segunda-feira, fevereiro 16, 2004

Sobre a ansiedade

Ela o encontrou por aí, meio por acaso, do jeito que se encontram as pessoas, os casais, todos sutilmente.

Depois dos olhares e sorrisos, todo aquele jogo silencioso foi iniciado. Sob a regra implícita de não verbalizar, os sinais se sucederam lentamente.

Ações e reações se revezavam, muitos gestos e até algumas palavras (estranhamente quebrando as regras) podiam ser ouvidas. Mas todas despojadas de seus significados mais profundos. A leveza é a lei nesses momentos, e tudo acontece vagarosamente.

Sutilmente, lentamente, vagarosamente, ela tenta se concentrar no mundo ao seu redor e crescer diante de seu novo desafio: abandonar sua impulsividade infantil e aceitar o calculismo cauteloso do mundo adulto.

Para conseguir forças, fecha os olhos bem apertados para ver suas lembranças. Por vezes vasculha tudo em busca de um detalhe, um deslize, um motivo para desistir e voltar ao seu antigo caminho. Tentativas vãs. Tudo por ali lhe faz sorrir e abrir os olhos de volta a sua batalha.

Ela o encontrou. Sutis, silencioso, lentos, vagarosos, leves, cautelosos e calculados, assim são seus dias desde então.

"Crescer é sempre tão difícil"
Peter Pan

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