quarta-feira, junho 30, 2004

Brasileiro é um povo estranho

Dia de final de campeonato e a cidade se divide em duas, antes e depois do estádio de futebol. Para meu desespero, trabalho antes e moro depois do tal estádio de futebol. O Maracanã vira um divisor de águas, ou melhor, de gente.

E lá estou eu, presa no engarrafamento monstro formado cerca de três horas antes do início da partida, e achando tudo aquilo um saco! Sentada na janela do ônibus, observo esses estranhos e previsíveis seres humanos do sexo masculino e começo achá-los um saco! Todos eles ficam bobos e imaturos diante de uma final de campeonato, ridículo! Gritam pelas janelas, provocam os outros, invocam palavras de baixo escalão, sentam nas janelas dos carros. Tudo isso caminhando aos bandos, medonho!

E esse trânsito que não anda... Já estava a beira do desespero quando, olhando o relógio, percebi que já se passavam uma hora e dez de um percurso que, em dias normais, levo míseros vinte minutos. Foi quando carros da polícia com suas irritantes sirenes se aproximavam. No meio do transito parado, dois homens enormes, a pé, tentavam organizar uma passagem para três ônibus. Foi quando um deles emparelhou com o meu e, da minha janela, pude ver os jogadores que entrariam em campo para defender o MEU TIME. Eles e amontoavam nas janelas, fechadas e protegidas por cortinas, tentando ver um pouco da bagunça lá fora. Mesmo sem querer, abri um enorme sorriso e acenei. Recebi de volta um polegar para cima.

Segui viagem com a cabeça para fora, adorando tudo aquilo. O mar de gente ao redor do estádio, dá medo, mas é emocionante ouvir os gritos da torcida lá dentro ecoando ao redor do Maracanã. A nação rubro negra toma conta da cidade, do país. E eu não consigo negar, sou uma cidadã estranha.

Fechando o diagnóstico: sou brasileira, carioca e flamenguista:-)

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