segunda-feira, outubro 24, 2011

Que segredos se escondem no seu abraço?

Faz tempo li numa tirinha do Garfield que é impossível dar um abraço sem ser abraçado. Lembro que na época precisei parar por alguns segundos para visualizar a coisa. E dei razão ao gato laranja. Um abraço acolhe, envolve, esconde, mesmo quando não se quer. É mesmo no abraço que a as mascaras caem.

Se o beijo enlouquece é o abraço que acalma, e a dupla se faz perfeita.

Confesso que já me perdi em alguns abraços e esse poder oculto que me fez pensar no assunto. Acolher alguém junto ao peito é receber no lugar mais especial que se tem. O espaço entre nossos braços tem um quê de sagrado, nosso pequeno universo particular. Recebemos quem mais queremos nesse pedaço de mundo e não cabem ali desafetos. Quando o outro chega para o abraço é sempre um sinal de paz. Bom demais apertar contra o peito quem se quer bem, quem chega e quem vai. Nas melhores lembranças tem sempre muitas cenas de abraços porque é ele quem resolve quando os argumentos se acabam. No fim das contas é dele que se sente falta.

E já que quando as palavras faltam é ele quem resume o assunto, peço lincença ao Gil e mando também “aquele abraço”!


quinta-feira, outubro 20, 2011

Sobre o muro

E tudo fluía como de costume. Desde o primeiro embate, marcado pela afinidade, os dois não se largavam. Um daqueles encontros surpreendentes com ares de comédia romântica. Lugar inusitado, circunstâncias inesperadas e argumentos hilários. E tudo ficou confortável ao primeiro toque.

Conforto era mesmo a palavra chave. Sem se preocupar com o rumo da história eles trilhavam o novo caminho. Encontros furtivos no meio do dia, galerias de arte, caminhadas a beira mar, cafés, banquinhos em vias públicas. Não importava o cenário, o clima era sempre propício a risadas, idéias e novas histórias sobre velhos temas.

O desejo também estava lá em proporções desconcertantes, tanto que fazia rubrar bochechas e arrepiar a pele. E quando finalmente se tornaram um, todo o resto se corroborou: era mesmo um bom encontro!

O brilho nos olhos denunciava e a vontade de estar só crescia. Quando a motivação ficou clara, melhor, foi proferida as primeiras nuvens se pronunciaram. O tempo começou a escassear e o estar já não era mais um verbo tão presente. A história agora tinha uma direção.

Palavras ditas são sempre concretas, tanto que o peso denuncia. Difícil disfarçar, mais ainda carregar. Assim começa a ficar estranho. O concreto vira muro para esconder as reais intenções ou a falta delas. Ela tenta escalar, olhar por cima para ver se tem como pular. Encontra uma pequena brecha por onde pode ver que ele preferiu, simplesmente, encostar e deixar tudo passar.


segunda-feira, outubro 03, 2011

Rock in Rio: Eu também voltei!


Dez anos separam a terceira e a quarta edições cariocas do maior festival de música e entretenimento do  mundo. Nascido no Rio de Janeiro nos idos de 1985, o Rock in Rio deixou o Brasil em 2001 no que se pode considerar uma crise da adolescência. Mergulhado em dívidas, a marca e a ideologia do festival foram buscar novos horizontes na Europa depois de três edições em território nacional. A investida foi feliz e foi em solo lusitano que meu festival favorito germinou e deu frutos. Foram seis edições européias, quatro em Lisboa, Portugal, e duas em Madri, na Espanha. De volta ao ponto de partida, o Rock in Rio cresceu, trouxe seu Palco Mundo, maduro e imponente, e uma Cidade do Rock completamente nova. Dez anos depois são claras as mudanças, os sinais da maturidade. Mas a idéia original permanece: Por Um Mundo Melhor.

Se em 1985 eu fiquei em casa chorando e fiz até greve de fome porque minha mãe não me deixou ir. Em 1991 eu fui para o Maracanã, todos os dias, vender Pringles num estande, só para ver de perto todos os dias de festival. Em 2001 eu encarei um vestibular, onde o assunto era todas as edições passadas do festival. Foram mais de 1000 inscritos de todo o país para 25 vagas de Estagiário do Rock. Fiquei entre os 25 e entrei no time da assessoria de imprensa do festival. Separei press-kits, cotrolei coletivas e organizei as entrevistas exclusivas no backstage na Tenda Brasil. Foram sete dias de muita correria, trabalho duro, comprometimento, aprendizado e felicidade, tudo sob um sol escaldante do verão carioca. E foi ai que o meu mundo começou a ficar melhor.

Entrava no último ano da faculdade de jornalismo e o Rock in Rio foi imprescindível para iniciar minha carreira. O estágio na assessoria me rendeu contatos importantes no mercado. Trabalhei por cinco anos, sempre como repórter ligada a música e entretenimento. Cobri os maiores festivais e shows que aconteceram no Rio, São Paulo, Brasília e Salvador. Fiz resenhas de CDs, tive coluna de música em websites, colaborei para revistas e fiz muitas matérias, grande parte em revistas especializadas em áudio e iluminação. Visitei estúdios, gravadoras, entrevistei muita gente, conheci alguns ídolos e fui até a um VMB. Numa tacada só realizei uma penca de sonhos.

Depois de alguns anos fora do mercado de trabalho e sem saber como voltar, eis que o Rock in Rio resolve retornar ao Brasil. Não podia ser mais perfeito. Eu voltei também e, junto com ele, fiz sucesso. Voltei para a assessoria, dessa vez como profissional. Fiz parte da “equipa” e coloquei meu coração nos sete dias de ralação na nova Cidade do Rock. Mais uma vez fiz a ponte entre imprensa e as estrelas no festival, mas dessa vez não foi apenas em um palco, mas sim em todos. Sei que uma nova era se inicia para nós. Assim como há dez anos, estamos de volta cheios de vontade de dar certo. Estamos maduros, mais profissionais e preparados para o mundo melhor.