quinta-feira, janeiro 03, 2008

Metáforas esportivas

Adoro metáforas! Uso e abuso delas nas mais diversas ocasiões. Costumo usar temas diversos, porém, o mais recorrente é sem dúvida o esporte. É quase irresistível não comparar fatos e assuntos corriqueiros da vida com uma partida de qualquer esporte.

Recentemente entrei numa partidinha de xadrez. Mesmo sem saber jogar na presença de um tabuleiro e todas aquelas peças, regras e movimentos esquisitos, eu topei a brincadeira. Ele saiu na frente, movimentou seu peão invadindo meu lado do tabuleiro. Aceitei a invasão e fiz o mesmo. No segundo lance já tinha lá um tal bispo e uma coisa de um cavalo. Eu, mesmo sem entender as regras, não perdi a pose. Copiava as jogadas dele. Mas ele demorou tanto para fazer uma nova jogada que comecei a ficar impaciente e a me arriscar: andei com a rainha. Ele nada. Mexi com a minha torre. Ele nada. Daí se instaurou o caos: meu cavalo já cavalgava impacientemente pelo lado dele do tabuleiro, minha rainha, encostada na torre, batia o pezinho nervosamente, meu bispo já não tinha mais conselhos para me dar e meu rei, esse ai tão imprestável, prefira nem se meter, fazia que nem era com ele.

Um mês depois eu venci a partida, infelizmente, por WO.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

O sonho (do tipo que acontece durante o sono profundo, quando a consciência está no lamentável estado de letargia)

Caminhava tranqüilamente pela Visconde de Pirajá, ali bem na esquina com a General Osório. A sensação era boa, como sempre é quando caminho despretensiosamente por Ipanema. Aquela brisa leve, constante... O cenário muda bruscamente ao olhar sobre meu ombro direito. Meu maior desafeto (aquele que não ouso dizer o nome nem mesmo em sonho) atravessava a rua empurrando um carrinho de bebê. Claro, dentro havia mesmo um bebê, uma criança negra e linda. Ele estava um pouco diferente, a mesma cara cínica, porém emoldurada por um cabelo a la Bem Harper (um velho sonho de consumo dele). Ah, sim ele me vê e minha reação é fugir (nem mesmo no MEU sonho eu sou corajosa). Aperto o passo e saio em fuga entre as pessoas da Visconde de Pirajá. Ele tenta me alcançar, mas o carrinho de bebê atrapalha e muito a perseguição. E ficamos nessa, eu andando rapidamente e olhando para trás para ver se ele não se aproximava o suficiente de mim para travar qualquer tipo de conversa, ele, por sua vez, tentando chegar mais perto sabe Deus para que.

Acordei com a imagem daquele maldito na cabeça. Cabelos de Bem Harper e mais um filho, quem merece? O mais marcante foi o olhar dele, fiquei tentando interpretar. Era, definitivamente um olhar de surpresa, mas dizia mais alguma coisa. Uma coisa que não era felicidade. Não me parecia uma pessoa feliz, mesmo com um lindo bebê no carrinho e caminhando em Ipanema.

Deixa estar, um dia entendo o que isso quer dizer. Acredito em sonhos, eles sempre dizem algo importante para nós, basta saber ler. E eu não sou das mais espertas nesse assunto, mas estou sempre tentando ser. E, de tanto tentar, um dia chego lá.

terça-feira, janeiro 01, 2008

Sobre o fim

Fazia algum tempo que não se viam. Era boa a perspectiva do reencontro e era tanto o tempo que se sabiam que o termo “reencontro” nem era tão adequado. Outros intervalos já existiram na história comum, mas este tinha de fato uma cara diferente. A começar pelo entusiasmo. De fato era nenhum naquele momento. Mas nada fazia muito sentido, todos esses sentimentos vagavam pela mente e ao redor dos personagens.

E o diálogo finalmente começou e foi conduzido de maneira nunca antes vista. Perguntas escassas e evasivas disfarçavam uma real falta de interesse. Comentários infundados e sempre tão previsíveis foram deixando à mostra detalhes importantes, mas nunca tão em evidencia. Em pouquíssimas horas a realidade batia à porta: não havia mais porque, não havia mais querer.

