domingo, março 21, 2004

Sobre a intimidade

Raros são os casos, mas por vezes nos deparamos com situações no mínimo intrigantes. Para ela os detalhes sempre foram a melhor parte do todo, e tanto por esta prática de observar as coisas pequenas e sutis, como pequenos gestos, olhares e palavras quase não ditas, é que se emociona quando se depara com detalhes incomuns.

Tamanha foi sua surpresa ao vê-lo ali, praticamente um estranho, agindo como se fosse o mais antigo dos amigos, ou o mais atencioso dos namorados. Enquanto ela pensava em roubar seu bolinho do café, ele já colocava um segundo na sua frente. Pediu sua sobremesa, uma das preferidas dela, com duas colheres e, sem ao menos consultá-la, lhe deu a segunda colher para dividir o doce com ele. O mesmo fez com a água. Pediu uma garrafa e dois copos, um encheu para ela. Também sem a menor cerimônia, se pôs a dividir o mesmo copo d'água com ela, já que o seu acabara.

Tudo acontecia com tal naturalidade que chamou a atenção dela, que, quieta, observava e participava de toda a situação sem quebrar a magia da mais incrível expressão de intimidade instantânea que já participou.

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