sábado, janeiro 24, 2004

Sobre a beira mar - Parte II

Já era noite quando os dois voltaram a se encontrar e amigos em comum fizeram a aproximação acontecer. Partilharam o mesmo espaço por poucas horas, mas os sorrisos confirmavam o quão agradável era aquele encontro inesperado. Enquanto o som rolava e outras tantas conversas paralelas, ele encontrou um jeito de conseguir dela uma lembrança.

Quando o final da noite chegou, ela se viu só. Os seus não mais estava à sua espera e apenas o rosto dele era familiar naquele momento. "Me esqueceram aqui", ela deixou escapar desolada. "Sorte a minha", ele retrucou baixinho, já se prontificando a conduzi-la até seu destino.

E assim, ele, no papel de cavalheiro, a acompanhou pela madrugada. No caminho, conversas evasivas talvez disfarçassem intenções proibidas. Quando perceberam o destino já se apresentava. Ela se despediu nervosa, ele a deixou ir sem empecilhos.

Enquanto subia as escadas ouvia as vozes em sua cabeça. Eram desejos se pronunciando, palavras de reprovação misturadas a idéias impuras. Era tanto o barulho que custou a dormir.

Pela manhã, ao abrir dos olhos, um sorriso denunciava: nos seus sonhos ele havia estado por toda noite. Pecado!

sexta-feira, janeiro 23, 2004

Sobre a beira mar - Parte I

Mesmo com o sol do alto verão, o clima permanecia ameno. A brisa do mar acalma os ânimos e deixa aquela moleza no corpo que só entende quem nasce abaixo da linha do Equador. A luz do dia reflete na areia, clareando tudo ao redor, idéias, almas e pensamentos. Tudo parece mais fácil à beira mar.

Buscava alguém com o olhar para saciar sua eterna sede de saber, dúvidas que surgem a cada observação do desconhecido. Porém, sua alma inquieta a fazia buscar o que na verdade mais desejava: um amor. Alguns minutos de procura e ela o viu, sentado à sombra, pacientemente à espera de alguém.

Sem nenhuma cerimônia, quebrou o silêncio se apresentando e travando rapidamente uma conversa. As perguntas são mesmo seu forte e, sem piedade, interrogava-o sobre todas as coisas, sem desistir nem mesmo sob os argumentos do rapaz. "Não sou bom com as palavras", disse ele por trás de um sorriso cativante.

Diante de tanta delicadeza, ela respondeu sem titubear: "Deixa que das palavras cuido eu". Pronto, lá se foi a chance do rapaz de fugir de seu implacável interrogatório. Mas, a esta altura ele parecia gostar da conversa com ares de inquisição. Caminharam, viram coisas juntos, partilharam idéias e alguns olhares.

Dele, ela conseguiu uma bela lembrança minutos antes da pessoa aguardada chegar e todo o assunto ser interrompido. Ele se foi, mas deixou um convite: "Aparece mais tarde". Algumas pendências a levaram a aceitar o furtivo convite. Ao se despedir, um aceno do belo rapaz a fez perceber que algo brilhava em sua mão. Uma aliança, um sinal de união, posta no dedo anular esquerdo, aquele por onde passa a artéria que leva sangue ao coração. Um coração já ocupado.

Mesmo desanimada com tal suspeita, horas depois ela o procurou novamente. E se deparou com o rapaz acompanhado. A mesma aliança iluminava a mão esquerda da moça. A penas uma pergunta de longe e a resposta negativa a fez partir. De longe ela observava a moça e se perguntava: "Onde será que eu estava enquanto eles se casavam? Onde será que eu estava enquanto todos se casavam?".

Mais uma vez aquela velha sensação de ter chegado atrasada à sua própria vida.

quinta-feira, janeiro 22, 2004

Acabei de descobrir esta música...