A vontade de compartilhar se esvaiu em algum momento ao longos dos anos. Naquele momento não esperava absolutamente nada, nem mesmo os pareceres que sempre lhe fizeram ponderar sobre as mais diversas situações. Era tudo muito no sense. As palavras e idéias soavam todas emboloradas, putrefatas, nada era aproveitável. Bateu uma certa tristeza, mas não o suficiente para resgatar a vontade de lutar. A toalha foi ao chão.

Partiu e, num gesto raro, olhou para trás. A saudade existirá e será sustentada por um carinho legitimamente conquistado, mas o fim é notório. Agora tudo pertence a um outro nível. Melhor assim.

terça-feira, dezembro 25, 2007

Pessoa ruim

Não sei perdoar
Falo demais
Sinto inveja
Sinto raiva
Sou ciumenta
Faço julgamentos
Tenho preconceitos
Sou egoísta
Sou covarde
Tenho medo
E morro de ódio e vergonha por cada um desses horríveis defeitos!

sábado, novembro 24, 2007

Sobre uma noite feliz (que “às vezes é muito raro”)

Por email veio a idéia. A notícia tardia daquele show chegara com um gosto bom de novidade, um cheio irresistível de algo imperdível. Magicamente tudo se encaixou: a solidão latente, o marasmo mortífero e a lua indecentemente cheia.

E lá se foi, corajosamente sozinha. Chegou cedo e encarou de frente, mais uma vez, os olhares curiosos das pessoas. O mundo ainda não se acostumou com mulheres bacanas como ela. Claro que a deprê de ser rodeada por casais felizes, observada por grupos de homens e invejada por duplas de mulheres incomoda. Mas, nada como um celular com conexão à Internet para tolerar os altos índices de tédio que circundam uma pessoa sozinha no meio de uma multidão.

E qual o problema? Ela pode falar com qualquer pessoa. É dona da situação, é ela quem comanda o rumo da sua noite. E mira no DJ: “Você se importa de me dizer que música é essa?”. Pronto, lá se vão muitos minutos de um animado papo sobre um assunto deveras interessante.

Mas a noite ainda estava começando. Uma circulada e tudo muda. Ela descobre um rosto conhecido. Um sorriso largo e um longo abraço que denuncia um algo a mais. De fato tudo é mais interessante agora. Horas de papo divertido, risos, piadas e coisas engraçadas pontuam o assunto entre as duas almas unidas pelo acaso. Coisas imperceptíveis acontecem entre os dois. Os tais códigos criptografados nas entrelinhas dos assuntos descompromissados vão construindo uma coisa qualquer que aproxima mais os dois a cada minuto. Até que, a grande lua no céu, testemunha o longo beijo.

Ela, envolta nos braços dele, olhava a cidade. Fechava os olhos para olhar para ele. Abria os olhos e via a lua, o reflexo de tudo no mar da sua cidade. Instintivamente colocou os dedos indicativo e polegar no minúsculo bolso da sua “five pockets”. Afinal, é ali que sempre guarda sua felicidade.

sábado, novembro 03, 2007

Eu odeio as minhas hastes flexíveis

Sai de casa naquele dia com a intenção de fazer uma surpresa. Viajei quase duas horas e utilizei dois meios de transporte diferentes. Cruzei terra e mar para fazer uma surpresa. Claro que não deu nada certo, ele era o cara errado, mas até aquele momento eu ainda “pagava” para ver.

Voltei para casa sozinha, me sentindo a pior do mundo. Resolvi dar uma passadinha numa loja para disfarçar a tristeza comprando guloseimas. Escolhi justo uma loja que vente de tudo um pouco. E, passeando pela seção de higiene pessoal, lá estavam ela; as malditas hastes flexíveis, 500 delas reunidas em um grande pacote plástico a preço irrisório.

