quarta-feira, junho 11, 2003

Por que será q pessoas legais sofrem tanto?

Quando lembro dela só me veêm boas lembranças, coisas engraçadas, molecagens. Estava sempre rondando a cozinha atrás de alguma coisa boa para comer, em geral doces, sua eterna paixão. Implicava com todo mundo, colocava apelhidos, fazia do mundo uma piada, mexia com os defeitos e ria, ria muito. Sempre ria de tudo e de todos. Parecia uma moleca, uma enorme moleca, grande, rechonchuda, de colo macio e abraço aconchegante.

Dia de festa era impossível contê-la. Fazia os doces, comia os doces, cozinhava, arrumava a casa, estava sempre ali, pronta p/ ajudar no que fosse preciso. Quando os convidados chegavam lá estava ela, toda cheirosa (adorava se perfumar), conversando, brincando, dançando, sempre muito alegre.

Gostava de me olhar, me observada buscando traços de quem amou muito no passado. Alguém que ela fazia questão de lembrar sempre e de me fazer saber. Me fazia conhecê-lo, me fazia reconhecer em mim pedacinhos dele que eu nunca saberia se não fosse ela. Ciumenta, certa vez brigou para ver quem me paparicava mais, e olha que eu já tinha 15 anos. A mania mais engraçada era a de colocar o pé dos bebês da família na boca, fez isso com todos. Acho que era uma tradição.

Hoje o dia estava lindo. Um belo dia de Outono, céu azul, brisa fesca, temperatura amena, aquele solzinho gostoso. Como algém tão especial pode ir embora num dia assim?

Adeus Tia Licinha, sentirei saudades.

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