varia muito de baterista para baterista. Posicionamento e quantidade de tambores e pratos vai de acordo com o gosto do freguês, ess é a dificuldade. O bumbo, o maior deles, sempre me deixou com o pé atrás. Tem a maior cara de pesadão, mas nem é. A batera do curso tem um de 22", e, apesar de grandão, não é a coisa mais pesada que peguei. No mais, é mesmo treinar o ouvido para afinar e caprichar na fita crepe para marcar as alturas das estantes de pratos e do banquinho, "a peça mais importante", frisou JP, baterista e ex-roadie da banda de Lulu Santos.

Para mim, que adoro montar coisinhas desde criança, bateria foi o setup mais divertido. Muitas peças, muitas peças mesmo!

segunda-feira, maio 10, 2004

Da série "Melhores coisas da vida"

Tem coisa melhor do que se sentir a pessoa mais importante do mundo para alguém? A mais especial, mais querida? E isso fica mais incrível ainda quando não existem palavras que definam essa coisa. A certeza vem através de pequenos gestos ou ainda ( a minha preferida ) através do olhar. É incrível ver nos olhos de alguém o quanto somos queridos.

Talvez você nunca tenha reparado nisso, normal, a maioria das pessoas é mesmo desligada para esses detalhes. Mas repare então. Preste atenção no olhar, por exemplo, da pessoa que você escolheu como namorada (o) ou esposa (o). Repare bem no jeito como ela ou ele olha para você enquanto conversam coisas banais ( esse pode ser um bom exercício para avaliar sua relação ).

Se não tiver ninguém por perto, faça isso com sua mãe. Repare no jeito como sua mãe te olha enquanto você fala com ela sobre alguma coisa que fez.

É assim, amor de olho, uma das melhores coisas da vida:-)

domingo, maio 09, 2004

Uma certeza

Se algum dia me casar quero ser ESPOSA!
Nada de patroa, polícia, mulé, dona encrenca ou chefa. Quero ser apenas "a esposa". Isso porque carinho e respeito começam no jeito como se trata o outro.
E mais uma vez as coisas param quando deveriam começar a engrenar.

Tudo bem, nesse caso pode mesmo ser melhor assim. Na verdade ainda não parei para analisar muito bem e decidir se fico triste ou feliz. Seria sensato ficar feliz e aliviada, mas quem disse que paixão e sensatez caminham juntas? Não mesmo!

Então só me resta ficar triste. Triste porque tudo parou quando poderia ficar melhor, triste porque estava gostando de ver, de tocar, de conversar. Triste por saber que não serei mais a linda dele.

Sentirei saudades...
Ontem foi o jazz, hoje o rock nacional

Desde quarta passada está rolando aqui no Rio e em Sampa, ao mesmo tempo, o tradicional Chivas Jazz Festival. Um festival de jazz para quem é mesmo fã do gênero, já que só traz ao Brasil instrumentistas legítimos para apresentações prá lá de tradicionais. Nenhum vestígio de experimentalismo é detectado no cast do festival.

Estive lá a convite de uma amiga (valeu Beta!) que, sabendo do meu eterno flerte com o gênero, arrumou um jeitinho para eu não ficar de fora. Então compareci para conferir o terceiro dia de festival e pude acompanhar a intrigante apresentação do trompetista Tom Harrell e seu quinteto. Foi a primeira vez que vi uma apresentação onde um instrumento de sopro é o centro das atenções. Bobby Previte's BUMP The Renassence Band foi a grata surpresa da noite. Li no release dele que certa vez ganhou o apelido de Led Zepellin do jazz e já me interessei. Bobby é baterista e compositor e, durante sua hipnótica apresentação, pude perceber fortes elementos de música indiana na sonoridade de sua banda. Coisa que, em determinado momento, chegou até ao bom e velho baião. Eu simplesmente amei o show desse cara. Entre estes dois shows, uma homenagem. O trombonista brasileiro radicado e muito respeitado na França, Raul de Souza se apresentou com seu quinteto. Além do privilégio de ver (digo ver pq o som resolveu dar problema nessa hora, prejudicando a apresentação de Raul) uma lenda tocando, pude perceber que a linha que separa o jazz do nosso samba é mesmo muito tênue.

E hoje foi dia da mais roqueira das mulheres brasileiras. Rita Lee trouxe seu Balacobaco para o Claro Hall e eu fui lá, a trabalho. Ver Rita é sempre um prazer, mesmo que ela não esteja num de seus melhores dias, o que no caso era hoje. O som deu problema no início, a máquina de fumaça do lado direito do palco não funcionou e Rita errou muito. Mesmo assim foi ótimo vê-la em cena remedando Joe Ramone e sua tia que não sabia quem era esse tal de Rock'n Roll. A simpatia do iluminador da moça também ajudou a melhorar o show. Ele, mesmo sem graça pela montoeira de erros que fizeram essa show um dos piores que já vi, manteve o sorriso e os paparicos de praxe. Três vivas para o moço bonito da luz: Viva! Viva! Viva! Mas a cena que marcou foi um cara da cenotécnica caminhando pelas vigas do teto do Claro Hall com um punhadinho de confete nas mãos jogando no público lá embaixo. Uma das bombas de confete estourou antes da hora, acho q ele ficou sem graça pq a outra não funcionou e resolveu, ele mesmo, o problema. Uma cena mambembe no mundo do showbis profissional.


sexta-feira, maio 07, 2004

Vou postar aqui pq eu preciso desabafar

Vc salva a pele de uma amiga e o que ganha em troca? Um simples "colaborou".
Tudo bem que não devemos fazer nada esperando coisas em troca, mas diz aí quem não pensa num agradecimento à altura de seus bons atos?

