E tudo fluía como de costume. Desde o
primeiro embate, marcado pela afinidade, os dois não se largavam. Um daqueles
encontros surpreendentes com ares de comédia romântica. Lugar inusitado,
circunstâncias inesperadas e argumentos hilários. E tudo ficou confortável ao
primeiro toque.
Conforto era mesmo a palavra chave. Sem se
preocupar com o rumo da história eles trilhavam o novo caminho. Encontros
furtivos no meio do dia, galerias de arte, caminhadas a beira mar, cafés,
banquinhos em vias públicas. Não importava o cenário, o clima era sempre
propício a risadas, idéias e novas histórias sobre velhos temas.
O desejo também estava lá em proporções
desconcertantes, tanto que fazia rubrar bochechas e arrepiar a pele. E quando
finalmente se tornaram um, todo o resto se corroborou: era mesmo um bom
encontro!
O brilho nos olhos denunciava e a vontade
de estar só crescia. Quando a motivação ficou clara, melhor, foi proferida as primeiras nuvens se pronunciaram. O tempo começou a escassear e o estar já não era mais
um verbo tão presente. A história agora tinha uma direção.
Palavras ditas são sempre concretas, tanto que o
peso denuncia. Difícil disfarçar, mais ainda carregar. Assim começa a ficar
estranho. O concreto vira muro para esconder as reais intenções ou a falta
delas. Ela tenta escalar, olhar por cima para ver se tem como pular. Encontra
uma pequena brecha por onde pode ver que ele preferiu, simplesmente, encostar e
deixar tudo passar.
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