terça-feira, julho 26, 2011

Sobre a tentação


Ela não era do tipo que se sentia atraida pelo perigo ou coisas proibidas. Ética, convenções sociais, regras. Tudo isso estava sempre voando dentro de sua cabeça o tempo todo. Mesmo quando a vontade parecia ganhar espaço, o peso dos ditos princípios esmagava tudo. E a batalha interna era travada.

E foi assim quando ele chegou munido de um charme quase irresitível. A medida em que as horas passavam aumentava a vontade, que de tão proibida começava a incomodar.

Ninguém mais parecia se importar e seguiam seus planos. O que para ela eram obstáculos quase intransponíveis, aos olhos dos outros não passavam de meros detalhes a serem ignorados. Ao perceber que seria atropelada enloqueceu em silencio. Se refugiou em desculpas e se fez de surda e muda. Chorou em segredo ao vê-lo seguir um caminho oposto ao seu e desejou, mais secretamente ainda, ser como as outras pessoas que viam apenas o lado prático da vida. Mas a coragem não lhe foi companheira e o jeito foi aceitar a derrota.

Mais difícil que lutar contra um desejo é ir de encontro aos seus prórpios princípios. E ele continuava lá se fazendo notar com singelos sinais de reciprocidade. Por um momento deixou escapar que para ele também era presente o tal desejo. Ela o fazia sim ser tomado por pensamentos impuros.

Perto do fim os dois ficaram de pé na fronteira. Ela se entregou suplicando pela conduta que julgava correta. Ele respondeu a contento mantendo a postura ética compartilhada por ela. Tudo acabou com um forte abraço que deixou uma deliciosa sensação de cumplicidade.

Vaidosa, ela celebrou o divino encontro de iguais.

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