Na verdade isso é só uma brincadeira para perturbá-la. Adorei ajudá-la, afinal trabalhamos juntas. Ajudando ela, me ajudo também. É isso ai Cati, Alejandro Sanz não vai se transformar numa dor de cabeça para nós. Imagina, ele tão gatinho, um show tão legal virar um pesadelo quanto tudo fosse para as bancas. Não mesmo!
Lição de hoje

É muito bom descobrir que pessoas que são taxadas de ruins na verdade são legais. Hj descobri que um cara que tinha a maior fama de mau, é na verdade um cara bem legal. Ele só é muito cuidadoso e não gosta de aparecer, o que deu a ele essa fama de difícil e antipático. E eu, levada por esta fama, falei muito mal dele por muito tempo. Preciso me redimir, portanto declaro que agora sou a maior defensora dele.
Algo sobre minha mãe

Minha mãe é mesmo uma pessoa ímpar, como a maioria das mulheres na posição dela. Convive comigo desde antes dos outros me conhecerem e ainda assim não sabe, ou disfarça muito bem, como lidar comigo.

Desde criança tenho uma característica forte, um incurável mau humor matinal. Não pronuncio nenhuma palavra nas primeiras horas da manhã, e detesto que falem comigo. Perguntas então estão totalmente fora de questão. Todos que convivem comigo sabem disso e raramente quebram minha "lei do silêncio matinal", a exceção só podia ser minha adorável mamãe. Ela faz uma questão tão grande de falar comigo logo pela manhã que chega a irritar. E é assim, há mais de 20 anos.
Momento revolta

Acabo de chegar em casa, resolvi ir ao cinema depois de meses de abstinência cinematográfica. Não me perguntem porquê, apenas rolou.
Mas, o que era para ser um acontecimento, afinal eu estava de volta às salas de projeção, virou uma decepção histórica.

Amo vampiros, suas histórias e seus mistérios. É uma compulsão, não perco uma produção que tenha os tais no enredo. Como Van Helsing estréia amanhã, fui ver Underworld. Pior escolha dos últimos tempos. O que uma admiradora do charme e poder dos vampiros poderia sentir ao ver seus queridos seres da noite transformados em uma versão mal acabada de Matrix? Revolta! Em Underworld os vampiros não têm nenhum dom especial, perderam o olfato apurado, a agilidade, a força, o poder de se transformar, o charme e até a inteligência. Só contam com as armas. É tiro para todos os lados o filme todo, algo de causar inveja ao pessoal da Rocinha. Fiquei mesmo chateada de ver a protagonista posando de Trinity com aquelas roupas de couro e um sobretudo por cima. Os lobisomens, tradicionalmente servos dos vampiros, estão melhor na fita. Andam pelas paredes, se transforma em lobos, lutam e atacam suas vitimas com a voracidade natural a sua raça.

Bem, já me decidi. Estou aqui com o Drácula de Bran Stoker e Entrevista com vampiro, só depois dessas duas fitas voltarei ao cinema para ver Van Helsing.

quarta-feira, maio 05, 2004

Ontem foi dia do baixo

Ontem montei meu primeiro setup de baixo. Muito mais simples que o de guitarra, diga-se de passagem. Quase nenhum pedal, os baixistas preferem as coisas mais "flat", poucos efeitos, e os que indispensáveis podem usar os recursos que já vêm no amp. Ou, quem faz mesmo questão, o bom e velho compressor. No mais, um cabo mono, direct box e amp, na maioria das vezes caixas e cabeçote separados. Duas caixas para ser precisa, uma de 4 X 10 polegadas e outra de 1 X 15 polegadas., tudo ajustado por ele mesmo, ali no palco, na inteface do cabeçote.

A troca de cordas foi mais difícil. Minhas mão pequenas sofreram com as cordas mais grossas, vou precisar de um alicate de corte mais afiado. A afinação não tem mistério, só a pegada é mais complexa. Para fazer tal blam-blam-blam tem que ter uma certa manha.

Semana passada foi mais legal. A aula foi de guitarra, um dos meus instrumentos preferidos. Aquela montoeira de pedais (eles são ligados em linha! Nunca desconfiei disso), efeitos, chorus, wha-wha, muito legais. Experimentei todos!

Tirei de letra também a troca de cordas, herança da aulinha prática no Festival de Verão, quando o Beto, roadie do Jota Quest, me pegou de cobaia para trocar as cordas das guitarras e do violão de aço do Marco Túlio. Só mesmo a bendita manivela de cravelha que eu não me entendo bem. Na mão vai mais rápido. No mais, limpar tudinho, afinar, checar a ligação dos pedais e ouvir o som. Ai ai... Ao contrário da Paula Toller, solos de guitarra me conquistam de verdade.

