domingo, dezembro 11, 2005

Das piadas que a vida conta

Sabe quando você assina o atestado de óbito de uma coisa, mas ela resolve dar um súbito suspiro? Fechou o caixão, chorou as últimas lágrimas, bebeu o morto e já até se acostuma com a idéia de que tudo se esvaiu, findou-se afinal.

Eis que, numa manhã chuvosa de domingo, socos e chutes são ouvidos. Eles vêm de dentro do caixão onde o suporto cadáver se contorce. Tsci, imaginação! É só a boa e velha saudade lhe pregando mais uma peça.

A tarde cai e os barulhos ainda podem ser ouvidos, mais fortes e insistentes agora. Tanto que não tardam em romper a madeira e, sem muito alarde, diga-se de passagem, espalhar toda a terra que havia sobre ele ao seu redor. Seus olhos ainda não acreditam no que vêem, seus ouvidos no que ouvem e, incrédulo, você está lá, só olhando. Até que ela avance sobre você e pronuncie TODAS as palavras. As mais mágicas, aquelas que despertam e comprovam que a coisa realmente voltou, que é real e que está ali bem na sua frente, respirando e sorrindo para você, só para você.

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