Meus passos de retorno ao mundo
encantado as artes manuais passam pelas redes sociais (como quase tudo
nos dias de hoje). Convidada por uma amiga, ingressei em um grupo de
moças artesãs no Facebook. Bastaram poucos dias de contato com os posts
de inúmeras meninas talentosas e suas criações para a minha porção
arteira se encher de coragem e sair do casulo. Cheguei a ensaiar alguns
comentários em conversas já iniciadas e inclui minha "fanpage" no
inventário do grupo. Mas, quando eu finalmente preparava um primeiro
post com uma de minhas criações, veio a publicação estranha.
Há
alguns dias uma das participantes já havia me franzido a testa ao
perguntar a opinião de todas sobre o fato de uma menina branca vender
turbantes. A questão por si só já me pareceu absurda, passei batida.
Porém hoje cedo me deparei com a postagem de uma das moderadoras do
grupo decidindo que era proibido meninas brancas anunciarem e venderem
turbantes na página. Por um momento achei que era uma piada e reli em
busca do tom certo, mas infelizmente não encontrei a ironia em nenhuma
das palavras da pobre menina.
Cliquei
no botão que dizia "sair do grupo", mas não foi o bastante para aplacar
meu estarrecimento com tal pensamento. O que tem de tão especial numa
mão negra para produzir um simples turbante? E porque uma mão branca não
pode fazê-lo? Turbantes não são exclusividades dos negros africanos,
outros povos e raças também usam e outras mãos também os criam,
produzem, amarram. Racismo no artesanato é demais para mim.
Sou 100% mestiça e assim me aproprio de técnicas artesanais de diferentes origens e etnias, mestiçamente criativa.
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