O momento mico ficou por conta do furo que fiz no dedo na corda Ré. Até sangrou, mas foi legal. Os meninos ficaram preocupados: "Vai lavar isso!". "Ta doendo?", perguntou o professor. Eu só rindo e adorando o mimo. Se eles imaginassem quantas vezes já me machuquei com ferramentas...

domingo, maio 02, 2004

Arcaico contemporâneo

A vida anda pesando nos ombros ultimamente e, como de costume, tento desenvolver teorias sobre o assunto. Na realidade é mais um de meus jogos, só para ver se as respostas aparecem no meio de milhares de suposições tolas.

Sexta-feira revelei numa mesa de bar, frente meus amigos mais queridos, a última teoria que paira sobre minha cabeça. A de que as casadas são mais felizes."A vida seria mais fácil se eu estivesse em casa agora assistindo TV e esperando meu marido chegar com o jantar pronto e uma pilha de roupas sujas dele para lavar no dia seguinte".Caras de espanto ao meu redor e as exclamações: "Ta louca?!"; "Não te dava um mês de vida!"; "Nenhum homem merece esse sacrifício". (detalhe importante: esta última foi dita por um homem).

Meus amigos são como eu, pessoas que correm atrás da sua própria vida desde sempre. Cheios de idéias e ideais, não se deixam a abater pelos obstáculos. Todos solteiros, alguns relacionamentos descontinuados e só um amor para sempre: o que nos une há mais de 13 anos.

De volta a teoria, comparei a vida cômoda e "segura" de um lar com um relacionamento "estável" e doméstico com a minha vida louca. Acordar cedo para trabalhar, pegar 2 ônibus até um set de gravação no fim do mundo e levar um chá de cadeira de 4 horas para salvar uma pauta que nem era minha. Depois mais 2 ônibus na correria para resolver problemas financeiros (sim, eu tenho isso também). Engarrafamento, perder um compromisso de trabalho e ir parar numa mesa de bar com velhos amigos às 2 da manhã teorizando sobre a vida e bebericando algo que contenha álcool. Voltar para casa na alta madrugada tão sozinha quanto saiu, lá pelas 7 da manhã.

Inevitável não pensar que a mocinha que tem sua casa e seu maridinho está mais tranqüila. Mesmo que ele passe muito tempo fora de casa, que chegue tarde ou até tenha outra na rua. Ela não vai acordar cedo preocupada com o trabalho e ter um dia como o meu. Vai fazer café calmamente, passar uma vassoura na casa, enquanto eu estou na redação catando gente pelo telefone e, algumas vezes, ouvindo desaforos. Ela talvez estará com almoço pronto e vendo programa de fofocas na TV enquanto eu cato os equipamentos para mais uma cobertura na rua. E a noite enquanto eu calço minhas meias para esquentar meus pés, tem alguém ao lado dela fazendo isso de jeito mais gostoso. Isso quando eu não decido ficar na rua até mais tarde para ver o que acontece e me arrependo. É impressionante a quantidade de criança e homem bobo que se aglomera nos bares e boates dessa cidade.

Na verdade não fui educada para ser a mulher que sou hoje, preciso romper com minhas origens todos os dias. Amo meu trabalho e minha formação, admiro minha força, minha inteligência, acho mesmo que sou alguém especial. Mas pago um preço alto por ser assim, alguém que contesta sua natureza.

Talvez tudo isso seja apenas um delírio, um resultado de um dia ruim. Mas hoje, domingo, enquanto estendia minhas roupas lavadas no secador e era observada atentamente pelo meu cachorro (ele sempre faz isso, fica observando tudo que faço com tanta atenção que parece que vai fazer igual em seguida), lembrei mais uma vez dessa teoria e me imaginei no papel da dona do lar, tão doméstica quanto meu cão e muito à vontade nesse personagem.
Recado codificado

Ontem eu quis te ver. De verdade, quis mesmo.
Estava lá, pertinho de você, até te procurei, discretamente, mas não encontrei.
Encontrei conhecidos, muitos, até vi seu carro, mas não você.
Tarde da noite, eu ainda estava ali por perto. Tomei coragem e resolvi ligar, mas, como de costume a estas horas, seu celular não estava mais ligado.
Voltei para casa sozinha, pensando, pensando, pensando. Pensando muito em você.

quinta-feira, abril 29, 2004

Amor real

Com a TV e o rádio desligados, longe das salas de cinema, dos teatros e das locadoras de vídeo e DVD, você se depara com a realidade. Histórias de amor e desamor que rodeiam você o tempo todo.

Eles se conheceram há pouco mais de um ano. Ficaram em festas ocasionais até chegar ao namoro, que ficou sério e foram morar juntos. Seis meses se passaram e ela, que era a mais linda e a mais maravilhosa das esposas, foi perdendo o brilho. Ele, o mais fiel e dedicado dos maridos, perdeu o estímulo. "Intimidade é uma merda", costumava me dizer. Mais alguns meses de tentativas e ela deixou o apartamento dos dois numa noite fria de domingo. Ele ficou lá, desesperado. "Ainda a amo, mas não como antes", dizia para quem quisesse ouvir.

