terça-feira, janeiro 01, 2008

Sobre o fim

Fazia algum tempo que não se viam. Era boa a perspectiva do reencontro e era tanto o tempo que se sabiam que o termo “reencontro” nem era tão adequado. Outros intervalos já existiram na história comum, mas este tinha de fato uma cara diferente. A começar pelo entusiasmo. De fato era nenhum naquele momento. Mas nada fazia muito sentido, todos esses sentimentos vagavam pela mente e ao redor dos personagens.

E o diálogo finalmente começou e foi conduzido de maneira nunca antes vista. Perguntas escassas e evasivas disfarçavam uma real falta de interesse. Comentários infundados e sempre tão previsíveis foram deixando à mostra detalhes importantes, mas nunca tão em evidencia. Em pouquíssimas horas a realidade batia à porta: não havia mais porque, não havia mais querer.

A vontade de compartilhar se esvaiu em algum momento ao longos dos anos. Naquele momento não esperava absolutamente nada, nem mesmo os pareceres que sempre lhe fizeram ponderar sobre as mais diversas situações. Era tudo muito no sense. As palavras e idéias soavam todas emboloradas, putrefatas, nada era aproveitável. Bateu uma certa tristeza, mas não o suficiente para resgatar a vontade de lutar. A toalha foi ao chão.

Partiu e, num gesto raro, olhou para trás. A saudade existirá e será sustentada por um carinho legitimamente conquistado, mas o fim é notório. Agora tudo pertence a um outro nível. Melhor assim.

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