Tenho mania de limpar meus ouvidos quase todos os dias. Já vi um filme onde o protagonista tinha verdadeira paixão por hastes flexíveis. Também já conheci alguém que nunca limpava os ouvidos e quando eu fui limpar gastei quatro hastes para cada cavidade auricular. Acreditem, foi um momento marcante e “schifoso”. Também as uso para corrigir erros de maquiagem na área dos olhos.

Ao chegar em casa acomodei as 500 hastes flexíveis em uma simpática latinha que ganhei na compra de cinco sabonetes Vinólia, aqueles das Quatro Estações de Vivald. Ficou lindo, todas aquelas pontinhas de algodão unidas em forma circular. Até fiz uma foto! E elas ficaram lá, na pequena estante ao lado do armário do banheiro. E todas as vezes que eu abria a latinha Vinólia para usar uma daquelas malditas hastes eu lembrava do dia que as comprei. O dia que viajei mais de duas horas por terra e mar para fazer uma surpresa para alguém que me trouxe tanta dor, tantas desilusões. Pensei no maldito mais de 500 vezes!

Moral da história: quando tudo der errado num dia, voltem direto para casa. Não façam nada que possa imortalizar aquele dia ou fazê-lo durar mais do que míseras 24 horas.



domingo, outubro 28, 2007

Lambida pela Juliette

Fazia tempo que eu não me divertia tanto em um show. Tive direito a tudo; grito histérico, cantar a música preferida aos berros, pular como uma louca, ter arrepios com os acordes de guitarra, sentir as lágrimas nos olhos de emoção, amassar os outros para tocar na vocalista.... De fato uma noite para entrar na minha história pessoal: a noite em que Juliette Lewis e seus Licks me lamberam.

Juliette & The Licks me conquistaram de verdade. Surpreendente em todas as instâncias. Fiquei deslumbrada por ver a atriz de perto (como é baixinha e lindinha!), de ouvir sua voz real (estava na grade e ela falou com todo mundo que estava ali), sim eu era fã dela há muito tempo. Vi quase todos os filmes, muitos só por causa dela. Mas ela estava ali fazendo outra coisa. E a cantora é incrível, tem atitude, tem alma, tem personalidade, dá para perceber que ela gosta de estar ali, de fazer aquilo e sabe muito bem o que está fazendo; divertindo as pessoas. É generosa com seus músicos e com seu público, gosto muito disso nos vocalistas. E claro, tem uma voz muito bacana! Em alguns momentos ela me lembrou o Mick Jagger ou Steven Tyler, serpenteando pelo palco com as caras, bocas e provocações ("everybody, lick your mouth!").

Também entra para a história como a primeira vez em que tive dúvidas sobre meu senso crítico e afinado para a música. Várias pessoas que respeito muito a opinião por "sentirem" a música como eu crucificaram a pobre moça e seus rapazes. Juliette & The Licks foi um sucesso meio particular, só eu gostei muitíssimo, só eu achei tudo perfeito, só eu fiquei emocionada, só eu saí do show parecendo uma louca descabelada, suada, sem voz e completamente deslumbrada. Acho que perdi o “tino” para o jornalismo crítico musical e me deixei levar pela performance. E, como rainha coroada pelo uso abusivo dos sentimentos dúbios, eu me amo e me odeio por isso. Amo porque não perdi a inocência de apenas “curtir” um show como uma reles mortal, e odeio por não conseguir fazer uma consideração técnica sequer sobre a apresentação da banda.

domingo, setembro 09, 2007

Dia de Europa

Estou mergulhada na gramática italiana há mais de uma hora. Me divirto com as semelhanças com o português e, em especial, com as palavras e expressões mega bonitinhas. Meu amigo dinamarquês me chama no MSN, trocamos algumas palavras até o telefone interromper a conversa. Uma chamada da Inglaterra traz boas notícias. Para sonorizar o cenário, música folclórica Irlandesa.

O velho continente nunca esteve tão próximo e eu estou absurdamente feliz com isso:-)



terça-feira, agosto 28, 2007

Meus julgamentos, sempre tão cruéis...