Eles tinham um namoro incomum. Viam-se pouco, moravam em cidades diferentes. Mas quando estavam juntos pareciam feitos um para o outro. Ela conquistou os amigos dele rapidamente e, para espanto de muitos, parecia ter dado jeito no rapaz inquieto que sempre foi. Um período longo de festas, os dois juntos, apaixonados, gerarem uma terceira pessoa. Mesmo com ela longe e sem a menor pré-disposição para um casamento, ele mudou a vida para receber os dois. Fez planos. Ela pirou, pisou na bola. Ele desanimou, mas ainda assim seguiu o planejado. Eles já moravam juntos quando o bebê chegou, mas o sentimento já era frágil demais. Ele saiu de casa e ela voltou para sua cidade, levando o bebê nos braços.

Quatro foram as tentativas dela. Do primeiro, movida pela inexperiência, de bom só um filho. O segundo, já dominada pela paixão, agüentou o inimaginável. Sem boas lembranças desse tempo, sua relíquia é a filha. E mais uma vez tentou. Casou na igreja, como sempre sonhou. Ele era bonito, envolvente, parecia cuidar dela e das crianças. E mais um engano. Não demorou e o quarto chegou trazendo uma bagagem como a dela, dois filhos e um histórico de desilusões. Juntaram tudo há 6 anos e estão bem. Ela parece ter encontrado o que sempre procurou.

O início de tudo foi ainda no colégio. Veio a faculdade e o namoro seguia calmo. Qualquer um reparava o jeito como os dois se tratavam, ano após ano e eles ali, sempre carinhosos um com o outro. Foram cinco os anos de harmonia e cumplicidade, nenhuma "pisada de bola", nenhuma briga em público, nenhuma separação. Os dois estavam lindos no altar. Ele mal podia se controlar, tomado pela emoção chorou na frente de todos. Planejaram tudo com cuidado. Faculdade, formatura, emprego sólido, apartamento e casamento. Estão lá agora, no cantinho deles há 5 meses cumprindo o que prometeram diante das pessoas que mais amam no mundo, as famílias dos dois: "A noite não chegará e outro dia não nascerá sem que resolvamos nossas diferenças, sem que troquemos uma palavra de carinho".

Os filhos estão criados, casados já. E eles dois ainda estão lá, no mesmo apartamento, há quase 40 anos e em todos estes anos não houve um sequer que ele esquecesse as flores dela. Flores que marcam todos os anos, os mais de quarenta, o dia em que se conheceram.

Volto a questionar: e ai? Ainda é mesmo possível acreditar que relacionamentos nunca dão certo, que não existe amor? Que aquele alguém bacana vai te dar um pé na bunda ou te sacanear feio em algumas semanas?

quarta-feira, abril 28, 2004


Antes das seis

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Vem e me diz o que aconteceu
Faz de conta que passou
Quem enventou o amor?
Me explica por favor

Daqui vejo o seu descanco
Perto do seu travesseiro
Depois quero ver se acerto
Dos dois quem acorda primeiro

Quem inventou o amor?
Me explica por favor
Quem inventou o amor?
Me explica por favor

Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguem
Que um dia possa lhe dizer
- Quero ficar so com você

Quem inventou amor?


Renato Russo
Amor romântico

Dizem por aí que nossa mania de querer que os relacionamentos dêem certo, de sonhar com o cara certo de desejar que as coisas caminhem sempre da melhor maneira possível é culpa da novela.

È porque perdemos horas diante da TV acompanhando a saga da heroína que se apaixona pelo mocinho no primeiro capítulo e ao final, depois de 200 e tantos de traições, brigas, declarações e intrigas, se casa com ele. E quando não consegue se casar, arruma um cara mais bonito e mais apaixonado que o anterior. Vemos isso e ficamos idiotizadas achando que na nossa vida tudo aquilo pode acontecer também.

Mas aí você desliga a TV e liga o rádio e ouve: "E o meu lugar é esse/Ao lado seu, no corpo inteiro/Dou o meu lugar pois o seu lugar/É o meu amor primeiro/O dia e a noite as quatro estações". Vai ao show e o cantor diz: "Mas o teu amor me cura/De uma loucura qualquer/É encostar no teu peito/E se isso for algum defeito/Por mim tudo bem".

Na telona do cinema, depois de idas e vindas o casal se beija e entra música de fundo que diz: "Sim/Tudo agora está no seu lugar/O universo até parece conspirar/Pra que não seja em vão/Tanto tempo esperando esse amor".

E ai? É mesmo possível acreditar que relacionamentos nunca dão certo, que não existe amor? Que aquele alguém bacana vai te dar um pé na bunda ou te sacanear feio em algumas semanas?

segunda-feira, abril 26, 2004

Já tinha até me esquecido...

... o quanto era bom ir a um show como uma simples mortal. Assistir tudo sem o peso do trabalho nas costas é mesmo renovador. Pulei, gritei, cantei, dancei, tudo sem pulseiras de identificação, credenciais no pescoço ou coletinhos abomináveis. Me joguei sem hora para voltar à tona:-)

quinta-feira, abril 22, 2004

Como lidar com o silêncio?

