domingo, setembro 05, 2004

Sobre a dormência

Deixou para trás uma semana ansiosa. Dias planejando situações, ponderando motivos e estudando possibilidades. O querer/não querer presente 24h por dia. Um trabalhão. Abafar culpas, exaltar bons momentos, relembrar as coisas ruins, desencavar porquês... Aquilo seria de fato um reencontro.

Por todo o caminho o coração acelerado. Quanto mais se aproximava aumentava a vontade de desistir e voltar. Caminhando a passos pequenos, desses que nunca querem chegar. O medo ao reconhecer o portão. Calafrios ao olhar através das grades.

As horas se arrastam, os assuntos se sucedem até ele finalmente surgir e, lentamente, cruzar a porta. Expressão de absoluta surpresa quebrada pela profunda frieza do "oi". No lugar de todas as emoções que transbordaram por todo o dia só restou o torpor. Uma dormência que impediu terminantemente que seu olhar com o dele cruzasse, que suas palavras a ele se dirigissem, que seu corpo o dele tocasse.

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