Eu cometo pecados...humanidade é isso ai! Dá até um alívio perceber que não há muito de divino em mim, uso isso para justificar as pedras em meu caminho (sempre muitas ao meu ver). Afinal, para todo pecado existe um castigo.

Então foi assim, julguei uma pessoa. Odeio quando faço isso, mas eu sempre faço. A conseqüência é imediata: percebo o erro e logo me condeno. Nem me dou ao trabalho de justificar, assumo e fico lá...remoendo aquilo por horas, dias até. “Sua burra!”, “Como pode ser tão estúpida e cruel?”, “Você é mesmo péssima”, diz, na versão publicável, minha consciência para mim. Acredite, ao vivo é muito pior.

Há quatro dias que isso me atormente noite e dia. Hoje então cheguei ao ápice. Vi o quanto realmente fui cruel. Entendi, finalmente, os motivos que levam tal pessoa a agir assim, ao meu ver, descomprometido demais, desleixado demais, sem uma gota de amor pelo que faz.

Passei toda a manhã preparando um esquema legal. Uma coisa bacana mesmo. Perdi horas traçando estratégias, metas... Já passava das 13h quando apresentei, orgulhosa e animada, o resultado da minha proposta. O balde de água fria não tardou. Algo em torno de dez parcos minutos e tudo estava destruído. Pior do que ter seu projeto recusado e vê-lo reduzido a pó.

Voltei para minha mesa totalmente descomprometida, desleixada e sem uma gota de amor pelo que fiz. Ah, sim, claro, mais arrasada ainda do que o meu réu de quatro dias atrás. Afinal, ele foi absolvido e eu? Ah, eu ainda vou me condenar pelos meus erros por mais uma pá de tempo.

segunda-feira, agosto 27, 2007

Coisas de meninos

Não importa a idade cronológica, representantes do sexo masculino quando em bando (mais de três para mim já é um bando) são sempre meninos bobos.

Eram seis no total, cada um com seu cada um. Deferentes no jeito, na idade, no estilo. E eu, como sempre, a única menina que acaba virando a atração. É engraçado observar como cada um tenta chamar a atenção para si. No caso, a minha atenção. Mas em bando isso se torna uma tarefa difícil, por vezes ingrata. Qualquer deslize vira piada e o cara, se não for “safo”, pode ser abatido antes mesmo de entrar em campo.

Cinco esperam pelo sexto que demorava muito para chegar. Claro que aproveitavam para fazer uma péssima imagem do pobre, seria menos um para disputar a minha atenção. Um deles ficou distante, observando. Tentava, em vão fazer observações inteligentes. Caminho errado! Todos os outros se voltaram contra ele. Como assim ele poderia ousar parecer mais inteligente do que os outros? Um deles contou uma piada. Me fez rir por longos minutos. Fato que transformou o almoço num show de humor. Agora todo mundo tinha uma boa piada para contar para mim.

É claro que ninguém ali intencionava “pegar” ninguém, mas o instinto fala alto nas pequenas coisas e eu adoro observar:-)

domingo, agosto 19, 2007

Uma questão sexual

A pele era macia, cheirosa e de uma cor irresistível. Recobria um corpo bem torneado com todos os músculos trabalhados sem exageros. Um verdadeiro sonho de consumo para qualquer fêmea predadora na fase adulta.

E ele se aproxima provocante, te toca, te puxa ao encontro dele. Encosta o corpo perfeito no seu e dança de forma lenta e sensual. Você fecha os olhos, ouve a música e acompanha os movimentos sincopados. Desliga a mente e se concentra no momento, no cheiro, na sensação...

De olhos abertos, passa a mão nos cabelos, arruma a roupa e avalia a situação: estranha.

Mais uma experiência que comprova a exceção ou, como costumava dizer uma pessoa outrora próxima, a “desorder” da vida.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Credi, affidi

De tudo que vi e ouvi até hoje sobre pessoas do antigo continente não me afetaram verdadeiramente. Fiz uma promessa de acreditar e confiar nas palavras e nos olhos originais.

De tudo que vi e ouvi até hoje algumas coisas me machucaram, mas nada profundamente. Ainda mantinha o foco em acreditar e confiar.