Acho que uma das coisas mais chatas da vida é lidar com o silêncio. Alguém ai gosta de ser ignorado? Dá para ouvir daqui o sonoro NÃO.

Estava imaginado o que pode ser pior do que falar, falar e só ouvir o silêncio. Para alguém como eu, prolixa por natureza, chega às raias da tortura. Mas chato mesmo é o hiato que fica.

Tudo flui tão bem que o gostinho de quero sempre mais e mais fica, sem deixar trégua. E não existe, aparentemente, nenhum motivo para que este fluxo seja interrompido. Mas, do nada, ele pára! E você se põe a falar sozinha. Do outro lado ninguém responde. Leva um tempo até se acostumar com a idéia de que a "coisa boa" se perdeu.

Sim, é simples. Vcs devem estar pensando: "simplesmente a outra pessoa não está nem aí". Mas será que é isso mesmo?

Queria saber a verdade. Saber de verdade o que acontece com essas pessoas que passam pela vida da gente e deixam tanta saudade, sem, aparentemente, nenhuma necessidade. Será que é tão ruim assim ficar por perto? Acho mesmo que não.

Assim, faço um apelo a vocês, pessoas desaparecidas de mim:
Alooo, eu tô aqui. No mesmo lugar. Você pode ligar a qq hora, celular foi feito para isso. Se estiver desligado, deixa recado, manda SMS. Manda email ou simplesmente, responda os que mando para você.

terça-feira, abril 20, 2004

Entrando na brincadeira

1. pegue o livro mais próximo de você
2. abra o livro na página 23
3. ache a quinta frase
4. poste o texto em seu blog junto com estas instruções

"E nesse momento os zumbidos da multidão cessaram e o silêncio tornou-se tão profundo que se poderia ouvir a voz de uma criança."

-- Balzac, Honoré de A Mulher de trinta anos Ed. Martim Claret, SP - 2000

domingo, abril 18, 2004

Sobre a madrugada

Não era hábito, na verdade poderia entrar mesmo no quesito exceção. E assim, lá estava, corpo jogado, sozinha, contemplando o que se apresentava à sua frente. Vez por outra mudava as cenas, mas tão rápido que mal conseguia assimilar. Ia, mas voltava, sempre ao mesmo lugar.

A mente não estava lá. Não parava de pensar naquele que, depois de muitas semanas, dera notícias. Notícias? Só mesmo alguém como ela para considerar notícias um fundo branco onde se lia a palavra saudade, solitária. "Em caixa alta", gosta de ressaltar, já que para ela isso também tem significado.

De volta às cenas, ainda observava e formulava suas inevitáveis perguntas. Observava os detalhes e tentava guardar no já abarrotado pote de "assuntos a discutir". Os assuntos se sucedem à sua frente numa crescente. Até que um nome lhe desperta atenção, uma música e a madrugada começa a mudar. Suas mais antigas lembranças vêm à tona.

Agora, com toda atenção voltada para o assunto que muito lhe interessava, sua postura mudara. Absorvia tudo o que era dito, tanto que foi capaz de adivinhar o que viria a seguir.

Olhos vidrados, ouvidos atentos, ele surgia bem ali, na sua frente. Contou uma história, mas ela nem ouviu bem. Distraída olhava o jeito dele, o sorriso, a barba... "Ele está de barba! Prefiro o cavanhaque 1000 vezes!", deixou escapar sem sentir. Nos detalhes do rosto, percebeu sinais de cansaço, parecia mais velho, culpa da tal barba, talvez. "Estava mais bonito deitado ao meu lado sorrindo e dizendo 'você veio!'", ela mesma concluiu.

E a cena seguiu, por eternos poucos minutos. Ouvia a voz dele na música que pertencia aos pais dela, uma música que inúmeras vezes embalou seu ninar. As mãos trêmulas do rapaz denunciavam seu envolvimento com o momento. Ficou feliz por ele, sabia bem o quanto era bom realizar sonhos. Ficou feliz por ela mesma, ele mostrou sem querer que não era mais um canalha em tempo integral. "Como foi bom beijar esse cara!", exclamou meio a um sorriso.

quinta-feira, abril 15, 2004

Eu não sou verde, mas...

...sou mesmo pequena. Tenho mãos pequenas e unhas sem cutícula (pq nunca fui à manicura), pés pequenos e aquele corpo meio infantil. É, tipo uma garotinha de 12 anos. Mesmo assim sou a mais nova aluna do curso de roadies.

São sete homens na sala e toda semana me olham com aquela cara de "ih, olha a mina aí". Não ligo! Até gosto de desafios desse tipo, acho mesmo que posso montar um setup de bateria tão bem e tão rápido quanto qq um deles. Tudo bem q já pensei q minhas mãos pequenas podem ter dificuldades para segurar alguns tambores, mas tb podem ser mais eficazes na hora de apertar os tais parafusos de precisão das guitarras, ou mesmo lustrá-las nos cantinhos sob as cordas.

