sábado, dezembro 16, 2006

Sobre a salvação
Parecia impossível, mas ela foi voltando ao seu estado normal. Abusou da filosofia das clinicas de recuperação e fez da máxima “um passo de cada vez” uma regra. E no compasso de cada passo foi saindo da sua clausura. Barzinhos, shows, festas, o velho roteiro voltando a pauta. A diversão voltava à sua vida com ares de novidade mofada. Por vezes olhava de longe e se perguntava: “Tem certeza que eu achei isso o máximo um dia?”. Questões que serviam de prova cabal da sua profunda mudança.

Mas muita coisa ainda estava fora do lugar. A diversão era fulgaz, não passava da página quatro depois da introdução.

Uma noite, um show, um acaso e tudo mudou. Deu um passo de cada vez, viveu um dia de cada vez, conseguiu não olhar para frente e nem para trás por algum tempo. Medidas extremas para alguém tão comedido. Assim deu-se a revolução!

Viveu coisas jamais sonhadas, viu coisas jamais imaginadas, ouviu coisas jamais ditas, sentiu... Finalmente, ela sentiu! Sentiu e sentiu. E era só isso que precisava, era tudo que almejava, era o que mais lhe faltava.

Hoje em seus olhos ainda existe uma ponta de tristeza, em seu peito um naco de dor de uma ferida ainda não cicatrizada. Mas a alegria de voltar a sentir ilumina mais seu mágico sorriso.

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