Hoje eu não vi os olhos originais, não ouvi as palavras originais, mas um gesto original abalou a credibilidade e a confiança.

Ele não está mais lá.

Ele não QUER mais estar lá.

O silêncio, a ausência, a saudade, as outras pessoas, as palavras erradas, todo o oceano... Nada me doeu tanto quanto a certeza de que ele não QUER mais estar lá.

quarta-feira, agosto 01, 2007

Gosto mesmo de ser assim...

Ele me conhece pouco, quase nada posso dizer. Daí tamanha surpresa ao ouvi-lo dizer com tanta propriedade algo sobre meu estado de espírito.

Não, não, não, não fiquei aborrecida como de costume. Tal fato me fez feliz. Pensei comigo: "Ele está mesmo certo na sua observação. Bom saber que sou tão transparente assim."

É isso então... não importa o que aconteça, sou sempre verdadeira com meus sentimentos. Como me disse um dia meu primeiro amor: "podem até magoar seu coração, mas seu espírito ninguém vai conseguir quebrar". E ninguém conseguiu mesmo!!!

quarta-feira, junho 13, 2007

Eu tenho 15 anos

Porque não quero entender
Porque não consigo aceitar
Porque não quero enxergar
Porque tenho medo de te perder
Porque ainda gosto muito de você

quinta-feira, maio 31, 2007

O Grande Portal

Todo mundo tem uma frase de efeito. Uma dequelas coisas que você tira do bolso quando ninguém mais sabe o que dizer. Não existe uma regra para essa tal frase, vale qualquer coisa. Pode ser engraçada e cheia de sentido ou séria e sem senso algum, pode fazer todo mundo cair na risada ou causar comoção. O efeito não importa muito, é só uma última fala para pessoas que gostam de fechar discussões, tenham elas motivo ou não.

Como uma clara representante do mundo das palavras, eu tenho um saco cheio dessas frases. Algumas oriundas da sabedoria popular e outras tantas fruto da minha criatividade. Em meu vasto repertório existem aquelas que já são recorrentes. Quando o assunto é, por exemplo, o Brasil e suas mazelas invariavelmente eu costumo dizer que a saída para esses problemas é o aeroporto internacional. Com isso fiz desse lugar, o velho Galeão, meu grande portal.

Quando era pequena ficava imaginando o que existia além dos guichês de embarque. Para mim a viagema começava ali mesmo, nem precisava entrar no avião. Demorou uma boa dezena de anos até eu descobrir o que existia depois daquela entradinha. O grande salão cheio de cadeiras e algumas lojas não era tão excitante quando eu imaginava. Nem chegava aos pés da sensação do avião decolando, esta sim me surpreendeu.

Acho que fiz umas dez viagens a trabalho e uma de férias, tudo sem ultrapassar as linhas que demarcam o território nacional. Deu para esquecer essa brincadeira de portal e deixar tudo com cara de coisa cotidiana. Nunca mais olhei o Galeão como um lugar mágico.

A magia parece ter voltado. Há oito meses descobri o Terminal 2. Lá no cantinho, bem no final do corredor, encontrei o verdadeiro portal. Foi numa tarde de quinta-feira, era feriado... Lembro dos detalhes porque as coisas mudaram muito desde então, revoluções pessoais, eu diria. Voltei lá umas três vezes depois e é como das primeiras vezes, quando eu ainda era criança. Eu fico imaginando o que existe depois daquela pequena entrada. O salão com cadeiras e lojinhas? Que tipo de lojinhas? Que tipo de cadeiras?

O novo Tom Jobim tem uma novidade para mim. Eu tenho um portal para cruzar, e eu vou! E dessa vez não vou esperar por outra dezena de anos

segunda-feira, maio 28, 2007

Dia de extremos

Acordei com uma chance real de mudar minha vida de uma maneira radical e irreversível. Só conseguia pensar no novo, no desconhecido, na minha nova vida!

As inevitáveis horas se passaram e o cenário foi mudando. A chance real foi ganhando ares de remota e os pensamentos da nova vida dando espaço para as mazelas atuais.