Já me preveniram quanto as possíveis hérnias de disco de tanto carregar peso. Mas não assustei. todos os palcos que visitei até hj tinham carregadores para a parte pesada da história. E eu mesma já fiz alguns testes, todos os cases têm rodinhas! Tá legal, eu sei que não é um trabalho fácil para uma mulher. Encarar estrada, dias sem dormir, carregar peso e ainda viver no meio daqueles meninos tarados. É mesmo difícil. Talvez não agüente o tranco, mas vou tentar. Vou aprender a fazer tudo, vou testar e depois eu conto.

Acho que o mínimo que vou conseguir é ser uma excelente produtora técnica, além de uma jornalista que entende do riscado:-)

quarta-feira, abril 14, 2004

Diagnóstico: virose

Corisa, crise de espirro, febre, dor no corpo, remédio.
Pressão baixa, moleza, muuuito sono.
Corisa, crise de espirro, febre, dor no corpo, remédio.
Pressão baixa, moleza, muuuito sono.
Corisa, crise de espirro, febre, dor no corpo, remédio.

Desde as 16h o cenário não muda!
Da série coisas depois dos trinta que me aborrecem

Depois de atravessar o animado vale dos vinte e poucos anos, você chega à planície dos trinta. Lá Honoré de Balzac já saúda as mulheres com uma historia traumática. Quando você sobrevive as tristes passagens da vida de Júlia d'Aiglemont, se depara com suas próprias mazelas.

Tudo bem, esse é mesmo um parágrafo introdutório dramático, mas é também dramático lidar com o estado civil de seus pretendentes. E é isso que aborrece a mulher de trinta.

Até os vinte e poucos a grande maioria é apenas solteira. Dez anos se passam e eles simplesmente viram casados, descasados, separados, divorciados, mal casados, 'migados' e outras denominações que não vêm ao caso. Em outras palavras fica impossível viver o presente sem ser cutucada pelo passado, afinal, ex-mulher é para todo o sempre.

Acha que acabou? Claro que não! Tem mais uma informação para ser adicionada à ficha de inscrição de pretendente em potencial. No novo formulário precisa constar um espaço para relacionar os dependentes. É isso ai amiga! Dependentes! Enquanto você estava ocupada nas salas de aula das universidades e cursos de pós-graduação, MBA e coisas assim, eles procriavam por aí. Agora resta a você, solteira em todos os sentidos, herdar uma família criada originalmente por outra.
Sobre o bolo

Há tempos não fazia isso, se preocupar com a aparência. Sabia que não era certo, mesmo assim se concentrou nos detalhes. Quis ficar mais bonita mesmo. Demorou para escolher uma roupa, lavou os cabelos cuidadosamente, conferiu as unhas, deu 'aquela geral' e saiu, fantasiando por aí.

Sim, existia um convite, mas não uma certeza. Nada verbal. O telefone não tocou o dia todo, mas ainda assim ela parecia confiante. Era seu primeiro convite afinal, nunca havia feito isso antes. E nada, o dia passou, a noite chegou e nada.

Voltou para casa tarde, aproveitou o resto da noite. Ouviu elogios por onde passou, afinal estava mesmo bonita. Pena que o 'dono' não pareceu para ver.


domingo, abril 11, 2004

Coisa boa de ouvir

O domigo já está no fim, mas do outro lado da linha alguém diz a coisa mais meiga que ouvi nos últimos meses.

- Se você pudesse namoraria comigo?
- Mas é claro que sim!

Simples assim, ele disse, rapidinho, sem pensar muito. E eu adorei ouvir:-)
Legião é minha redenção

É domingo e toda discografia da Legião Urbana passeia pelo micro system.

"Aquela velha sucessão de conselhos, explicações e porquês que invocam nossas lembranças. Momentos bons e ruins se sucedem, mas a saudade é mesmo uma constante.
Corello, hoje o dia é seu.
Amor, Deinha".
Da série coisas depois dos 30 que me aborrecem

Na verdade isso começa lá pelos 25 anos, e fica mais grave depois dos 30. É quando o sexo vira extensão do beijo na boca. Existe uma regra implícita que diz que, depois de alguns bons beijos na boca, você precisa ir para cama com o cara. E eles parecem adorar esta tal 'regra'. Diz aí quem nunca ouviu, ou nunca lançou mão, da clássica: "Vai me deixar assim?". Ora, francamente, quem mandou você ficar 'assim' afinal?

E quando você recusa veementemente, corre um sério risco de ouvir mais frases de efeito do tipo: "ninguém aqui é mais criança". E é neste exato momento que meu complexo de Peter Pan lateja e me manda de volta no tempo. Quando os meninos ficavam tão felizes com uns apertos que nem pensavam na continuidade da coisa, e bastava um simples não e tudo voltava ao normal. E o melhor: era possível ficar ali horas, só de beijinho na boca.

Quero meus quinze anos de volta!
Sobre a mesmice

Depois de meses, estava mesmo com vontade de se apaixonar outra vez. Começou a sentir saudades daquelas borboletas no estômago, dos calafrios, pernas bambas e todos aqueles efeitos colaterais que só as grandes paixões causam.

Mas nada ao seu redor valia a pena, nada sequer fazia seu pescoço virar, seus olhos nem se levantavam para ver os donos das vozes que ouvia, nem mesmo os perfumes lhe chamavam a atenção.