Supernova - (Samuel Rosa - Fausto Fawcett)

É nítido, direto e inquietante
Eu diria totalmente extravagante
Nosso amor é agressivo no seu ímpeto lascivo
De amizade escarnada no desejo

Não tem calma o forte sim da tua presença
Fecundando minha mente e o fundo desse poço
Onde me jogo simplesmente por esporte boêmio
Mas é tão sério e maluco tá por um fio de tensão

Nosso amor é agressivo no seu ímpeto lascivo
De amizade escarnada no desejo
Obtém aquele máximo poder de um casal
Que é só mesmo destino de um pro outro

No universo das paixões
Amor assim é supernova
Certeiro na veia da carne
Da alma, na carne d'alma


...e me deu uma vontade louca de me apaixonar outra vez;-P

terça-feira, janeiro 13, 2004

Acabei de saber:

TIREI 10 NA MONOGRAFIA!!!
Eu me manifestei!

Compareci aos dois dias de Hip Hop Manifesta, o primeiro grande evento carioca de 2004, nascido sob o signo da polêmica e da confusão. O que restou de mim depois da maratona foi trabalhar hj, cinco horas atrasada, e concluir uma materinha sobre o evento p/ minha fonte de renda publicar.

Primeiro dia e confusão generalizada, nem mesmo euzinha, mestre em estratégias para grandes eventos, fiquei livre da confusão. Minha photofriend Alê, sumiu na multidão portando meu greencard (na verdade amarelo) para o livre acesso ao evento. Mas isso foi um fato menor se comparado à confusão para entrar no Rio Centro. O público se esbofeteando na entrada, tentando pular as grades enquanto outros tantos se drogavam, embebedavam e divertiam, não necessariamente nesta ordem, lá dentro. Tudo isso para ver a decepcionante (ao menos para mim) apresentação do lamentável Snoop Dogg. Um cara que não canta, usa play back quase o tempo todo e não leva mais de 1 minuto e meio em cada música. Fiquei chocada! A figura faz medley com suas próprias músicas ao vivo, na frente de 25 mil pessoas. Um fato lamentável! Para melhorar um pouco a imagem da trupe internacional, Ja Rule fez um show bacana. Tb teve play back pacas, mas o cara ao menos cantou o tempo todo encima das bases, e ainda trouxe aparatos cenotécnicos para distrair a galera e deixar a coisa menos dolorida para quem pagou R$40,00. Teve fogo, cortininha de fogos e chuva de papel picado, meio boiola para um rapper, mas tudo bem. O cara ainda foi p/ galera, cantou pertinho de mim, apertou mãos e eu consegui ver o quanto ele é gato! Foi perdoado pela simpatia:-)

Na verdade, mais uma para o livro de ocorrências dos engodos internacionais. A mundialmente famosa turnê caça níqueis sempre faz suas vítimas. Faço um mea culpa e assumo q sempre caio nessa, mas tenho sempre as melhores intenções do mundo;-) Tb estava curiosa para ver os caras de perto! Queria mesmo pensar q eles fariam shows sérios, as evidências foram muitas. Ninguém levou iluminador, apenas Snoop levou operador de PA e monitor, que não passaram som. Não dá para acreditar numa turnê assim.

Ainda bem que tínhamos Thaíde e Marcelo D2 puxando o carro dos nacionais no estilo, e com muito estilo. Os dois fizeram o serviço completo, levaram banda, além do DJ, e equipe completa. Não vi o Thaíde, mas ouvi inúmeros elogios de quem entende. Amei o show do D2, q ainda levou de reforço seu rebento (q criança linda aquele cara fez!).

domingo, janeiro 11, 2004

Padres e igrejas

As perguntas do dia são: porque os padres (ao menos os q conheço) tem o dom e fazer tudo parecer mais bonito? Porque as igrejas, mesmo com todo lamentável histórico, teimam em ser lugares magicamente agradáveis?

Ter formação católica tem desses mistérios. Há tempos deixei de acreditar na instituição igreja e em diversos dogmas por ela pregados, mas a mágica nunca termina.

Ontem teve o casório do priminho. Capela nova com cheirinho de camomila, padre pouco convencional e uma cerimônia que entrou para ahistória da minha enorme família. Todos os solteiros convíctos, facção familar na qual me incluo, sairam de lá pensando seriamente em adiar alguns projetos profissionais e encontrar um grande amor, um desses como do meu priminho, que resulte numa cerimônia linda como a de ontem.

