quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Nacionalmente estrangeira

Agora faz mais sentido porque evitei por tanto tempo me envolver com pessoas de outros paises. Eu dizia sempre que era preconceito, já fui alvo daquelas almas infelizes que acham que minha cidade é um imenso puteiro. Tudo bem, hoje até concordo com essa teoria da casa de tolerância e também já sei me defender desses tipos, dois passos importantes para mudança de comportamento.

Considero como marco oficial a abertura de um certo albergue em Copacabana. Walk on the Beach, criado por dois colegas, Bo (from Denark) e Alcira (from Vila da Penha), e gerenciado por uma querida amiga, Ale (from Anchieta). No WOTB, como carinhosamente chamo, minha maneira de ver o mundo e as pessoas que nele habitam começou a mudar. O entra e sai constante de gente de inúmeras partes do planeta provoca sentimentos estranhos: medo, curiosidade, encantamento, alegria. Fica tudo lá, preso nas paredes, flutuando pelos corredores, jogados pelo chão. Não dá para ficar imune. Depois de algum tempo você já sorri involuntariamente para qualquer rosto com feições fora dos padrões estéticos brasileiros.

É bom quando eles perguntam coisas sobre a cidade, o país, com aquela curiosidade infantil. Melhor ainda quando gostam e não poupam elogios, eu quase explodo como se fosse a dona da terra. Mas também morro de vergonha quando a desordem urbana, violência e falta de educação do povo vêem à tona. São os meus momentos reais de brasilidade.

De certa forma tudo fica diferente quando eles, os estrangeiros, estão por perto. A vida fica mais divertida. Imagina só ir a uma festa onde você é a única representante de toda uma nação? Jantar com cinco pessoas de cinco paises diferentes que não falam a sua língua, mas ainda assim insistem em serem entendidas e passar a noite toda brincando de tecla SAP. Ou jantar com seis pessoas onde apenas três são estrangeiras e mesmo assim ninguém falar a sua língua e você passar a noite toda tipo personagem de cinema mudo.

Ainda não realizei meu sonho de viajar para fora do Brasil, mas já conheço um pouco mais sobre o mundo sem sair da minha cidade. Me sinto mais gringa a cada dia:-)

Nenhum comentário: