sábado, novembro 24, 2007

Sobre uma noite feliz (que “às vezes é muito raro”)

Por email veio a idéia. A notícia tardia daquele show chegara com um gosto bom de novidade, um cheio irresistível de algo imperdível. Magicamente tudo se encaixou: a solidão latente, o marasmo mortífero e a lua indecentemente cheia.

E lá se foi, corajosamente sozinha. Chegou cedo e encarou de frente, mais uma vez, os olhares curiosos das pessoas. O mundo ainda não se acostumou com mulheres bacanas como ela. Claro que a deprê de ser rodeada por casais felizes, observada por grupos de homens e invejada por duplas de mulheres incomoda. Mas, nada como um celular com conexão à Internet para tolerar os altos índices de tédio que circundam uma pessoa sozinha no meio de uma multidão.

E qual o problema? Ela pode falar com qualquer pessoa. É dona da situação, é ela quem comanda o rumo da sua noite. E mira no DJ: “Você se importa de me dizer que música é essa?”. Pronto, lá se vão muitos minutos de um animado papo sobre um assunto deveras interessante.

Mas a noite ainda estava começando. Uma circulada e tudo muda. Ela descobre um rosto conhecido. Um sorriso largo e um longo abraço que denuncia um algo a mais. De fato tudo é mais interessante agora. Horas de papo divertido, risos, piadas e coisas engraçadas pontuam o assunto entre as duas almas unidas pelo acaso. Coisas imperceptíveis acontecem entre os dois. Os tais códigos criptografados nas entrelinhas dos assuntos descompromissados vão construindo uma coisa qualquer que aproxima mais os dois a cada minuto. Até que, a grande lua no céu, testemunha o longo beijo.

Ela, envolta nos braços dele, olhava a cidade. Fechava os olhos para olhar para ele. Abria os olhos e via a lua, o reflexo de tudo no mar da sua cidade. Instintivamente colocou os dedos indicativo e polegar no minúsculo bolso da sua “five pockets”. Afinal, é ali que sempre guarda sua felicidade.

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