sexta-feira, março 12, 2004

Brasileirinho

Ainda não experimentei coisa melhor do que um show com gosto de quero muito mais. Estive num desses ontem à noite. Foi minha primeira experiência com Maria Bethânia ao vivo e não poderia ser melhor. O show era destinado à gravação do próximo DVD da cantora, baseado em seu último CD, Brasileirinho, lançado pela Biscoito Fino.

Cenário de Gringo Cardia me surpreendeu pela simplicidade. Acostumada às obras multicoloridas do cenógrafo, me deparei com um cenário coberto por esteiras de palha crua e um pano de fundo, composto por retalhos de panos coloridos, que descia estrategicamente em algumas músicas. Na frente do palco uma tela aparava as projeções de abertura e encerramento, tudo muito simples.

Na luz, outro mito, Maneco Quinderé, que abusou das pequenas lâmpadas que subiam e desciam do teto como estrelinhas das noites de junho. As mesmas noites que o inspiraram, creio eu, a criar os balõezinhos coloridos que também desciam do teto nas músicas em homenagem aos santos dos meses de Junho e Julho. A cor predominante foi o âmbar, mas tons de azul e verde também sobressaíram nas laterais do palco, colorindo a palha crua das esteiras de Gringo.

Dentro do Canecão a movimentação era frenética. Ingressos esgotados para ver uma de nossas divas, que raramente se apresenta por aqui, num projeto tão especial. Para comandar o monitor, Iannacconi, conceituado técnico operador de áudio no mercado nacional. Uma função nada simples, já que, além da banda, Maricotinha ainda dividiu o palco com os grupos Tira Poeira e UAKTI, mais Nana Caymmi e Miúcha. Tudo isso num palco limpinho, sem monitores ou sides. Para o público ouvir, o técnico Vânius estava à postos no PA com uma tarefa nada fácil. Com os instrumentos criados pelos próprios integrantes, o UAKTI exigem uma captação e, conseqüentemente, uma mixagem mais cuidadosa. E ainda tinha a história da gravação... Não era à toa que Vânius estava tão nervoso.

Do lado de fora, mais tranqüilo, o produtor Moogie Canázio comandava a gravação abrigado na unidade móvel AudioMobile, estacionada na frente da casa de shows. Dentro do caminhão mais de 80 canais eram trabalhados com o que há de melhor em equipamentos no mercado e gravado, é claro, em Pro Tools HD. Aliás, dois Pro Tools, só para esbanjar tecnologia:

E mais uma vez eu lá estava, envolvida nas histórias dos moços apaixonados do áudio. Entre a incrível oportunidade de um passeio no shopping com Moogie Canázio, com direito a muitas histórias ótimas do mundo da música, e um animado bate-papo com Gabriel do estúdio Biscoito Fino, eu aprendi mais um pouquinho e me envolvi mais nesse universo paralelo, onde o som e a tecnologia são a base de tudo.

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