sábado, julho 12, 2003

Sobre a monografia

Ouvir um CD, ver o povo tocando no palco, colocar uma idéia na cabeça, discutir esta idéia com o povo que toca no palco... A primeira vista esta conexão me pareceu extremamente simples, mas olhando bem de perto, de dentro eu diria, não é mesmo.

Para cada impressão minha, existem outras tantas a serem confrontadas. A distância entre ouvir o CD, ver a banda em cena e assimilar seu trabalho no âmbito em que ele deve ser assimilado é incomensurável. São detalhes, nuances e idéias espalhadas por todos os lados. O trabalho do músico nunca é só aquilo, o músico nunca é só aquele.

Ingenuidade pensar que só porque o cara canta forró ou declama poesias cantadas no palco ele é um mero repetidor das suas raízes culturais. Ingenuidade concluir que sua música se restringe a apenas rever antigos conceito, repassar antigas formas e manifestações artísticas. Ingenuidade chamar de folclórico o que na verdade é apenas roots, tão minha quanto dele. Uma mera bagagem sonora passada para frente por ser parte dele mesmo.

Não é uma visão preconceituosa, é apenas a constatação do tamanho do país em que se vive e, especialmente, da diversidade cultural que ele abriga. Passar os últimos 32 anos no sudeste sendo bombardeada por informações globalizadas e pouca influência interna, pouca roots, se expressa assim. Acabamos tratando como ETs quem se propõe a falar de coisas simplesmente BRASILEIRAS.

Já estou revendo meus conceitos.

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