domingo, abril 11, 2004

Sobre a mesmice

Depois de meses, estava mesmo com vontade de se apaixonar outra vez. Começou a sentir saudades daquelas borboletas no estômago, dos calafrios, pernas bambas e todos aqueles efeitos colaterais que só as grandes paixões causam.

Mas nada ao seu redor valia a pena, nada sequer fazia seu pescoço virar, seus olhos nem se levantavam para ver os donos das vozes que ouvia, nem mesmo os perfumes lhe chamavam a atenção.

Mergulhada no mais completo marasmo sentimental, seguia sua vida preta e branca. Por vezes esbarrava em alguém, mas bastavam algumas poucas palavras para logo descobrir que de nada aquele alguém lhe serviria.

Diversão e sensações fulgazes, regem as relações e nada disso lhe chama atenção. Tanta superficialidade, pessoas preocupadas em resolver suas carências de maneira rápida e indolor. Tudo precisa ser rápido, fácil e limpo. Nada de vestígios, nada que os faça voltar um dia. Nada de lembranças.

E no meio de tudo isso, ela se pergunta: "Que graça tem conhecer e nada saber? De que vale saciar carências e mais nada levar?".

Seus sentimentos são mais valiosos que isso!

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