Padre Navarro (este é o nome do incrível sacerdote) e sua capelinha com cheiro de camomila tem o dom de provocar a vontade de casar, de ter filhos e construir mais uma família, contribuindo para perpetuação da nossa espécie: católicos apostólicos romanos que vivem em sociedade e gostam muito de tudo isso.

sábado, janeiro 10, 2004

O hip hop não se manifesta

O primeiro bafafá de 2004 na cidade rolou em torno do evento Hip Hop Manifesta. A primeira vista, um evento de grande porte, dois dias com shows nacionais e internacionais. Coisa que, para alguém como eu, apaixonada por música e admiradora confessa do mundinho confuso do showbis, é no mínimo imperdível.

O fato é que, este evento sofreu inúmeras retaliações, a começar pelo seu provável cast nacional. O que esperar de um evento de hip hop no Brasil? Que ao menos 80% das estrelas nacionais do gênero apareçam por lá e colaborem de alguma forma para seu sucesso, certo? Errado! A tribo hip hop deu as costas para este festival e poucos foram aqueles que ousaram participar. O Hip Hop Manifesta não foi legitimado por aqueles que se intitulam parte integrante do movimento, que está sempre inserido em questões sociais( um mérito e tanto ), as quais são tema constante na obra de todos eles, BBoys, MCs, DJs, Rappers e grafiterios.

O problema, até onde eu posso assimilar, vem da velha luta de classes, com ares de racismo. Brancos bem nascidos e detentores do poder econômico se metem no gueto dos negros desprivilegiados e marginalizados por uma sociedade idiota ( que ainda pensa que ser superior é ter um tom claro na pela e conta bancária privilegiada ). Os brancos são os produtores do festival, que tem muito dinheiro e investiram pesado para organizar o evento e trazer ao país nomes de projeção internacional, colocando o Brasil na rota internacional do gênero musical mais em voga ultimamente. Do outro lado, fazendo a maior cara feia do mundo, o movimento que acabou vendo defeito em tudo que o evento tentou fazer para ser legal para todo mundo.

Quem conhece sabe que hip hop não é apenas um estilo musical, vai muito além disso. É um estilo de vida, um pensamento, um protesto, uma filosofia. Hip hop não é apenas pegar um microfone e sair recitando palavras de protesto contra pobreza, diferenças sociais, violência ou racismo. É uma manifestação cultural rica e abrangente como qualquer outra, e que engloba outras artes como dança, grafitte, poesia e música, é claro.

Para mim, tudo isso é claro. Sou jornalista, estudo, pesquiso, me interesso, escrevo. Amo música, me intero de tudo que tenha a ver com ela. Mas e para o resto? Será que tudo isto está tão claro assim?

Concordo que R$70,00 por um show é muito caro para a realidade brasileira (é caro tb p/ mim que, se não fosse a credencial de imprensa, não entraria lá), concordo que existe um compromisso social do movimento que precisa ser respeitado, concordo que o Snoopy Dogg e o Ja Rulle não são exemplos de conduta a serem seguidos. Mas por outro lado acredito que este festival seria uma excelente oportunidade de mostrar para muita gente o verdadeiro significado do movimento. Se tudo se perdeu pelo caminho e os interesses econômicos superaram os sociais, a idéia precisa prevalecer. Se os astros gringos pregam a violência e outras bobagens em inglês, cantem a paz mais alto que eles e em bom português. Se o hip hop é uma filosofia, vençam pela palavra. Não importa de onde veio ou para onde vai o dinheiro, o bjetivo é divulgar, é se manifestar.

terça-feira, janeiro 06, 2004

Ano novo, estou tentando ter uma vida nova.

Mas é mesmo difícil mudar assim, em questão de horas. Já tinha algumas mudanças programadas, coisas legais, importantes. Tentativas de ser uma pessoa melhor. Mas, quando eu menos esperava, lá estava euzinha, fazendo merdinha.

Estava decidida e acabar com a coleção de nãos que acumulei em 2003, e estava indo muito bem. Vencendo preconceitos, ousando, me permitinho... Mas, nada poderia ser tão simples. Acabei pegando meu primeiro não aos 5 minutos de 2004. O ano nem tinha começado direito e lá estava eu, guardando um nãozinho no bolso. Droga!

Vou dar um telefonema e sumir com este não o mais rápido possível!