No fim do dia estava mergulhada no meu passado até o pescoço manuseando fragmentos da minha vida em meio a caixas, gavetas, armários, sacolas....

Acho que hoje sou uma mera sombra do que fui ontem, mas não posso ser nada amanhã sem acabar com tudo isso.


terça-feira, maio 22, 2007

Mensagem subliminar

O chão tremeu no centro da cidade. Foi notícia nas duas edições do RJTV. O abalo foi ocasionado por uma máquina que trabalha nas obras de um estacionamento no subsolo da praça ITÁLIA.

No Globo Esporte a matéria é com uma atiradora brasileira, chance de medalhas no PAM. Ela levou a arma para ser registra pelo exército porque vai embarcar para uma competição de tiro na ITÁLIA.

Um dos vilãozinhos de Paraiso Tropical está armando vários golpes na novela. No capitulo de hoje ele comprou um passaporte falso e revelou seus planos: depois de conseguir roubar os personagens do seu núcleo classe média muito alta vai embarcar para ITÁLIA.

Ma che cazzo faccio io?


terça-feira, abril 10, 2007

Ponte de lembranças

Dia desses eu atravessava a ponte sobre a linha férrea que divide meu bairro em dois. Nada demais se não fosse um trajeto com um quarto de século da minha vida. Não tenho noções de distâncias ou metragens em geral, mas o percurso de menos de cinco minutos é repleto de mini-flashbacks.

Lembro da primeira vez passando por ali sozinha e com as pernas trêmulas. Aquele misto de medo e excitação. Até hoje faço coisas assim quando vou a algum lugar movo pela primeira vez, fico repassando o trajeto na cabeça inúmeras vezes, leio o nome das ruas anotados (normalmente na palma da minha mão – sim, tenho o péssimo hábito de me rabiscar desde sempre) dezenas de vezes e sempre acho que estou perdida para sempre. É motivo de sobra para ficar com as pernas bambas.

Segurava a saia do uniforme da escola, sempre muito curta para subir a escada tão alta. Era por ali que eu passava com a turma do colégio todos os dias. Também foi ali que eu vi o menino mais bonito da escola pixar um muro e ganhar aquele ar de bad boy que só os caras do cinema tinham. E foi para lá que eu arrastei aquele menino lindo do cursinho que eu estava louca para beijar.

Hoje, enquanto passava por este mesmo lugar cheio de lembranças, reparei no sol quente, no céu azul e na data do calendário. Há 15 anos eu passei por ali num dia como esse. Eu voltava de uma manhã exaustiva de aulas intermináveis. Era um domingo e eu estudava todas as manhãs e as tardes descia aquelas mesmas escadas dizendo que não voltaria no próximo domingo, que não queria mais aquela vida. Só não consegui lembrar o que eu queria.

Tentei fazer um resgate. Queria saber se eu me realizei. Se nos últimos 15 anos eu cheguei onde planejava. Acho que não planejei direito ou simplesmente não planejei porque como há 15 anos eu penso a mesma coisa: não quero mais essa vida. Ainda estou buscando uma nova.


sexta-feira, abril 06, 2007

A cura

Estou mesmo curada!!!

Pode parecer loucura. Me sinto arrasada, triste, muito triste. Achei que nunca mais sentiria essa dor outra vez. Na verdade não lembrava mais como doía, o quanto doía. Mas enfim... estou ferida e me sinto bem. Voltei a sentir tudo com a mesma intensidade de antes.

Tô na merda, mas tô feliz.

quarta-feira, março 14, 2007

Como assim ele não me odeia?

Fiz uma cois abominável! Tudo bem, não tive culpe... sei lá. Não sabia de verdade o que estava acontecendo, mas eu fiz. Não importa!!!! Em outros tempos eu seria queimada na fogueira, apedrejada em praça pública, surrada, chicoteada. Mas ele não. Hoje ele decidiu que não me odeia.

Hoje parece que ele me ama mais que ontem, ou melhor, hoje parece que ele finalmente me ama.