Mergulhada no mais completo marasmo sentimental, seguia sua vida preta e branca. Por vezes esbarrava em alguém, mas bastavam algumas poucas palavras para logo descobrir que de nada aquele alguém lhe serviria.

Diversão e sensações fulgazes, regem as relações e nada disso lhe chama atenção. Tanta superficialidade, pessoas preocupadas em resolver suas carências de maneira rápida e indolor. Tudo precisa ser rápido, fácil e limpo. Nada de vestígios, nada que os faça voltar um dia. Nada de lembranças.

E no meio de tudo isso, ela se pergunta: "Que graça tem conhecer e nada saber? De que vale saciar carências e mais nada levar?".

Seus sentimentos são mais valiosos que isso!

sábado, abril 10, 2004

A MTV

Hj, por um milagre, consegui sintonizar a TV nova na MTV. Aqui no Rio não é aberta como em Sampa e para conseguir assistir sem TV a cabo é um caos. Mas eu consegui!

Mas, minha felicidade durou pouco. Uma vinheta logo anunciou: "Semana Bon Jovi". Desliguei a TV.
Precisava dividir isso:-)))



Confira mais tirinhas do Angeli aqui

sexta-feira, abril 09, 2004

O bate-papo ao telefone

Minhas amigas são pessoas ímpares. Todas muito parecidas em suas diferenças e muito iguais em muitas outras coisas.

Uma dúvida vem assolando nossas inquietas mentes nos últimos tempos. Por que diabos as pessoas se casam afinal? Já fizemos algumas projeções, recorremos às pesquisas científicas, romances de folhetim, 'causos' mas nada chega a ser satisfatório. Parece não existir lógica em tal ato. Alguém aí poderia nos ajudar na busca de uma resposta?
E os arianos invadem a área

Esta semana começou a temporada de aniversários ao meu redor. Descobri q tenho vários arianos amáveis por perto. Na quarta passada, dia 07, foi o dia do meu melhor namorado (o melhor entre todos) e do melhor marido da minha melhor amiga (ela já está no quarto casamento). Na próxima terça, dia 13, é a vez do meu amigo querido, Tigão, o eterno, e do primo querido, Nanado.

Observando isso, descobri q me dou bem com os tais primeiros do zodíaco. Eles são meio pavio curto, esquentadinhos, impacientes, mas tem lá suas qualidades. São fortes, resistem com bravura às adversidades da vida. "No amor, é emotivo e impulsivo, não despreza o romantismo da conquista amorosa, mas não gosta de esperar. Não é de meias palavras. Segue reto e adiante em busca do objeto de desejo – como em outros campos da vida".

Não é a toa q o tal ganhou o título de melhor namorado de todos:-)
Ele deu notícias...

Depois de muuuito tempo, ele deu notícias esta semana. Na verdade apenas um sinal de vida. Um sinalzinho mesmo, bem pequenininho...

Licença para o recado:

"Moço bonito q mora longe de mim, bom saber q ainda vive.
Tb sinto saudades, mas nem sei se posso.
Até."

quinta-feira, abril 01, 2004

Dei uma paradinha na arrumação. Meu quarto está de pernas para o ar, não sei bem que tipo de roupa levar, então levo todas! As malas estão daquele jeito... precisa sentar em cima para fechar. Não é possível caminhar por aqui sem pisar em algo. O armário já está vazio agora, acho que está tudo dentro das malas:-)

Ah, sim, eu fui trabalhar hj, mas nem disse nada. Foi mesmo meu último dia por lá. Parei com tudo por conta própria. Tb falei com muita gente ao telefone, mas sem dizer nada. Não gosto de despedidas.

Por aqui tb as coisas vão parar. Não sei quando voltarei a escrever... Mas não poderia partir sem dizer adeus.

O vôo sai daqui a algumas horas. Só tenho passagem de ida...

Foi bom passar esse tempo aqui com vcs.

quarta-feira, março 31, 2004

Quando chego encontro aquele olhar doce e sorridente.
Se falo dos meus problemas o olhar ganha um ar preocupado.
Tô triste, e ele me olha com ternura.
As palavras são sempre poucas, mas não chegam a fazer tanta falta. Mas tem aquelas frases que parecem fugir boca a fora. Adoro isso!

Já tinha me esquecido como era bom ter um capricorniano por perto.
Uma canção para a noite de hoje

TE VER
(Samuel Rosa/Lelo Zanetti/Chico Amaral)

Te ver e não te querer
É improvável, é impossível
Te ter e ter que esquecer
É insuportável, é dor incrível
É como mergulhar num rio e não se molhar
É como não morrer de frio no gelo polar
É ter o estômago vazio e não almoçar
É ver o céu se abrir no estilo e não se animar
É como esperar o prato e não salivar
Sentir apertar o sapato e não descalçar
É ver alguém feliz de fato sem alguém pra amar
É como procurar no mato estrela do mar
É como não sentir calor em Cuiabá
Ou como no Arpoador não ver o mar
É como não morrer de raiva com a política
Ignorar que a tarde vai vadia e mitica
É como ver televisão e não dormir
Ver um bichano pelo chão e não sorrir
É como não provar o nectar de um lindo amor
Depois que o coração detecta a mais fina flor

segunda-feira, março 29, 2004

"existe qualquer esperança de encontrar vida inteligente numa criatura que se despede mandando "um beijo no coração"?"

