quarta-feira, fevereiro 25, 2004

Sem identificador de chamadas

Tem coisa mais inquietante do que um telefonema mudo? O telefone toca, você atende e do outro lado alguém apenas ouve sua voz por alguns segundos e desliga. Antes mesmo de colocar o fone de volta no gancho (acho que já não faz mais sentido este nome, nenhum telefone usa mais gancho para segurar seus fones) a angústia começa: quem será?

Se você levar isso para o lado sentimental vai acabar pirando. Pode ser aquele cara que te deu um pé na bunda, mas morre de arrependimento. O talzinho covardão não tem sequer coragem para pedir desculpas, quiçá balbuciar algumas palavras que denotem saudades de você. Aquele carinha que está muito afim de você conseguiu seu telefone e, mesmo ensaiando horas o que dizer, perde a voz quando você atende, pode estar tentando se comunicar. Ah, sim, você deu um fora nele que está inconformado? Vai te ligar inúmeras vezes só para ouvir sua voz dizendo "alô". Também pode ser que você tenha marcado a vida dele como a melhor namorada, a atual, que nunca chegará aos seus pés, acha seu telefone e liga, só para saber quem atende. Ainda nessa mesma linha de raciocínio, é possível imaginar que a namorada do cara que você está saindo achou seu número em algum lugar e ligou, só para saber se era de uma mulher.

Tá legal pode ser apenas um engano bobo, tipo: alguém ligando para a farmácia e você atende "oi". Ninguém diz "oi" num telefone de farmácia! Do outro lado só resta o enganado desligar sem nada dizer. Mas que graça tem pensar que é um mero engano?

As cyber-pessoas-ultra-antenas já estão rolando de rir e me chamando de estúpida. Para vocês eu digo: sim, eu conheço o identificador de chamadas, até tenho no meu celular, mas não na minha casa. A empresa de telefonia ainda cobra pelo serviço, além de cobrar pelo aparelhinho que mostra os números que ligam para você. Mas outra vez pergunto: que graça teria usar um desses? Não teria, por exemplo, assunto para postar aqui agora.

Nenhum comentário: