Dez anos separam a terceira e a quarta edições
cariocas do maior festival de música e entretenimento do mundo. Nascido no Rio de Janeiro nos idos de
1985, o Rock in Rio deixou o Brasil em 2001 no que se pode considerar uma crise
da adolescência. Mergulhado em dívidas, a marca e a ideologia do festival foram
buscar novos horizontes na Europa depois de três edições em território nacional.
A investida foi feliz e foi em solo lusitano que meu festival favorito germinou
e deu frutos. Foram seis edições européias, quatro em Lisboa, Portugal, e duas
em Madri, na Espanha. De volta ao ponto de partida, o Rock in Rio cresceu,
trouxe seu Palco Mundo, maduro e imponente, e uma Cidade do Rock completamente
nova. Dez anos depois são claras as mudanças, os sinais da maturidade. Mas a
idéia original permanece: Por Um Mundo Melhor.
Se em 1985 eu fiquei em casa chorando e fiz
até greve de fome porque minha mãe não me deixou ir. Em 1991 eu fui para o
Maracanã, todos os dias, vender Pringles num estande, só para ver de perto
todos os dias de festival. Em 2001 eu encarei um vestibular, onde o assunto era
todas as edições passadas do festival. Foram mais de 1000 inscritos de todo o
país para 25 vagas de Estagiário do Rock. Fiquei entre os 25 e entrei no time
da assessoria de imprensa do festival. Separei press-kits, cotrolei coletivas e
organizei as entrevistas exclusivas no backstage na Tenda Brasil. Foram sete
dias de muita correria, trabalho duro, comprometimento, aprendizado e
felicidade, tudo sob um sol escaldante do verão carioca. E foi ai que o meu
mundo começou a ficar melhor.
Entrava no último ano da faculdade de
jornalismo e o Rock in Rio foi imprescindível para iniciar minha carreira. O
estágio na assessoria me rendeu contatos importantes no mercado. Trabalhei por
cinco anos, sempre como repórter ligada a música e entretenimento. Cobri os
maiores festivais e shows que aconteceram no Rio, São Paulo, Brasília e
Salvador. Fiz resenhas de CDs, tive coluna de música em websites, colaborei
para revistas e fiz muitas matérias, grande parte em revistas especializadas em
áudio e iluminação. Visitei estúdios, gravadoras, entrevistei muita gente,
conheci alguns ídolos e fui até a um VMB. Numa tacada só realizei uma penca de
sonhos.
Depois de alguns anos fora do mercado de
trabalho e sem saber como voltar, eis que o Rock in Rio resolve retornar ao
Brasil. Não podia ser mais perfeito. Eu voltei também e, junto com ele, fiz sucesso.
Voltei para a assessoria, dessa vez como profissional. Fiz parte da “equipa” e
coloquei meu coração nos sete dias de ralação na nova Cidade do Rock. Mais uma
vez fiz a ponte entre imprensa e as estrelas no festival, mas dessa vez não foi
apenas em um palco, mas sim em todos. Sei que uma nova era se inicia para nós.
Assim como há dez anos, estamos de volta cheios de vontade de dar certo.
Estamos maduros, mais profissionais e preparados para o mundo melhor.