Lula Vieira
Senna o que?

Acabei de ver o tal Senna in concert na TV e não consegui chegar a nenhuma conclusão. Como será que foi feita a seleção musical desse show? As 10 mais de Ayrton Senna? Tudo bem, mas os Tribalistas apareceram bem depois da sua morte, talvez para sorte dele:-) Como justificar Ivete Sangalo cantando Carnavália?

Legais mesmo são os encontros inusitados. Quem ai imaginou algum dia ver Júnior (O MAIS gatinho) irmão da Sandy, dividindo o palco com Frejat? No cast ainda teve Daneila Mercury, Milton Nascimento e Chico Buarque. O Ministro mais incrível da história e seus ternos tão criativos quanto sua existência, também compareceram. Mas Sandy & Júnior foi um pouco d+. Quantos discos da dupla Ayrton deve ter comprado em vida?

No mais aquele estilo "Rede Globo homenageia" de sempre. Depoimentos evasivos de pessoas nada a ver. Tudo muito chato!

Acharam que eu resistira mais um parágrafo sem reclamar do som? Não mesmo! Só estava esperando subir os créditos para não magoar um moço bonito (que apesar de sumido, ainda tem meu carinho). Sofrível foi o início, se vc fechasse os olhos veria os apresentadores dentro de enormes latas. Durante os show, total era meu desespero. Cadê as vozes? Eu perguntava enquanto mexia no controle da TV em busca de uma melhor equalização, ou quem sabe, mais volume? Nada adiantava. Enquanto via Milton Nascimento e Chico Buarque, mamãe, A MAIS leiga, observou: "Esse violão tá altão", acho q estou influenciando negativamente meus familiares:-)

quarta-feira, março 24, 2004

Desculpe, mas tô pensando em você.

Tá legal, não existe nada mesmo, eu sei. Foi só coisa de momento. Mas não posso negar que foi um bom momento, ou melhor, um momento bom. Porém é inevitável não abrir meu melhor sorriso quando lembro do seu. Sentir aquele arrepio ao fechar os olhos e ver você com lábios entreabertos, olhos fechando surrando para mim: "- Me beija, vai". Tudo bem, eu sei que não foi nada. Foi basicamente um encontro casual. Duas pessoas adultas sem vontade de disfarçar seus desejos e novamente aquele arrepio. Das lembranças surge seu rosto, testa franzida, expressão preocupada, voz embargada: "- Eu não vou agüentar".

Desculpe, mas bateu saudade.
Assumindo

Eu não me orgulho do que fiz, mas tb não me arrependo. Acho mesmo que não é certo, vivi até hj com esta certeza e me mantive limpa. Mas, como tudo na vida, minha hora tb chegou. Tá legal, eu podia sim evitar, é um país livre afinal e eu sou bem crescidinha, já sei dizer não. E porque o faria se no fundo tb queria tanto?

O dilema era: se evitasse pecaria contra minha vontade e se assumisse pecaria contra meu código de ética. Tudo tão particular... Pecado por pecado eu pequei e pronto! Bateu um remorso, mas disso eu cuido depois. Agora só quero sorrir e assumir. violei meu código e ainda assim estou feliz:-)
"Existem várias maneiras de amar e vários tipos de paixão. Quem disse que temos que escolher sempre a pior?"

E ainda dizem que TV não educa.

terça-feira, março 23, 2004

Tecnologia não é tudo mesmo

Em plena era Pro Tools e seus inúmeros plug-ins, fiquei tão feliz em descobrir que ainda existem gênios trabalhando sem precisar deles o tempo todo.

Semana passada almocei com dois deles, Gabriel Pinheiro e Mário Adnet, ambos envolvidos no próximo CD de Michel Legrand, aquele mesmo que ganhou três Oscar e nove Grammy. Michel já é um senhor, rompeu a marca dos 60 anos e enfrenta alguns problemas de saúde. Há cinco anos sem vir ao Brasil, ele deu as caras e ainda resolveu gravar um CD por aqui, perfeito!

O mais interessante foi como isto aconteceu. Apenas três dias de estúdio e o velhinho deixou um material impecável nas mãos de Mário e Gabriel. Tudo assim, com a urgência de quem não tem mais tempo a perder. Michel foi recebendo o repertório e descendo os dedos no autêntico Steinway de cauda inteira, na companhia dos outros músicos, meio zonzos com a rapidez do pianista para rearranjar as obras de Luiz Eça selecionadas por Mário.

Mesmo na moda total reccal e infinity undo a coisa foi feita como nos velhos tempos. Todo mundo no estúdio, um, dois, três e já. Alguém errou o solo? Outra vez... do início. Tudo assim, nesse clima, em menos de 72 horas! Um processo criativo quase mágico, captado também de maneira pura e fiel.

Agora os rapazes estão lá (sim, no ProTools, é claro), editando algumas faixas antigas de Eça também para este álbum. Mas já deram sua contribuição a arte pela arte ajudando a produzir um material como nos velhos tempos, sem se importarem com as ferramentas que estavam mais à mão, mas se empenhando em fazer tudo soar como deve ser: tocado com emoção.